sábado, 28 de maio de 2011

A Teúda e Manteúda em apuros

O nosso país, apesar de seu tamanho territorial, de suas belezas naturais, ainda é muito pobre em lazer para as classes mais pobres.
Sobrando para as famílias que vivem com um salário mínimo, apenas os maltratados parques com seus brinquedos enferrujados, seus barquinhos destrambelhados, suas montanhas russas rangentes. E mais algumas outras bobeiras.
Apesar disso, exercem um grande fascínio nas famílias carentes, que pululam com seus rebentos de um brinquedo a outro, normalmente após o pagamento mensal.
É contagiante sentir a alegria dos pais com suas crias, comendo pipoca, quebra-queixo, chupando picolés gigantescos e chupe-chupe. E no ar, uma multidão de balões coloridos completam as alegorias.
Jumentinhos ajudam a compor o quadro, carregando no lombo os molecotes. O pai vai puxando a rédea, enquanto a mãe segura, ao lado, o seu tesouro.
Retratistas dos anos 60 escondem-se sob o manto negro de sua parafernália, para clicar os casaizinhos apaixonados.
De uma feita, fui mostrar, para uma prima do interior, o Parque Municipal de Belô. Assentamo-nos perto de um lago cheio de barquinhos de pedais e a remo.
Um casal com um garoto de 5 a 6 anos esperava impacientemente a sua vez. O responsável pelo barco, ancora-o bem pertinho da margem, para pegar sua carga.
O pai e o filho tomam o lado esquerdo do barco, não posso me esquecer de dizer que eram dois palitos na magreza. A mãe, teúda e manteúda, assenta-se no lado direito.
E lá vai o pobre do barquinho gemendo com sua carga, para o meio do lago, tendo o pai magricela nos remos.
E cada vez mais o lado da “lady” ficava mais rente à água, enquanto os dois gravetos eram suspensos no ar. Mas num dado momento a dona água não se fez de rogada e encheu o barco, levando o tesouro para o fundo.
Os dois salva-vidas pularam na água e pegaram as duas tripinhas (pai e filho) e os jogaram para fora do lago. Voltando para pegar a manteúda, que tentava manter a cabeça para fora da água.
Enquanto isso os espectadores dobraram em número e em gritos. E os dois rapazolas tentando tirar a “dona muié” de saia rodada. Mas era peso em demasia.
Então, três sarados rapazes conseguiram pegar as mãos da senhorinha, puxando-a para fora, com a ajuda dos salva-vidas que levantavam sua traseira.
Tudo teria terminado muito bem, se a maldita saia rodada, não lhe tivesse subido para a cabeça, deixando lhe as torneadas (até demais) coxas de fora. Ainda bem que uma calçola mantinha as partes pudicas escondida dos olhares cobiçosos.
Aí foi a apoteose. Gargalhada geral. Incluindo esta que vos conta tal peripécia.
Até hoje, ainda me espanto com essa capacidade que temos de não segurar o riso, em certos momentos constrangedores para o outro. Tenho a impressão de que regredimos na evolução humana. Hahahaha!
Lu Dias

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