quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Silêncio

Il s'en plaignit, il en parla:
J'en connais de plus misérables!
JOB, Benserade.

Cala. Qualquer que seja esse tormento
que te lacera o coração transido,
guarda-o dentro de ti, sem um gemido,
sem um gemido, sem um só lamento!

Por mais que doa e sangre o ferimento,
não mostres a ninguém, compadecido,

a tua dor, o teu amor traído:
não prostituas o teu sofrimento!

Pranto ou Palavra - em nada disso cabe
todo o amargor de um coração enfermo
profundamente vilipendiado.

Nada é tão nobre como ver quem sabe,
trancado dentro de uma dor sem termo,
mágoas terríveis suportar calado!

(Últimos versos, in Poesias, 1904.)

(Poesias, 1962.)

Medeiros e Albuquerque

O Tempo...

Adormecida em seu féretro lúgubre
Ela não padece porque seu sono
É velado pela noite obscura.
Seu tempo sob o mundo está se esvaindo como o pulsar de um coração enfermo!
O desalento tomou conta de sua alma
Porque encontra-se perdida e sem rumo
Através dos séculos e séculos...
Seu tempo sob o mundo está se esvaindo como o pulsar de um coração enfermo!
Seus olhos estão cristalizados
Pelas lágrimas de sangue que vertem
Quando o sol aparece no horizonte.
Seu tempo sob o mundo está se esvaindo como o pulsar de um coração enfermo!
Seu coração permanece dilacerado
Pelos punhais vis que o machucam
Tornando-o clausurado e indecifrável.
Seu tempo sob o mundo está se esvaindo como o pulsar de um coração enfermo!
Seu corpo está frio e pálido
Pelos ventos que sopram fortemente
Fazendo-o desfalecer lentamente.
Seu tempo sob o mundo está se esvaindo como o pulsar de um coração enfermo!
Sua alma negra clama por compaixão
Para que ela obtenha o acalento
Mesmo que momentâneo...
Seu tempo sob o mundo está se esvaindo como o pulsar de um coração enfermo!
No entanto, as rosas brancas exalam seu perfume
Que podem ser sentidos por toda a necrópole
Sussurrando que ela adormece sozinha em seu mausoléu.
Seu tempo sob o mundo está se esvaindo como o pulsar de um coração enfermo!

Morticia da noite

domingo, 21 de fevereiro de 2010



"Não tenho a menor idéia de quem inventou ou de quando foi inventado.
Mas vamos combinar que o tal do beijo na boca é uma das melhores invenções da humanidade.
Se existe algum povo, alguma cultura, que não adota esse tipo de beijo, garanto que esse lugar deve ser muito chato....
Porque o beijo na boca é a manifestação mais intensa da paixão...
Arrisco até a dizer que às vezes é mais importante do que o sexo.
Toda relação começa com um beijo na boca. E quando ele desaparece no dia-a-dia dos casais, é porque algo vai mal.
Quem nunca se apaixonou por causa de um beijo daqueles?
Existem bocas que se encaixam perfeitamente. Bocas nascidas uma para a outra, que se comunicam com facilidade e se tornam cúmplices.
Beijo bom é aquele que faz a gente sair do chão, faz o coração bater acelerado e o corpo todo tremer.
Beijo bom é aquele que faz a gente pensar em mil coisas e, ao mesmo tempo, não pensar em nada.
Beijo bom é aquele que faz o tempo correr ou... parar de vez.
Beijar na boca faz bem à saúde, à alma, ao corpo e ao coração.
Beijar de olhos fechados faz a gente sonhar. Beijar de olhos abertos faz a gente acreditar.
Beijo quente...
Beijo molhado...
Beijo tranquilo...
Beijo apressado...
Beijo na boca pode ser de todo jeito, mas tem que vir carregado de paixão.
Beijar no escuro, beijar na rua, beijar escondido, beijar roubado...
Beijo na boca nos faz sentir vivos, saudáveis... e até imortais.
Eu não sei se existe o dia do beijo na boca. Se não existe, vamos fingir que é hoje.
Vai lá... surpreenda quem você ama.
Aí você vai dizer: "ah, mas eu tô sozinha...".
Mais uma razão pra comemorar: a gente só descobre o amor, beijando..!"

(Texto de Lena Gino)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Nem sempre o Amor que queremos, é o que temos


Você, que pensou ter encontrado o seu amor...
Eu sei, você até acreditou nisso, mesmo sabendo que lá no fundo não era a pessoa certa. Mas a vontade de liberdade, de poder ser dono de sua vida, o fato de não aguentar mais nenhuma cobrança o levou para outra prisão, que o fez sentir saudades do seu antigo quarto, de sua antiga cama e daquele almoço quentinho sempre na hora certa(casa da mamãe).
Pois é, em troca dessa falsa liberdade, quanta noite em claro você não amargou, sozinho em uma cama de casal? Quantas noites você não teve que dormir no sofá da sala, tendo que trabalhar no dia seguinte, com aquela tremenda dor nas costas?
Quanto desrespeito você não tem ou teve que ouvir e engolir em nome de uma família? E agora ficou difícil de lutar contra...
Pois é, quando passamos a morar debaixo de um mesmo teto as coisas mudam, as nossas diferenças aparecem, afloram as incompatibilidades. Passamos a não mais suportar as roupas fora de lugar - da mesma maneira que nossas mães não suportavam - a toalha molhada em cima da cama ou nossas coisas espalhadas pelo chão da sala.
Começamos a detestar os amigos do nosso marido ou não suportamos as futilidades e chatices das amigas da nossa mulher. Enfim, começamos a nos entrincheirar para a nossa batalha dentro da nossa própria casa. Cada um demarcando seu território. Nós, com o controle remoto da televisão e, elas, com o mouse do computador (ou vice-versa) e as diferenças, as incompatibilidades vão aumentando a cada dia, a cada ano.
Levamos anos para conhecer um pouco uma pessoa e dias para sabermos o que nos desagrada nela. Por isso, cuidado para não se iludir, para não construir um castelo de areia.
Aquele carinho e amor que lhe prometeram não duraram o tanto que você achou que duraria. O seu companheiro tornou-se um parente próximo daqueles que costumamos conviver no dia-a-dia e já nos habituamos tanto com ele, que não notamos o tamanho da nossa trincheira e o quanto nos tornamos distantes. Acaba-se o encanto e o sonho...
Vejam, não estou aqui querendo de maneira alguma ser pessimista; em se tratando de amor existem sempre controvérsias. Claro que há pessoas felizes com o seu amor e desejam ficar velhinhas de mãos dadas com seu companheiro.
Mas o amor não é se atirar de cabeça, nem escada para uma liberdade que às vezes pensamos não ter. O amor não é trampolim para pularmos de lá pra cá com o risco de nos estatelar no vazio da nossa alma. Lamento profundamente desapontá-los...
Isso é paixão, é maravilhoso! É um tesão, mas acaba...
O amor é construído sem pressa, faz eco dentro da nossa alma; o amor nos faz crescer pois não existe coadjuvante; os dois são protagonistas.
O amor não compete, não desrespeita, não desconfia.
O amor preocupa-se, investe, promete e cumpre. O amor não bate, não ofende, não quer ganhar; o amor dá e recebe.
Tome muito cuidado para não confundir e não usar ninguém como trampolim para os seus sonhos de liberdade. Você poderá acabar em uma prisão de segurança máxima sem direito a visitas. A vida é curta e, provavelmente, não lhe restará tempo para amar de verdade.

Parte da Mensagem de Nelson Sganzerla .