segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Imoral e amoral

Ultimamente, “imoral” e “amoral” têm sido aplicados para designar um mesmo significado: aquele que não tem moral, ética.

É verdade, os dois termos referem-se à questão moral, no entanto, têm relações diferentes com ela.

Certa vez, Oscar Wilde disse “a arte não é moral nem imoral, mas amoral”! O que isso quer dizer? Vejamos por etapas e tendo por base o dicionário enciclopédico ilustrado Veja Larousse:

Primeiramente, o que é moral? É o que está “de acordo com os bons costumes e regras de conduta; conjunto de regras de conduta proposto por uma determinada doutrina ou inerente a uma determinada condição.”

No mesmo dicionário, moral também é classificada como o “conjunto dos princípios da honestidade e do pudor”. Daí este termo ser tão utilizado em âmbito social, principalmente no político!

Imoral é tudo aquilo que contraria o que foi exposto acima a respeito da moral. Quando há falta de pudor, quando algo induz ao pecado, à indecência, há falta de moral, ou seja, há imoralidade.

Amoral é a pessoa que não tem senso do que seja moral, ética. A questão moral para este indivíduo é desconhecida, estranha e, portanto, “não leva em consideração preceitos morais”. É o caso, por exemplo, dos índios no tempo do descobrimento ou de uma sociedade, como a chinesa, que não vê o fato de matar meninas, a fim de controlar a natalidade, como algo mórbido e triste.

Assim, o que Oscar Wilde quis dizer é que a arte não tem senso do que seja moral, por isso, para alguns, tudo o que é visto não causa assombro, está dentro dos costumes. Já para outros, dependendo do que se vê, é ultrajante, indecente!



Publicado por: Sabrina Vilarinho em Dúvidas de vocabulário

Ao encontro de X De encontro a

As expressões “ao encontro de” e “de encontro a” são diariamente faladas em jornais, revistas, artigos, em conversas telefônicas, e-mails, dentre outros. Contudo, só não são mais utilizadas pelas dúvidas constantes que geram no indivíduo: qual está correta? como empregá-las? qual o significado dessas expressões?

Para não haver mais imprecisão no uso das locuções em questão, devemos nos ater aos seus significados, mesmo porque possuem sentidos contrários. Vejamos:

Ao encontro de: tem significado de “estar de acordo com”, “em direção a”, “favorável a”, “para junto de”.

Exemplos: Meu novo trabalho veio ao encontro do que desejava. (Meu novo trabalho está de acordo com o que desejava.)Vamos ao encontro de nossa turma. (Vamos para junto de nossa turma)Essa lei vem ao encontro dos interesses da população. (Essa lei vem a favor, em direção aos interesses da população)

De encontro a: tem significado de “contra”, “em oposição a”, “para chocar-se com”.

Exemplos: Esta questão está indo de encontro aos interesses da empresa. (Esta questão está indo contra os interesses da empresa).A decisão tomada foi de encontro às reivindicações do sindicato. (A decisão tomada foi oposta às reivindicações do sindicato).O jovem dirigiu bêbado e foi de encontro à árvore. (O jovem dirigiu bêbado e chocou-se com a árvore).

Como podemos perceber, “ao encontro de” tem significado de concordância, de acordo, enquanto que “de encontro a” exprime significado de discordância, de divergência.Logo, quando for usar as expressões abordadas acima, observe antes se o que vai ser dito tem sentido desarmônico ou harmônico.



Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

Dar-se ao trabalho ou dar-se o trabalho?

“Prezado Sérgio, está certo dizer que alguém ‘deu-se AO trabalho’ de fazer alguma coisa? Encontro muito essa frase por aí, tanto escrita como falada, mas acho que seria mais correto dizer que a pessoa “deu-se O trabalho”, isto é, atribuiu o trabalho a si mesma, portanto sem preposição. O que você acha?” (Fernando F. Carneiro)
As duas construções que motivaram a consulta de Fernando são consideradas gramaticalmente corretas.
Isso significa dizer que estamos diante de um caso raro, mas sempre bem-vindo, de “tanto faz”.

Mesmo assim é preciso registrar que a primeira forma, “dar-se ao trabalho”, é considerada preferível por muitos estudiosos, por ser clássica.
A segunda, “dar-se o trabalho”, teria “cunho francês” e seria apenas “aceitável”, nas palavras do gramático Domingos Paschoal Cegalla.
De fato, a construção com preposição encontra muito mais abonações entre os bons autores.
“Nunca me dei ao trabalho de sabê-lo”, frase do cronista Paulo Mendes Campos, é um dos exemplos citados por Cegalla.
Note-se que, embora terminem por dar exatamente o mesmo recado, “dar-se ao trabalho” e “dar-se o trabalho” o fazem por caminhos sintáticos diferentes.
Quem se dá ao trabalho de fazer algo se entrega a ele, se joga nele – o pronome é objeto direto e o substantivo trabalho, objeto indireto.
Já quem se dá o trabalho atribui uma tarefa a si mesmo, como interpreta corretamente Fernando – neste caso o pronome é que é o objeto indireto, cabendo ao substantivo o papel de objeto direto.
Tudo o que foi dito acima se aplica também a expressões como “dar-se ao/o luxo”, “dar-se ao/o incômodo” e “dar-se ao/o respeito”.

Sérgio Rodrigues

6 fatos sobre depressão que todo mundo precisa saber

São Paulo – A depressão fez mais uma vítima nesta semana. De acordo com a polícia da Califórnia, tudo indica que o ator Robin Williams tenha se suicidado por asfixia, na última segunda-feira, aos 63 anos. O vencedor do Oscar por “Gênio Indomável” e artista consagrado por filmes como “Sociedade dos Poetas Mortos” e “Patch Adams - O Amor é Contagioso” lutava contra a depressão e o vício em cocaína e álcool.

A notícia pegou o mundo inteiro de surpresa e levantou a importante questão que gira em torno dessa doença. Se não for tratada a tempo, ela pode ter um desfecho tão triste quanto o de Williams ou do humorista Fausto Fanti, que, no final de julho, também tirou a própria vida, possivelmente, em decorrência do sofrimento psíquico.
Na opinião do médico Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, políticas públicas voltadas para esse problema e um tratamento da mídia sem tabus poderiam ajudar a evitar consequências graves.
“Ao contrário do que se pensa, as pessoas não vão se matar se a mídia falar mais sobre o suicídio. O importante é a orientação sobre isso. Deve-se falar disso para prevenir”, afirma. Todos os anos, a ABP realiza uma caminhada no dia 10 de setembro para lembrar o “dia mundial da prevenção ao suicídio” e, nos locais em que acontece esse tipo de ação, segundo ele, a incidência tem parecido menor.
O psiquiatra diz que, em cada 100 pessoas com depressão grave, 15 cometem suicídio. O número é preocupante, mas pode ser revertido se preconceitos forem combatidos e informações forem divulgadas.
A seguir, você confere fatos que todo mundo deveria saber para lidar melhor com o problema.

Depressão é uma doença, não “frescura”
Uma das principais dificuldades enfrentadas por quem sofre de depressão é entender e fazer com que os outros entendam que ela não é “frescura”, mas uma doença, como hipertensão ou diabetes.
Isso significa que precisa ser tratada por um psiquiatra, capaz de orientar e, se necessário, medicar adequadamente o paciente. A psicoterapia em conjunto pode ser muito útil, mas o tratamento médico é essencial.
Preconceito só atrapalha a cura
“Psiquiatra é médico de louco e eu não estou doido”. Esta frase, lembrada por Silva, resume boa parte do preconceito que ainda existe em torno da depressão, dos transtornos mentais e até mesmo dessa especialidade da medicina. Por vergonha ou medo de que conhecidos fiquem sabendo, pacientes evitam procurar ajuda ou perdem um apoio importante dos entes queridos.
Com um amigo deprimido, não adianta só conversar
Outro efeito nocivo do tabu é a desconsideração da gravidade do quadro. Muita gente acredita, por exemplo, que basta conversar com a pessoa deprimida para resolver o problema. Nada mais ilusório.
É claro que o apoio, o consolo e a compreensão são estritamente necessários, mas frases como “Calma, vai passar” ou “Deixa isso para lá” não acrescentam e, dependendo da situação, podem ser prejudiciais. Se o paciente estiver com ideias suicidas, por exemplo, a melhor forma de ajudar é incentivá-lo a ir ao médico.
E falar coisas como “Poxa, mas você não está nem tentando ficar feliz” ou “Você poderia se esforçar mais para melhorar” é, na opinião do médico, maldade. “Isso é a mesma coisa que, se você usa óculos, alguém pedir para que tire as lentes e ordenar que enxergue tudo sem elas”, afirma o psiquiatra.
Os sintomas podem ser físicos e psíquicos
A tristeza e o desânimo podem ser sintomas da depressão, mas não são os únicos. De acordo com Antônio Geraldo da Silva, é possível haver sinais físicos, como perda ou ganho de peso, dores inexplicáveis no corpo e insônia ou sonolência em excesso.
Entre os sintomas psíquicos estão: desânimo intenso, cansaço, apatia, falta de vontade de fazer suas tarefas, falta de prazer, de alegria, choro fácil, temperamento explosivo, irritabilidade.
O diagnóstico, claro, precisa ser feito pelo médico, já que a chamada “síndrome depressiva” tem sintomas que podem ser confundidos com outras enfermidades, como o hipotireoidismo ou o hipertireoidismo.
Qualquer pessoa pode ter depressão
Assim como grande parte das outras doenças, a depressão não “escolhe” alvos específicos. Segundo o psiquiatra, homens e mulheres, crianças, adultos e idosos podem ser acometidos pelo mal.
Esse fato vai de encontro com outro preconceito muito comum: o que diz que “pessoas bem-sucedidas ou ricas não deveriam ficar deprimidas”. Por esse raciocínio, quem não tem motivos aparentes para sofrer deveria ser imune.
A realidade, no entanto, é mais complexa. Há pessoas que têm mais propensão à doença devido à genética. Há outras que podem sofrer com o problema devido a suas condições de vida e o ambiente em que convivem.
De acordo com o médico, fatores como o uso de álcool e drogas, uma rotina muito estressante e noites sem dormir podem aumentar a incidência da enfermidade.
Depressão é uma das principais causas de afastamento do trabalho
Apesar de todo estigma existente em torno da depressão, ela é uma das principais doenças que acometem a humanidade atualmente. Dados de 2013 divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que mais de 350 milhões de pessoas no planeta têm depressão – o que representa 5% da população mundial.
De acordo com estudo publicado na revista científica PLOS Medicine, no ano passado, ela é a segunda maior causa de invalidez, no mundo, ficando atrás apenas das dores nas costas.
Antônio Geraldo da Silva estima que 20% das pessoas já tiveram, têm ou ainda terão a doença ao longo da vida. Por isso, ele ressalta a importância de falar mais sobre o tema, dentro das empresas, na família, nos governos e na sociedade como um todo.


Morte

Pedro Bial
Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos. Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena.
Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e perplexidade, que é mesmo o que a morte causa em todos os que ficam. A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta.
Morrer é ridículo. Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? Não sei de onde tiraram esta ideia: morrer. A troco?
Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente.
De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu tênis. Qual é? Morrer é um clichê. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã.
Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Não se faz. Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.

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