quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Princípio do Vazio – Joseph Newton

“Tens o hábito de juntar objetos inúteis acreditando que um dia (não sabes quando) vais necessitar deles?
Tens o hábito de juntar dinheiro sem gastá-lo, pois imaginas que ele poderá faltar no futuro?
Tens o hábito de guardar roupas, sapatos, móveis, utensílios domésticos e outras coisas que já não usas há muito tempo?
E dentro de ti?…Tens o hábito de guardar raivas, ressentimentos, tristezas, medos e outros sentimentos negativos?
Não faças isso! Vai contra a tua prosperidade! É  preciso deixar um espaço, um vazio para que novas coisas cheguem à tua vida.
É  preciso se desfazer do inútil que há em ti e em tua vida para que a prosperidade possa acontecer.
A força deste vazio é que atrairá e absorverá tudo o que desejas.
Se acumulares objetos e sentimentos velhos e inúteis não terás espaço para novas oportunidades.
Os bens necessitam circular. Limpe as gavetas, os armários, o depósito, a garagem. A mente.
Doe tudo aquilo que já não usas.A atitude de guardar um monte de coisas inúteis só acorrenta a tua vida.
Não são só os objetos guardados que paralisam a tua vida. Eis o significado da atitude de guardar: quando se guarda, se considera a possibilidade de falta, de carência.
Acredita-se que, amanhã, poderá faltar e que não haverá maneira de suprir as necessidades.
Com esse pensamento,estás enviando duas mensagens ao teu cérebro e à tua vida: A de que não confias no amanhã; e que o novo e o melhor NÃO são para ti.
Por isso te alegras guardando coisas velhas e inúteis! Até o que já perdeu a cor e o brilho…
Deixa entrar o novo em tua casa. E  dentro de ti.
Por isso, depois de ler esta mensagem,não a guardes…
Faze-a circular, para que a prosperidade e a paz cheguem a ti e a teus  amigos.

Bete diz: que em 2011 coisas novas entrem em nossas vidas e em nossas mentes e que lembremos que se alguém está em Cristo, as coisas velhas já passaram, tudo novo se fez. Jesus disse que não devemos deixar que o Sol se ponha sobre a nossa ira, imagine deixar a ira passar de um ano para outro! Mais uma vez peço perdão a todos que de alguma forma fiz algum mal e repito que já perdoei a todos que algum mal me fizeram. Não por bondade, mas por interesse próprio porque já diz o Pai Nosso: Perdoa as nossas dívidas (ou ofensas) ASSIM COMO nós perdoamos...... percebem que uma coisa leva à outra? Receber perdão é proporcional ao ato de liberar perdão. É bronca, kkkkk. Dura lex, sed lex! 
Feliz ano novo a todos!!! Estou muito feliz com tudo que Papai do céu tem feito por mim!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Todo ano é a mesma coisa...

E quando não for natal?
23 de dezembro, antevéspera do natal
Mas... e quando não for natal? Será que algum vento desavisado ainda trará canções alegres, dessas que fazem gente grande "meninar" e rir à toa?Será que as crianças abandonadas serão lembradas por alguma alma que esqueceu que o natal passou, mas não passou a solidariedade? Será que os velhos nos asilos ainda manterão as esperanças das visitas que não vieram, dos abraços que não receberam, dos risos que não riram? E quando não for natal...Será que as pessoas continuarão abertas para o perdão, generosas nos julgamentos e aliadas em campanhas de solidariedades? Será que as casas serão iluminadas pelas luzes invisíveis do amor e as crianças manterão suas crenças no bom velhinho? E quando não for natal...Será que a estrela de Belém apagará o seu brilho e a humanidade não mais encontrará o caminho que leva a Jesus? Será que a árvore e os enfeites natalinos voltarão ao maleiro e deixarão de viver por mais onze meses?Então, quando não for natal...Que a criança renasça todos os dias em todos os corações, e que seja livre para alcançar estrelas num salto... Que o Deus menino continue a sorrir na lapinha dos nossos corações e a amizade seja elo de uma corrente que sentimento algum faça romper...Que a magia do natal seja eterna, para fazer de cada dia, um dia tão especial que nossos espíritos se encontrem, no amor, na vida e muito mais... Feliz natal!

Publicado pela primeira vez aqui em 23-12-2008

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A lição do perdão (Leiam,todos,por favor)

"O que você faria se, de repente, por uma circunstância qualquer, tivesse nas suas mãos a possibilidade de decidir a respeito do destino de uma pessoa que muito lhe prejudicou?

Alguém que estendeu o manto da calúnia e destruiu o seu bom nome perante os amigos? Alguém que usurpou, com métodos desonestos, a sua empresa, fruto de seu labor de tantos anos?

Alguém que tenha ferido brutalmente a um membro da sua família?

Será que você lembraria da lição do perdão, ensinada por Jesus? Será que acudiriam à sua mente as palavras do mestre Galileu: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia?

A propósito, conta-se que um escravo tornou-se de grande valor para o seu senhor, por causa da sua honradez e bom comportamento.Dessa forma, seu senhor o elevou a uma posição de importância, na qualidade de administrador de suas fazendas.
Numa ocasião, o senhor desejou comprar mais vinte escravos e mandou que o novo administrador os escolhesse. Disse, contudo, que queria os mais fortes e os que trabalhassem melhor. O escravo foi ao mercado e começou a sua busca. Em certo momento, fixou a vista num velho e decrépito escravo. Apontando-o para o seu senhor, disse-lhe que aquele devia ser um dos escolhidos. O fazendeiro ficou surpreendido com a escolha e não queria concordar. O negociante de escravos acabou por dizer que se o fazendeiro comprasse vinte homens, ele daria o velho de graça. Feita a compra, os escravos foram levados para a fazenda do seu novo senhor. O escravo administrador passou a tratar o velho com maior cuidado e atenção do que a qualquer dos outros. Levou-o para sua casa. Dava-lhe da sua comida. Quando tinha frio, levava-o para o sol. Quando tinha calor, colocava-o debaixo das árvores de cacau, à sombra. Admirado das atenções que o seu antigo escravo dispensava a um outro escravo, seu senhor lhe perguntou por que fazia aquilo. Decerto deveria ter algum motivo especial: É seu parente, talvez seu pai? A resposta foi negativa. É então seu irmão mais velho? Também não, respondeu o escravo. Então é seu tio ou outro parente. Não tenho parentesco algum com ele. Nem mesmo é meu amigo. Então, perguntou o fazendeiro, por que motivo tem tanto interesse por ele?Ele é meu inimigo, senhor. Vendeu-me a um negociante e foi assim que me tornei escravo. Mas eu aprendi nos ensinamentos de Jesus, que devemos perdoar os nossos inimigos. Esta é a minha oportunidade de exercitar meu aprendizado.

O perdão acalma e abençoa o seu doador.

Maior é a felicidade de quem expressa o perdão. O perdoado é alguém em processo de recuperação. Quando se entenda que perdoar é conquistar enobrecimento, o homem se fará forte pelas concessões de amor e compreensão que seja capaz de distribuir."

Desconheço a autoria

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Profissão Professor


Com muita tristeza vi mais um programa mostrando o "sucateamento" da minha tão difícil profissão! Dessa vez o Profissão Repórter, com o competente Caco Barcelos, único repórter com coragem para subir o morro, segundo Caio Fábio. Professores esgotados, desrespeitados, agredidos de todas as formas.  Uma profissão tão importante, fundamental para todos, mas sofreu ao longo do tempo uma incrível desvalorização por parte de praticamente todos os segmentos da sociedade. Alguns professores abandonam de vez a sala de aula. Alunos insatisfeitos, desinteressados, uma escola realmente sem atrativos para que queiram trocar a rua por ela.É preciso que alguém  tome uma posição definitiva e corajosa promovendo uma ampla reforma na metodologia, no currículo escolar, nas instalações físicas, na formação e no salário dos professores. É uma profissão ameaçada de extinção. As licenciaturas estão em baixa. O Jornal da Globo trouxe mais uma lamentável e deprimente notícia de violência contra os mestres. Um aluno, de Universidade particular, esfaqueia mortalmente seu professor, por ter sido reprovado por ele. Que país é esse? O diálogo foi trocado por revólver, faca, pedra, delegacia... Meu grande sonho é "dar adeus" à Educação e "queimar as cadernetas".
Aguardem e confiem!!! Shalom!Paix!!Peace!!
Bete Meira

domingo, 5 de dezembro de 2010

Variação e mudança

Sírio Possenti

De Campinas (SP)
A maioria absoluta dos brasileiros - talvez não só os brasileiros - alfabetizados ou letrados tem uma idéia completamente equivocada do que seja uma língua. Para eles, língua é a que a escola ensina, ou o que está nos manuais do tipo "não erre mais". O resto é erro. Todos consideram que as variantes são erros.
Ocorre que o que a escola ensina também é mais ou menos variado. E depende muito também do desempenho linguístico dos professores. Como eles são membros da sociedade, são afetados pelas mudanças que a língua sofre com o correr do tempo, de forma que seu "português" é, de alguma forma, o português de seu tempo. O que não é necessariamente ruim.
Isto quer dizer que o português que os professores falam e mesmo o que escrevem não é necessariamente o português dos livros adotados nas escolas. O que vale para professores de português vale também para os das outras disciplinas, claro. E vale também para os jornalistas e para as personalidades que eles entrevistam, tenham elas a formação que tiverem (em geral, são especialistas em alguma coisa, sempre especialistas). É só ouvir os debates ou os programas de entrevistas para verificar isso.
Dou dois exemplos banais. Duvido que haja 10% de professores ou falantes letrados que profiram o dito futuro (aplicarei minha poupança em ações da empresa X). Todos dizem "vou aplicar". Outro exemplo? Quase ninguém diz "nós". Diz-se "a gente". Como pouco se diz "tu", exceto em algumas regiões, a conjugação verbal do futuro é
Eu vou aplicar
Você vai aplicar
Ele/ela vai aplicar
A gente vai aplicar
Vocês vão aplicar
Eles/elas vão aplicar.
Ou não é? Quem não fala assim que atire a primeira pedra. Não vou dizer (!!) que todos falam sempre assim porque sei que uma língua sempre apresenta variação. Alguns entrevistados, ou jornalistas, dirão (!!), talvez, de vez em quando, no meio da conversa, "falaremos disso na próxima entrevista", claro, sendo mais formais. Em compensação, alguns também dirão "vamo falá disso na próxima veiz", sendo bem mais informais. E ninguém nota que falou errado durante a entrevista. Por que? Porque ninguém fala errado mesmo! Isso não é erro. Esse é o português falado culto do Brasil hoje. É um fato. Só isso.
Numa certa ocasião, fui entrevistado por uma emissora de TV (eu no estúdio e um folclorista em outra cidade). Argumentava que a linguagem popular não tinha nada de errado, era só diferente, e era enfrentado pela apresentadora que "defendia nossa língua". Para dobrá-la, só me restou um recurso: ficar atento ao que ela dizia e citar os "erros" que ela ia cometendo, segundo os próprios critérios dela. Ficou meio sem jeito, e eu tive que insistir que ela falava corretamente... o português real (e que aquele que ela defendia não existe mais, pelo menos na fala).
O que muita gente não entende - ou não quer entender, porque significaria perder uma boa teta! - é que a variação tem tudo a ver com a mudança. Todos acham normal que aquila tenha derivado para águia, que asinus tenha derivado para asno (tem muita coisa mudada aí, mas o básico é que a palavra latina proparoxítona se torna paroxítona), mas acha ridículas formas como fosfro (parafósforo), corgo (para córrego), xicra e chacra (para xícara e chácara), embora a regra antiga que explica a mudança e a atual que explica a variação sejam a rigor a mesma (os falantes seguem regras, não erram!!!), sem contar que dizem, numa boa, sem se dar conta do que fazem, xicrinha e chacrinha. Quá!
Variação tem tudo a ver com mudança. Mas, se entendêssemos isso, muita gente perderia uma grana preta!!
***
Pode até ser que o preconceito racial diminua com o tempo ou que venha a se manifestar de forma diferente, menos agressiva, mais "cordial" (como sugere o caderno especial da Folha de 23/11/2008). Mas o preconceito linguístico está mais firme do que nunca (mais ou menos sutil): Fernando de Barros e Silva escreveu na Folha (24/11/2008) que o "pobrema" é mais embaixo. Por que uma forma lingüística popular representa um problema mais embaixo? É lá embaixo que está o povo? E o colunista diz isso logo em uma época em que ficou claro que o problema é bem mais em cima!!
A FSP, aliás, é useira e vezeira em referir-se a autoridades menos letradas como "otoridade" e a políticos nordestinos como aqueles que exercem o "pudê". Não se dá conta do que há nisso de preconceito? E de burrice?

AUTOR DISCUTE O CERTO E O ERRADO DA LÍNGUA FALADA

Jornal do Commercio, 
Recife, 29 de outubro de 1998.
Marcos Bagno, mineiro de Cataguases, que já morou no Recife e atualmente está radicado em São Paulo, lança hoje, às 9h30, no auditório do Centro de Artes e Comunicação da UFPE, o livro A Língua de Eulália, uma novela sociolinguística publicada pela Editora Contexto. Bagno iniciou sua carreira como escritor em 1988 ao receber o IV Prêmio Bienal Nestlé de Literatura pelo livro de contos A Invenção das Horas (Editora Scipione). Vieram, em seguida, outros livros, a maioria deles dedicados ao público infanto juvenil - um total de 20 títulos. O autor foi detentor também de outros prêmios representativos como o João de Barro (literatura infantil, 1988), Cidade do Recife (poesia, 1988), Cidade de Belo Horizonte (contos, 1988), Estado do Paraná (contos, 1989) e Carlos Drummond de Andrade (poesia, 1989). Nessa entrevista, Marcos Bagno fala seu novo trabalho, um livro que vem provocando boas discussões sobre o que é "falar certo e falar errado".
Que tipo de livro é A Língua de Eulália?
Bagno - É um livro sobre alguns problemas de ensino da língua portuguesa, e principalmente um livro sobre o preconceito linguístico que impera na nossa sociedade contra as pessoas que falam uma língua diferente da ensinada nas escolas. Para tornar a leitura mais agradável e fácil para não-especialistas, decidi abordar esses temas na forma de uma narrativa romanceada, com peripécias de enredo e personagens dinâmicos, que falam muito o tempo todo.

Daí o subtítulo novela sociolinguística?

Bagno 
- Exatamente. Novela porque conta uma história, e sociolinguística porque trata de questões que têm a ver com a relação entre a língua que a gente fala e a organização da sociedade em que a gente vive.

Em que consiste o preconceito linguístico que você citou há pouco?

Bagno 
- O preconceito linguístico é um conjunto de ideias distorcidas que se baseia no mito de que só existe uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, prescrita nas gramáticas e compendiada nos dicionários. Qualquer manifestação linguística que escape desse domínio escolar-normativo é considerada, pelo preconceito linguístico, errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente, e não é raro a gente ouvir que "isso não é português".

O livro fala o tempo todo em "português padrão" e "português não-padrão". Como você explica estes conceitos?

Bagno 
- O português padrão é a língua falada pelas pessoas que detêm o poder político e econômico e estão nas classes sociais mais privilegiadas, que nós sabemos que são uma pequena minoria na população do Brasil, país que detém o triste recorde mundial de pior distribuição da riqueza nacional entre as camadas sociais.
E quem fala o português não-padrão?

Bagno
 
- O português não-padrão é a língua da grande maioria pobre e dos analfabetos do nosso povo. É também, conseqüentemente, a língua das crianças pobres e carentes que freqüentam as escolas públicas. Por ser utilizado por pessoas de classes sociais desprestigiadas, marginalizadas e oprimidas pela terrível injustiça social que impera no Brasil, o português não-padrão é vítima dos mesmos preconceitos que pesam sobre essas pessoas. Ele é considerado "feio", "deficiente", "errado", "rude", "tosco", "estropiado", idéias que resultam da simples ignorância dos mecanismos que governam a língua não-padrão.
E isso é grave para a educação?

Bagno 
- Gravíssimo. Esses preconceitos fazem com que a criança que chega à escola falando o português não-padrão seja considerada uma "deficiente" linguística, quando na verdade ela simplesmente fala uma língua diferente daquela que é ensinada na escola.

Isso explicaria por que tantas crianças pobres acabam abandonando a escola?

Bagno 
- Em parte, sim, junto com os fatores econômicos que as obrigam a trabalhar muito cedo para ganhar a vida, impedindo-as de continuar na escola por serem desprezadas, por não terem seus direitos lingüísticos reconhecidos como tais, por serem obrigadas a assimilar conceitos veiculados numa variedade de português que é estranha para elas, essas crianças não encontram nenhum estímulo para prosseguir seus estudos.

Tudo por causa do mito da língua única?

Bagno 
- Sim. A escola não reconhece a existência de uma multiplicidade de variedades de português e tenta importar a variedade padrão sem procurar saber em que medida ela é, na prática, uma "língua estrangeira" para muitos alunos. Imagine que você não sabe nadar e matricula-se num curso de natação. Na primeira aula, você e todos os outros alunos são jogados, sem boia, no lado fundo da piscina. Aqueles que já souberem nadar conseguirão se salvar e prosseguirão no curso. Os que não souberem, terão que se debater até chegar à beira da piscina e serão mandados embora. Outros, quem sabe, até morrerão afogados. É um método de ensino completamente absurdo! Mas é assim que acontece na escola. Nosso sistema educacional valoriza aquelas crianças que já chegam à escola trazendo na sua bagagem linguística o português padrão, e expulsa as que não o trazem. Isso é uma grande injustiça, porque é exatamente esse português padrão que deveria ser ensinado na escola, porque ele dá acesso aos mecanismos de ascensão social. A escola cobra na entrada o que ela mesma deveria dar na saída.

Quer dizer que as pessoas não escolarizadas falam um português "diferente" e não um português "errado"?

Bagno 
- Exato. Com base no conhecimento das diferenças que existem entre as duas variedades de português talvez pudéssemos perceber melhor as dificuldades que surgem para o aluno que tem de aprender a variedade padrão. Poderíamos também, quem sabe, traçar novas estratégias de ensino, fugir da tradicional, que é autoritária e intolerante para com o que é diferente. Se todos compreendessem que o português não-padrão é uma língua como qualquer outra, com regras coerentes com uma lógica linguística perfeitamente demonstrável, talvez fosse possível abandonar os preconceitos que vigoram hoje em dia no nosso ensino de língua materna.

Então é possível escrever uma "gramática do português não-padrão", do mesmo modo como existem as gramáticas do português padrão?

Bagno 
- É perfeitamente possível.

O seu livro é essa gramática?

Bagno 
- Não, nem de longe. Uma gramática do português não-padrão é um trabalho para muitos e muitos anos, e para toda uma equipe de cientistas da linguagem. Minha intenção com A Língua de Eulália é mais modesta. Quero apenas contribuir para que o português não-padrão deixe de ser visto como uma língua "errada" falada por pessoas intelectualmente "inferiores" e passe a ser encarado como aquilo que ele realmente é: uma língua bem organizada, coerente e funcional.

Você quer que a escola pare de ensinar o português padrão?

Bagno 
- De modo nenhum! Em hipótese alguma eu reivindicaria a substituição da norma padrão pela norma não-padrão como objeto de ensino. A existência de uma variedade padrão é desejável e necessária para que exista um meio de expressão comum a todas as pessoas cultas de um país. O que eu reivindico, isso sim, é que ela não seja ensinada como a única variedade existente, mas como outra variedade, mais uma que a pessoa poderá usar, enriquecendo assim sua bagagem linguística.

Que tipo de diferenças entre o português padrão e o não-padrão você aborda no livro?

Bagno 
- Por exemplo, eu explico que a transformação de L em R nos encontros consonantais - como em Cráudia, chicrete, grobo, pranta - não é um "defeito de fala" nem tampouco um traço de "atraso mental" dos falantes do português não-padrão, mas simplesmente um fenômeno fonético que contribuiu para a formação da própria língua portuguesa padrão. As pessoas que dizem Cráudia, grobo, chicrete, pranta estão apenas dando livre curso à mesma tendência fonética que fez, por exemplo, com que o latim fluxu desse em português frouxo, com um R bem nítido, que plaga desse praga, que sclavu desse escravo, que blandu desse brando, que flaccu desse fraco, que gluten desse grude, que o germânico blank desse em português branco, que o provençal plata desse em português prata, entre tantos outros exemplo. Se fôssemos pensar que as pessoas que dizem Cráudia, chicrete e pranta têm algum "defeito de fala", seríamos forçados a admitir que toda a população da província romana da Lusitânia também tinha esse mesmo defeito na época em que a língua portuguesa estava se formando com base no latim vulgar. E que Camões também sofria desse mesmo mal, já que ele escreveu ingrês, pubricar, pranta, frauta, frecha na obra que é considerada o maior monumento do português literário clássico, o poema Os Lusíadas. E isso, é "craro", seria no mínimo absurdo. No entanto, eu vi, apavorado, um programa de televisão chamado "Nossa Língua Portuguesa" classifcar esse fenômeno de "defeito de fala", sugerindo até uma "terapia fonoaudiológica" para "consertá-lo"!

Coração de Pedra


Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne – Ezequiel 36 : 26

Todos nós já ouvimos falar em “pedra nos rins” ou em “pedra na vesícula”. São patologias que causam um mal estar enorme levando muitos a terem que se submeterem a um processo cirúrgico para se verem livres dos problemas. Nestes casos as dores são inevitáveis. Mas, há um mal que tem afetado multidões em todo o mundo, mas que pouquíssimas pessoas estão dispostas a se submeterem a um tratamento eficaz para serem curadas. Tenho certeza que poucos têm conhecimento da existência da doença maligna tratada na Bíblia como “pedra no coração”. É assim que o Dr. Ezequiel lá no Velho Testamento diagnosticou a enfermidade do povo de Deus em seus dias. Eles estavam sofrendo dessa terrível moléstia, pedra no coração, ou antes, um coração de pedra. Quem está acometido deste mal na maioria das vezes não admite, mesmo que o diagnóstico seja preciso e que todos os exames recomendem um tratamento de choque.

A insensibilidade diante da gravidade do pecado é um dos problemas que levam o coração a produzir em seu interior material mineral sólido, classificado como pedra. Uma característica de nossa geração é a indiferença para com o pecado. Se você fala do pecado, as pessoas riem, a televisão ironiza, os intelectuais pigarreiam. É assim que as multidões sem Deus pensam em referência ao pecado. Por isso, muitos de nós cristãos tupiniquins também nos achamos muito espertos, pensamos que podemos zombar do pecado sem pagar o preço que isso exige. Mas a Palavra de Deus diz tácita e categoricamente: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" – Gálatas 6 : 7.

Outro aspecto é a insensibilidade diante da maravilha da Palavra de Deus. Palavra que para sempre permanece e é o alimento indispensável para a alma e para o coração. Para o homem com coração de granito, a Bíblia é mais um livro no mercado editorial. Quando muito, é um livro de bolso, de prateleira. Não atentam para a sua importância. Deixam-na por qualquer programa supérfluo. Esquecem das maravilhosas palavras do Senhor Jesus quando diz: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” – Mateus 22 : 29. Negociam-na por qualquer valor. Desprezam-na não percebendo que ela é a única forma de nós permanecermos firmes servindo ao Senhor.

Se você está cultivando um coração de pedra, não brinque com o tempo. Como diz a Bíblia, “…você não sabe o que vai acontecer amanhã” – Provérbios 27 : 1. Convide Jesus a fazer em você uma cirurgia no seu interior. Ele vai arrancar o seu coração de pedra e no lugar implantará um de carne, sensível à voz de Deus. Mas faça isso, hoje, agora mesmo!

por: Carlos Roberto Martins de Souza / Artigos Cristãos

sábado, 4 de dezembro de 2010

Tropa de Linguística

Aproveitando o grande sucesso do filme "Tropa de Elite" nos cinemas (e no "comércio informal" de mídia), um grupo de alunos da disciplina de Linguística e Comunicação da FABICO/UFRGS abordou, com propriedade e de maneira criativa, o tema do preconceito linguístico, em uma adaptação livre de uma cena daquela produção. Confira:



Publicado no blog de Leandro Rodrigues em 16/12/2007

"As escorregada "


Ao ver alguma figura importante falando na TV como, por exemplo, o presidente Lula, esperamos que ele fale o português mais correto possível, o que chamamos de norma culta, afinal ele está representando o país e não pode passar (ou nos deixar passar) vergonha.
Nesse vídeo do www.youtube.com, Lula é estigmatizado por todos por não falar o plural da forma correta (entre outros “erros”), e as pessoas se deliciam ao ver uma personalidade importante cometendo erros tidos como absurdos. Lula sofre preconceitos de todos os tipos, desde o social, pois vem de uma classe social baixa, até o preconceito linguístico, que advém do próprio preconceito social.
O que muitas pessoas não sabem é que o português falado é diferente do português escrito.
Quando corrigimos alguém que fala “os livro tão caro”, ao invés de “os livros estão caros”, estamos, em primeiro lugar, nos baseando somente no que diz a gramática. Gramática que serve apenas para nos auxiliar na escrita do português, e não na fala dele! E em segundo lugar, estamos sendo hipócritas, pois por mais que a gente pense que fale “os livros estão caros”, estamos enganados; faça o teste, preste atenção na maneira como você fala e verá o que acontece realmente. Há essa supressão porque a língua não sente a necessidade de marcar o plural em todos os elementos da frase. A presença do “s” no artigo é suficiente para marcar o plural, não causando nenhuma confusão: todos sabem que quando alguém diz “os livro tão caro”, quer dizer que mais de um livro está caro.
No inglês, por exemplo, para indicar o plural, basta que uma palavra esteja marcada, como na frase: The books are expensive (os livros estão caros), em que somente “book” está sinalizando que a frase está no plural. Há essa diferença por convenção. Foi convencionado que na Língua Portuguesa (escrita) é preciso ser feita a marcação de plural em todas as palavras da frase, enquanto que, na Língua Inglesa, foi convencionado o contrário. Não querendo dizer, entretanto, que tenhamos que falar da mesma maneira, já que na fala não sentimos a mesma necessidade que na escrita.
Portanto, não existe o “falar corretamente”. Todos que falam português, falam da maneira certa, pois se não fosse assim, as pessoas não se entenderiam entre elas, o que não acontece. Por mais que a pessoa diga “os livro tão caro” ou “pobrema” ela vai ser entendida pelos outros, com os quais está se comunicando, sem nenhum tipo de confusão ou estranhamento.

Publicado no blog de  Leandro Rodrigues  em 28/11/2007

Quem fala errado é burro?

Sob a ótica do preconceito linguístico, qualquer manifestação linguística que escape do triângulo escola-gramática-dicionário é considerada "errada", e não é raro a gente ouvir que "isso não é português".
Um exemplo, na visão preconceituosa da língua, é a transformação de "L" em "R" nos encontros consonantais como em Creusa, chicrete, praca e pranta onde a pessoa que assim fala é extremamente estigmatizada, sendo considerada, às vezes, como "atrasada mental".
Estudando cientificamente a questão, é fácil descobrir que não estamos diante de um traço de "atraso mental" dos falantes "ignorantes", mas simplesmente diante de um fenômeno fonético que contribuiu para a formação da própria língua portuguesa padrão.
Observem o quadro:
Português Padrão
Etimologia
Origem
Branco
Blank
Germânico
Escravo
Sclavo
Latim
Praga
Plaga
Latim
Prata
Plata
Provençal

Como podemos notar, todas as palavras do português-padrão listadas acima tinham, na sua origem, um "L" bem nítido que se transformou em "R". E agora? Se acreditássemos que as pessoas que dizem Creusa, chicrete e pranta têm algum "defeito" ou "atraso mental", seríamos forçados a admitir que toda a população da província romana da Lusitânia também tinha esse mesmo problema na época em que a língua portuguesa estava se formando. E que Luiz de Camões também sofria desse mesmo mal, já que ele escreveu ingrês, pubricar, frauta, frecha, na sua obra que é considerada até hoje o maior monumento literário do português clássico: Os Lusíadas.
Este fenômeno que participou, inclusive, da formação da língua portuguesa padrão, chama-se rotacismo, e ele continua vivo e atuante no português não-padrão, porque essa variante deixa que as tendências normais e inerentes à língua se manifestem livremente.
Burrice, isso sim, é julgar sem ter conhecimento prévio, sem base cientifica, sem argumentos plausíveis. Falar "errado" não é sinal de burrice, como muitos acreditam, aliás, o que é falar errado? Falar diferente não pode ser considerado errado. É aí que está o preconceito. 

Publicado no blog de Leandro Rodrigues em 28/11/2007 

A Mídia e a Difusão do Preconceito

A cada dia que passa, nos encontramos na situação de testemunhas do preconceito linguístico. Isso, claro, se não somos nós mesmos alvos desse preconceito ou até mesmo responsáveis por ele. Mas não há novidade nisso. O preconceito linguístico é um problema da sociedade, enraizado no sistema de educação atual e na formação de nossos professores, isto já nos é sabido. Mas será que é só isso?
Esse trabalho para a cadeira de linguística possibilitou uma reflexão mais aprofundada a respeito do Preconceito Linguístico. Infelizmente foi muito fácil acharmos exemplos para postarmos no blog. Isso mostra como a ideia de que existe uma língua única e correta está enraizada em nossa sociedade. Podemos ver também que a mídia não ajuda. Pode-se ligar a televisão a qualquer hora do dia, e teremos um sem número de exemplos de estigmas sociais difundidos pelos programas, novelas e filmes exibidos naquele momento. Esse meio que poderia ser tão importante para amenizar o problema, acaba por reafirmar que existem "pessoas ignorantes" que "falam errado". O processo de conscientização sobre o problema que é o preconceito linguístico é lento, infelizmente. Mas em contraparte, bastam alguns minutos em frente à TV, por exemplo, para que o preconceito atinja centenas de pessoas. A mídia atualmente promove o preconceito, e o faz de forma desenfreada e inconsciente (esperemos). Essa difusão é tão grave quanto o preconceito em si, pois diminui as possibilidades da população adquirir consciência sobre o erro que comete.

Em seu programa de talk-show, Jô Soares, antes de entrevistar seus convidados, faz uma série de comentários e piadas sobre os considerados “erros de português” e ortografia, arrancando risadas do auditório. Em um longa-metragem americano, as personagens não nascidas nos EUA que falam inglês são, por seu sotaque, estigmatizados como não sendo capazes de falar uma língua que não a sua. Em um programa de rádio, o grupo de locutores do Pânico caçoa de ouvintes por possíveis erros do bom português, quando não criticam uns aos outros, tendo mesmo entre eles uma pessoa marcada pela ideia de falta de inteligência, Sabrina Sato.

O Preconceito Social e Linguístico só pode acabar quando todos percebermos a responsabilidade que temos para com ele. E essa responsabilidade somente chegará às pessoas através dos meios de comunicação, da mídia. É o papel de facilitar mudanças sociais que compõe a ideia da Comunicação Social, é esta a ferramenta. O problema não está no Jô Soares, no diretor de filme americano ou nos garotos do Pânico, e sim na forma como nós vemos uns aos outros e lidamos com as diferenças. Na minha opinião (que talvez expresse a opinião do blog) são os profissionais da educação e da comunicação de hoje que poderão colaborar para com o fim do preconceito amanhã.

Publicado no blog de Leandro Rodrigues em 29/11/2007

Não há silêncio que não termine-Ingrid Betancourt


Memórias de uma descida ao inferno
Andreia Santana
Não há silêncio que não termine é um livro de cunho político, mas é também a catarse da dor de dezenas de seres humanos rebaixados a condição de pária. A obra de Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência colombiana sequestrada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em 2002 e mantida em cativeiro até 2008, mescla narrativa em primeira e terceira pessoa com um ritmo ágil, como um thriller, a ponto do leitor (o menos preguiçoso) não sentir o peso das mais de 500 páginas. Traz ainda a angústia de uma mulher e de uma mãe privada da companhia dos filhos por longos anos. E a tristeza de uma filha que perdeu o pai, maior referência de sua vida.
Um mês depois do rapto, Ingrid ficou sabendo da morte de seu pai, o ex-embaixador da Unesco Gabriel Betancourt, porque ao receber comida de um guerrilheiro, ela estava embrulhada em um pedaço de jornal que narrava o cortejo fúnebre. Em 23 de fevereiro de 2002, em uma viagem durante a campanha presidencial, a então candidata foi raptada pelas Farc – um dos grupos mais famosos da guerrilha no país -, na estrada que conduzia até a cidade de San Vicente de Caguan. Estava sem escolta, porque no último minuto, ordens do governo colombiano confiscaram os soldados que iriam proteger a comitiva da candidata, sob alegação de que a área estava desmilitarizada e era segura.
Durante quase sete anos, até ser libertada em 2 de julho de 2008, Ingrid viveu prisioneira em um paraíso verde que ganhou contornos de uma das estações do inferno de Dante Alighieri (italiano renascentista, autor da Divina Comédia). Escondida em sucessivos acampamentos na selva amazônica, passou fome e frio; além de sofrer violência moral e física. Sua história é mais que conhecida, ela virou mito ainda em cativeiro. A foto que a mostrava debilitada e presa em um dos acampamentos, correu o globo e chamou a atenção da opinião pública mundial. Então, o livro não traz novidades quanto aos fatos, mas traz o testemunho de quem viveu o inferno na pele e a análise dos acontecimentos, sob a perspectiva da vítima.
Desabafo – Ingrid Betancourt precisa romper o silêncio, como o título da obra sugere, e expurgar toda a miséria que presenciou. Por ser uma pessoa de cultura refinada e com traquejo com as palavras, além de sólida formação filosófica e humanista, essa catarse é conduzida em uma narrativa magistral, que introduz o leitor na mata cerrada, entre os igarapés e os grandes rios da Amazônia colombiana. A selva de Ingrid dá medo na mesma proporção em que suas angústias comovem e revoltam.
Com grande lucidez, a autora elabora um dossiê com olhar crítico e humanístico sobre o fracasso do ideal revolucionário diante do jogo do poder. Revela ainda sua decepção com a condução do caso pelo governo de seu país, ressentindo-se do “abandono” legado aos reféns da guerrilha pelo presidente Uribe. Lembra porém, os presidentes franceses Chirac e Sarkozy; além do venezuelano Hugo Chávez, que tentou suscessivas negociações para a libertação dos reféns e conseguiu a soltura de Clara Rojas.
Quem espera uma descrição romântica da luta armada, pensando na figura de Che Guevara, por exemplo, se choca com a crueza com que a narradora disseca as Farc, uma associação descrita por ela como corrupta (associada e financiada pelo narcotráfico) e cruel. Mas, o livro passa muito longe de ser apenas o espelho de revolta de uma ex-prisioneira. Embora condene os atos de brutalidade praticados por muitos dos guerrilheiros que lhe serviram de carcereiros e mostre que o ideal socialista da revolução cedeu lugar a interesses bem capitalistas como roupas boas e aparelhos eletrônicos, a autora não deixa de se questionar sobre o que faria se fosse ela do lado oposto à mira do fuzil.
Também não nega que em meio ao contingente recrutado pelas Farc entre camponeses e miseráveis num país de grande injustiça social e corrupção do governo (com as oligarquias que se sucedem no poder), existam de fato aqueles que acreditam no poder da revolução. O problema é que a ideologia dos mais ingênuos (ou humanos) é manipulada habilmente por aqueles que cobiçam o poder pelo poder e não porque desejam repartí-lo com os mais pobres. Em nome de manter para si um padrão social semelhante ao da burguesia que diz combater, o alto comando da guerrilha afunda as bases do socialismo em um mar de sangue e relações excusas com o crime organizado, denuncia a autora.
Fé e filosofia - Reflexivo, o livro serve de autoanálise para uma mulher que encontrou na natureza selvagem da Amazônia uma prisão, mas também um santuário – tão assustador, silencioso e isolado quanto uma catedral – para se reconectar com Deus. Em alguns trechos, o misticismo da autora parece exagerado e exasperante (principalmente aos leitores mais pragmáticos). Mas quem pode saber como reagiria ao sofrimento enfrentado por ela? Na fé e nas longas reflexões filosóficas, Betancourt encontrou a serenidade necessária para não enlouquecer, mas sobretudo para não perder-se no labirinto criado pela guerrilha com o objetivo de quebrar a resistência moral dos prisioneiros.
Durante 2.323 dias, Ingrid Betancourt foi amarrada em troncos de árvores por correntes presas ao pescoço; se viu forçada a marchar debaixo de tempestades tropicais até os pés esfolarem; foi obrigada a fazer suas necessidades fisiológicas diante de homens que zombavam dela e não a chamavam pelo nome, mas apenas de cucha (velha) e que se referiam aos prisioneiros como pacote, encomenda ou a carga. “É um mecanismo de autodefesa dos guerrilheiros. Eles precisam nos destituir de humanidade, porque é mais fácil atirar numa carga do que em um ser humano. Matar um ser humano a sangue frio traz culpa”, escreve.
Em meio aos seus relatos, é impossível não sentir na carne, sobretudo se o leitor for mulher, quando ela nos descreve o constrangimento de tomar banho menstruada junto com os demais prisioneiros (homens e mulheres) e sempre sob a mira de uma arma.
A mesquinhez que a alma humana revela quando posta a prova e quando destituída dos seus confortos básicos (casa arrumada, roupas limpas, comida boa), também é tema recorrente ao longo do livro. Com lucidez, Ingrid expõe as próprias feridas e fraquezas e as dos companheiros de cativeiro, revelando as brigas infantis e desesperadas por comida ou por pedaços de plástico que serviriam de abrigo contra a chuva.
Mostra ainda as intrigas típicas do ambiente penitenciário, com as divisões entre preferidos e desafetos dos carcereiros e a arrogância despótica daqueles que caem nas graças dos comandantes. Por nunca ter abaixado a cabeça para a guerrilha, foi duramente criticada pelos companheiros de cárcere e chamada pedante. No entanto, pagou na carne, sofrendo torturas dignas da Inquisição, por cada ato de rebeldia que tinha o objetivo de manter sua integridade. Se recusava a virar “a carga” ou “o pacote”, embora tenha se sentido exatamente um nada, nas crises de depressão.
Julgamento moral - A autora julga a todos ao seu redor, sem pudores, mas principalmente, julga a si mesma num exercício de humildade quase inaciano. Ao longo das páginas do seu diário (versão moderna das Memórias do Cárcere de Graciliano Ramos ou da Memória da Casa dos Mortos, de Dostoiévski) é perceptível que ela carrega um forte sentimento de culpa, provavelmente fruto da formação cristã que recebeu e das diferenças de classe tão demarcadas pelas condições extremas de vida no seio da guerrilha. Mas também, fruto do choque em descobrir-se capaz de, nessas mesmas condições extremas, cometer os atos de barbárie que condena nos guerrilheiros.
E ainda, porque ao perder tudo e ser reduzida ao estado bruto e primitivo do ser humano, só via dois caminhos: o embrutecimento ou a redenção pela solidariedade. Ingrid Betancourt, ao que parece, escolheu o segundo caminho.
Em tempo: Uma produtora de cinema, a The Kennedy/Marshall, comprou os direitos autorais de Não há silêncio que não termine, cujo título foi retirado de um verso de Pablo Neruda (o poeta frequentava a casa de Gabriel Betancourt) e o roteiro do filme baseado nos relatos de Ingrid está sendo adaptado.

Publicado em  por Andreia Santana

Preconceito Linguístico na mídia



Na sociedade atual, só a mídia é capaz de nos fornecer um relatório rápido e completo dos acontecimentos que se produzem à nossa volta. Seu papel é obter a informação, triá-la, interpretá-la e em seguida fazê-la circular.

Ninguém possui conhecimento direto do conjunto do globo. Além de sua experiência pessoal, o que se sabe provém da escola, de conversas, mas, sobretudo da mídia. Para o homem comum, a maior parte das regiões, das pessoas, dos assuntos dos quais a mídia não fala, não existem.

Na sociedade de massa, o entretenimento é mais indispensável do que antigamente para diminuir as tensões que ameaçam levar à doença ou à loucura. Para a mídia, o usuário solicita, sobretudo um divertimento e esta função combina-se eficazmente com todas as outras.

As funções dos meios de comunicação em nosso mundo são indiscutivelmente importantes. E como lhes são frequentemente atribuídos poderes imensos, são acusados à direita e à esquerda, no Norte e no Sul, pelos poderosos e pelos humildes, pelos velhos e pelos jovens de todos os males da sociedade moderna.

De modo geral, admite-se que podem exercer forte influência, em longo prazo, se a mensagem for homogênea, e, sobretudo se eles forem num sentido segundo o qual os usuários querem ir.

Um dos meios de comunicação que mais se destaca é a televisão. Surgiu no Brasil, em 1959 e adaptou-se a algumas transformações sociais. Ver televisão é um costume que já está incorporado à vida de todos nós, seja para nos informar, através dos noticiários, seja para nos entreter, com filmes, desenhos, novelas, programas humorísticos, entre outros. Por esse motivo, nem sempre prestamos muita atenção nas várias ideias que ela também veicula: dita padrões de comportamento, lança modas e gírias, cria hábitos de consumo, molda a opinião pública, estabelece padrões morais e estéticos, transmite valores e crenças e reforça a ideia do preconceito linguístico.
Dos programas cujo objetivo é o entretenimento, os humorísticos merecem especial atenção. Por eles, os modelos de moral, de ética e de respeito são passados. A grande maioria dos programas exibidos pauta-se no clássico chavão de expor ao ridículo uma imagem estereotipada. Comportamento sexual, orientações sexuais, preconceito regional, linguístico, étnico, associação de classes menos favorecidas ou de categorias profissionais à ignorância, relação entre a velhice a impotência total, seja sexual seja de discernimento, são pontos de partida para a criação de supostos tipos sociais e a partir deles, a criação do que chamam de humor.

Segundo MARCONDES (2003): Esses são clichês explorados ao máximo, reafirmando preconceitos, ou de todos os preconceitos. O humor quase que totalmente limitado a bordões. Isso quando ele não explora a vida privada de uma pessoa pública.

No programa Zorra Total (da TV Globo) em especial o quadro da personagem GISLAINE chama atenção quanto ao modo de falar:
“... pobre fala: Eu vô na fera compra murangu i vô coloca na sacola di prásticu...”
“... pobre só tem pobrema: pobrema de duença, pobrema di dinhero. Então junta tudo e joga fora...”


Esse quadro humorístico, “Gislaine”, enfatiza o preconceito linguístico por meio do humor, incentiva a discriminação, não respeitando as diferenças, expondo ao ridículo o pobre e aquele que fala fora dos padrões da norma culta.

Conclui-se que o preconceito linguístico está presente na sociedade de forma implícita e natural. Este é aceito pela comunidade, que transita, sem perceber, pela tênue fronteira entre língua como mecanismo de identificação e língua como mecanismo de poder. A mídia tenta a todo custo incutir ideias a serem seguidas e não discutidas, vemos com clareza a exploração política e econômica, mas não enxergamos prontamente a dominação da língua.

Tratar de língua é uma questão política, já que também é tratar de seres humanos. Temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que as falam. A língua está sempre em mutação, em constante transformação, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível, a chamada norma culta. Essa descrição é claro tem seu valor e seus méritos, mas é parcial e não pode ser autoritariamente aplicada a todo o resto da língua.

É necessário analisar de modo crítico o que vemos e ouvimos, para que não sejamos manobrados, colaborando para reforçar o preconceito linguístico.
A questão é ensinar aos falantes da língua a valorizar, defender seu idioma enquanto instrumento de cultura. O ideal é ser “Um poliglota dentro de sua própria língua”, como afirma Bechara.

Adriana Braga é formada em Letras e pós-graduada em Linguística Aplicada à Língua Portuguesa.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Bagno: "Precisamos letrar os professores"

Entrevista concedida por  Marcos Bagno  ao Jornal do Commercio de Recife, em 25/4/10

JORNAL DO COMMERCIO – O que mais contribuiu para disseminar o preconceito linguístico no Brasil? A escola ou a mídia?
MARCOS BAGNO – Sem dúvida nenhuma, os principais veículos de difusão e perpetuação do preconceito linguístico são os meios de comunicação. Enquanto as diretrizes oficiais de ensino, em consonância com as pesquisas mais avançadas da linguística e da pedagogia, preconizam uma abordagem da língua mais democrática, mais respeitosa da diversidade linguística e social, os meios de comunicação, sempre muito vinculados às classes dominantes e a seus valores e ideologias, continuam apregoando um modelo de “correção” linguística que não corresponde sequer à prática dos nossos melhores escritores nos últimos cem anos, nem tampouco ao que é registrado nas boas gramáticas normativas e nos dicionários bem conceituados. Esses “comandos paragramaticais”, como eu os chamo, tentam impor um modelo de língua “certa” que é extremamente anacrônico, pré-modernista quase. Há portanto um divórcio entre o que se produz nas universidades, o que se propõe oficialmente como ensino de língua para as escolas e o que se estampa nos jornais, nas revistas, o que aparece na televisão, no rádio, na internet. Embora alguns meios de comunicação deem espaço a um discurso mais avançado sobre língua e linguagem, isso representa uma gota d’água num oceano de manifestações da mídia profundamente retrógradas no que diz respeito à língua e a seu ensino.
JC – No seu livro A norma oculta você afirma que não existe preconceito linguístico, na verdade o preconceito é social. Em que se baseia essa afirmação?
BAGNO – O preconceito linguístico é um disfarce amplamente aceito para que uma pessoa seja discriminada e excluída dos bens sociais aos quais teria direito pelo simples fato de ser um cidadão. Como existe uma crença generalizada de que existe uma única maneira “certa” de falar, de que as pessoas não escolarizadas falam “tudo errado”, essas alegações de base linguística servem como desculpa para que a pessoa seja discriminada, quando na verdade ela é discriminada porque é pobre, porque é negra, porque é mulher, porque vem de uma região geográfica desprestigiada, porque exerce uma profissão pouco valorizada. Muitas vezes um mesmo suposto “erro” é condenado quando é produzido por uma pessoa sem prestígio social e perdoado como “licença poética” por uma pessoa provinda das classes privilegiadas. As pesquisas mostram que as diferenças entre a fala de uma pessoa altamente letrada e a fala de uma pessoa analfabeta são mínimas, mas essas mínimas diferenças servem como razão suficiente para que a pessoa que já desprestigiada sofra ainda mais discriminação.
JC – Você enfrenta preconceitos por defender as variedades linguísticas? De onde vêm as críticas mais aguçadas?
BAGNO – Como a defesa da variação linguística é, antes de tudo, uma tomada de posição política, as principais críticas provêm dos setores mais reacionários, da direita brasileira, que hoje tem notórios representantes nos meios de comunicação. No entanto, recebo incomparavelmente mais apoio dos milhões de pessoas que em sua experiência de vida sofreram ou sofrem com o preconceito linguístico e encontram no que eu escrevo uma base teórica para defender seus direitos.
JC – O ensino de língua portuguesa na educação básica tem se adequado para ensinar o aluno a lidar com as diferenças linguísticas ou a gramática ainda é o centro das atenções nas escolas?
BAGNO – Apesar de todos os avanços das ciências da linguagem e da educação e da incorporação das propostas de ensino mais progressistas nas diretrizes oficiais, a prática de sala de aula ainda é muito conservadora, inspirada na crença falaciosa de que é preciso transmitir na íntegra toda a nomenclatura gramatical tradicional para ser decorada como um fim em si mesma, sem nenhuma demonstração da relevância desse aprendizado para a formação cultural do aprendiz. O grande problema está nos cursos de formação de professores, que se mantêm apegados a uma estrutura acadêmica rançosa, criada no século XIX, que não se adequou ainda ao mundo contemporâneo. Os cursos de Letras deveriam ser implodidos para, no lugar deles, serem criados novos cursos, mais sintonizados com o que deve de fato constar na formação de professores de língua neste século XXI.
JC – Haveria um modelo ideal de ensino de Língua Portuguesa?
BAGNO – O que eu defendo é o que vem sendo proposto por centenas de pessoas, há mais de 30 anos, no Brasil e no resto do mundo: as aulas de língua materna têm que se destinar, antes de mais nada, à inserção dos aprendizes na cultura letrada, e isso se faz por meio da leitura, da escrita, da leitura, da escrita e principalmente da leitura e da escrita. Enquanto nossos professores acharem que é preciso ensinar dígrafo, oxítonas, preposições, oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo, epiceno e outras coisas cabalísticas desse tipo, nossa educação linguística continuará catastrófica como já está. Outro problema é que temos muitos e muitos professores incapazes de ensinar a ler e a escrever adequadamente porque eles mesmos não têm domínio suficiente da cultura letrada na qual deveriam inserir seus alunos. Temos, antes de tudo, que letrar os nossos professores.
JC – Essa história de que linguista defende que não há “certo” e “errado” em português é correta? Vale tudo no uso da língua?
BAGNO – Dizer que os linguistas são os apóstolos do “vale-tudo” é fruto ou da ignorância ou da má-fé. Nenhum linguista sensato jamais disse que não é preciso ensinar aos alunos as formas privilegiadas, normatizadas de uso da língua. O que dizemos é que essas não são as únicas formas válidas de uso da língua e que é preciso abordar em sala de aula a multiplicidade de usos idiomáticos que existe na sociedade. No entanto, como nossa sociedade só consegue pensar em termos de sim/não, preto/branco, certo/errado, um discurso que contemple a variação, a noção de pluralidade de falas, não consegue penetrar no senso comum.
JC – A discussão sobre variação linguística e preconceito linguístico está difundida na sociedade?
BAGNO – Bem menos do que seria desejável, bem menos do que a noção antiga e estúpida de que existe um modo “certo” de falar e que tudo o que difere dele é necessariamente errado. No entanto, como na formação dos professores nas boas universidades (apesar de nem sempre de modo adequado) a discussão sobre a variação linguística já se faz de maneira permanente, creio que em breve teremos algum reflexo desse debate também na sociedade. (A.T.)

domingo, 28 de novembro de 2010

Por trás de um pequeno homem talvez exista uma mulherzinha de nada

Peço a Deus que meus filhos encontrem na vida a companheira que seja bênção e edificação. Porque a mulher faz o homem. Ele pensa que manda mas faz o que ela quer. Com jeitinho, a mulher consegue tudo. A mulher sábia edifica a sua casa, já diz a bíblia. Eva induziu Adão a comer do fruto proibido e as consequências foram terríveis para eles e ainda atingiram toda a humanidade. Dizem que não há nada tão ruim que uma mulher não consiga piorar, kkkkk, que coisa machista! Mas há um fundo de verdade. A mulher cresceu muito na sociedade em todos os setores. Algumas são motivo de orgulho para a classe! Inteligentes, decididas, competentes, matam um leão por dia, obtiveram sucesso em várias áreas da vida. Outras, infelizmente, são acomodadas, não estudam ou estudam apenas o mínimo para se alfabetizar. Preferem depender do marido ou se manter com um empreguinho qualquer. Há as que se graduam mas guardam o diploma e trabalham em qualquer área que apareça. Também há as que se graduam, e até se pós-graduam,  trabalham em sua área, mas o fazem de forma descuidada e não adquirem a competência necessária ao exercício da profissão. Outras estudam com afinco, diplomam-se e trabalham na sua área com a capacidade exigida. É um grande caldeirão! Desejo que meus filhos se casem com mulheres a quem amem e que os amem, que sejam tementes a Deus, tenham uma profissão e a exerçam com dignidade. Mas o principal é que sejam sábias. Que não sejam incendiárias, mas bombeiras! Explico: leva uma cantada do vizinho mas em vez de correr pra contar ao marido e exigir que ele tome uma providência (podendo ser morto ou agredido fisicamente), ela mesma resolve. Corta a intimidade e passa a evitá-lo. Quantos homens morrem porque suas mulheres levam pra eles problemas que poderiam ser resolvidos por elas, seja ignorando, seja dando um fora, mas querem inflamar e infelizmente por causa de uma brincadeira de mau gosto, ficam viúvas. Diz o ditado que por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher. Prefiro dizer que a grande mulher está ao lado. Mas é verdade. A boa mulher incentiva, compreende, acalma o ânimo, desvia de brigas e confusões, aconselha, alegra, é equilibrada, não coloca o marido em situações difíceis nem arriscadas, pensa mais na segurança dele do que em satisfazer seu ego ou lavar sua honra, se for o caso, porque a vida dele é mais preciosa do que contendas mundanas. A não ser que não o ame. Aí é totalmente diferente. A mulher errada age de forma contrária. É mesquinha, pensa apenas nela e em satisfazer seu egoísmo. Joga o marido no incêndio, inflama em vez de apagar o fogo, é parceira apenas nos bons momentos, nos passeios, nos shows, mas na crise dá um jeito de escapar. Quando vemos um homem bom, justo, equilibrado, leal, gentil, grato, podemos ter certeza de que esses valores foram plantados pela mãe e cultivados e incentivados pela companheira. Quando vemos um homem rancoroso, injusto, desequilibrado, desleal, grosso, ingrato, certamente ou teve uma péssima mãe ou encontrou uma companheira que conseguiu desvirtuar a boa formação recebida. Felizes os homens que possuem visão e não se deixam iludir por encantos aparentes.  Enxergam a alma. Enxergam a pureza do core e do olhar. Enxergam a beleza interior antes da exterior. Que Deus me escute e prepare boas mulheres para meus filhos! E que eles sejam excelentes maridos, seguindo o exemplo do pai deles. Que valorizem e respeitem suas mulheres. Que incentivem e aplaudam o sucesso que conquistarem. Termino com uma frase muito interessante da mulher vitoriosa chamada Martha Medeiros:  
"Se por trás de todo grande homem existe uma grande mulher, então vale o inverso: por trás de um pequeno homem talvez exista uma mulherzinha de nada"

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Bete se cansou de ser boazinha(bonzinho só se fode)


Tudo na vida cansa. Cansei de plantar o bem e receber o mal. Cansei de me deixar fazer de capacho, escada, trampolim para pessoas egoístas e ingratas que desfrutam da minha ingenuidade e bondade enquanto lhes é interessante, sem oferecer em troca a mesma consideração, e quando não sirvo mais aos seus interesses se descartam de mim como se fosse lixo! Não me importo mais se me chamarem de rancorosa, cruel, malvada, porque é muito fácil apontar o dedo, julgar e condenar quando se é o vilão ou o espectador apenas. Pimenta nos olhos dos outros é refresco! Fácil ser altruísta na teoria. Fácil citar alguém que agiu diferente recebendo a mesma ofensa. Será que agiu mesmo? Ou é mais dissimulado e espera o momento para dar um golpe fatal e certeiro? Ou planejou vingança e recuou por covardia?Só sei que já derramei rios de lágrimas anos a fio por ser boazinha, pensar primeiro nos outros, não saber negar nada, confiar em todo mundo... já me prejudiquei por causa de terceiros, por sempre pensar em mim por último e querer mover céu e terra para ajudar todo mundo. São muitas feridas na alma, mas não deixarei nunca mais alguém me ferir sem dar o troco à altura! Vou passar por cima de quem se atravessar no meu caminho!Aplicarei a Lei de Talião! Todos se acham no direito de me ferir, magoar, julgar, pisar, mentir, trair e ainda dizer que isso não é crime!! Na lei dos homens pode não ser, mas existe a Justiça Divina. Por que podem me usar, enganar, subestimar minha inteligência com mentiras vis, aproveitar-se de mim até a última gota de sangue, tirar de mim o que eu tinha de mais precioso e tenho que baixar a cabeça e aceitar passivamente sem ter o direito de urrar como uma fera ferida no peito, avançar no meu algoz e cravar as unhas e os dentes para extravasar minha dor?  Expressar minha opinião, dizer que A ou B é vulgar, sem classe, analfabeta, sebenta, horrorosa, é crime!!Desde quando falar a verdade é crime? E onde está a liberdade de expressão? Depreciam até o presidente do país em público e não respondem por isso, porque estamos num país livre, e por que se eu  disser que uma mulherzinha tem o nome quenga na testa vou responder por isso? Que justiça é essa? Pois agora chega! Deixem de ser covardes e assumam seus erros! Parem de tentar justificar um erro com outro! "Remédio indicado pra quem tá errado é pedir perdão"
Polícia é para bandido! Justiça existe para todos! Sedução pode ser crime! Iludir um inocente pode ser crime! Usar alguém em benefício próprio pode ser crime! Coagir a não falar com as pessoas, a não ir a tal lugar, pode ser crime! Tudo depende do referencial! Matar alguém em vida é crime com certeza, talvez não na lei dos homens, mas na Lei de Deus não tenho dúvidas. E vai responder por isso. Não crer em Deus não fará com que Ele deixe de existir e de ser Juiz e Advogado dos atingidos covardemente. Quando eu estiver no topo, bem no alto, vou olhar pra baixo e não verei nem a sombra de gente pobre de espírito e sem escrúpulos, que não assume seus erros, sua covardia e pisa quem está no chão, com ajuda de gente ainda pior, que veio de lugar nenhum e vai chegar a lugar nenhum também porque gente mesquinha e incompetente não progride. Esqueçam que existo porque para mim vocês são menos que nada, são vermes asquerosos, mas não pensem que terão paz e felicidade porque não se constrói felicidade destruindo vidas. Essa é a lei da vida.
"Eu sei que vai ser duro mas tenho que esquecer: VOU JOGAR FORA NO LIXO!"
Bichos Escrotos
Saiam dos esgotos
Bichos!
Baratas!
Ratos!
Pulgas!
Onçinha pintada
Vão se fuder!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Jamais esqueço quem me fez o bem, nem traio a sua confiança!


Tenho inúmeros defeitos, sempre digo isso! Mas a ingratidão não é um deles. Nunca esqueço  quem me fez algum bem. Sou imensamente grata a vida inteira, por gestos, palavras, olhares, atos, praticados por tanta gente que já passou em minha vida! Não importa o tamanho, ou a intensidade do bem que me foi feito, mas o bem em si! A bondade da pessoa que o ofertou! A ex-cunhada que dividia a cama comigo nas várias vezes em que eu pernoitava em sua casa. A vizinha que bate em minha porta pra me dar bolo, caranguejo, camarão! A estagiária que ficou com meus alunos quando precisei sair mais cedo. A colega que me socorreu quando fiquei tonta na quadra. Os funcionários que me carregaram no colo de tão tonta que estava. O pessoal da secretaria, que se mobilizou enquanto eu vomitava absurdamente e gemia de tanto mal estar. A colega que me levou ao hospital. A ex-aluna que foi comigo às duas juntas médicas dar entrada na licença e viajou comigo para que eu me restabelecesse. A amiga que me recebeu em casa  de braços abertos, dividiu comigo a cama, ofereceu apoio e carinho pacientemente, durante 15 dias. A nova amiga que me abriu as portas de sua casa, sem me conhecer, e me fez sentir acolhida e protegida. Ao marido dela que também me acolheu sem reservas e até fez um delicioso cuscuz para nosso jantar e que correu quando um copo se quebrou em minhas mãos, durante a lavagem, para ver se havia me ferido. O professor que aprovou meu filho, para que ele não fosse reprovado direto, mas ficasse em progressão, e não abandonasse os estudos de vez. Os amigos que me mandaram torpedo de conforto quando perdi meu pai. Os que me confortaram quando perdi meu sobrinho. A amiga que foi ao enterro, mesmo que isso lhe tenha causado grande dor por lembrar a morte de sua filha um ano antes. Os colegas que não me deixaram desistir de me inscrever na especialização por achar que não daria tempo de providenciar a documentação. O funcionário que se comoveu e me entregou, de graça e na hora, o histórico que era pago e levaria dias para ficar pronto. Graças a eles já concluí o curso. O amigo que me conseguiu um jantar no Spettus com o cantor Daniel. São apenas exemplos porque não haveria espaço, nem tempo, para contar todo o bem que recebi ao longo da vida. Minha "ex-futura-sogra" me ensinou que 'favor não se paga'. Ela dizia que ao pagar um dinheiro emprestado, por exemplo, estava devolvendo a importância recebida mas não estava pagando o favor, porque esse não tem como ser pago. Eu era muito jovem mas compreendi e assimilei o que ela queria dizer. Não tenho como pagar a disponibilidade, a generosidade, o amor, o carinho,  a atenção, o desprendimento ..................
Tentarei nomear  algumas pessoas aqui citadas. Muito obrigada Sheyla, Rosana, Camila, Lucinha, sr. Roberto, Tânia, Zezé, outra Rosana, Amanda, Marisa, Fabrícia, Júnior, outro Júnior, Grazi, Edgar e Edvaldo, Iracy, Josilma e Edvaldo, Aldo César, Eliane!Vocês têm minha eterna gratidão e podem contar comigo sempre, mas não tenho a pretensão de  pagar a bondade recebida! Mesmo que a vida nos leve a lugares distantes, caminhos diferentes, creiam que, enquanto vida eu tiver, o bem que me fizeram perdura em meu core e se espalha ao meu redor. Quando eu me for dessa vida, o registro já está feito para que não caia no esquecimento. Não recolha suas mãos, negando ajuda! Estenda-as a quem precisar. "As mãos que você hoje ajudar a levantar, vão aprender a amar e um dia levantar alguém que pode até mesmo ser você".
Obrigada de coração e creiam que sou leal aos meus amigos e não uso, engano ou traio os que em mim confiam e me abrem seus braços! Meus pais não me deixaram herança material, mas me deixaram  exemplos de caráter, solidariedade, lealdade, honestidade, honradez e generosidade!

"NA AREIA SE ESCREVE A OFENSA PARA QUE PASSANDO O VENTO A LEVE... NAS PEDRAS SE ESCREVE O QUE DE BEM NOS FAZEM PARA QUE NEM O VENTO, A CHUVA OU O SOL APAGUE!"

sábado, 13 de novembro de 2010

FLIPORTO


Em seis anos dedicados ao debate da literatura, a Fliporto se consolida  como lugar da mediação e da convergência de discussões em torno de nossa construção cultural. É o espaço ideal para debater as novas configurações identitárias, a própria conformação do povo brasileiro e os grandes dilemas e conflitos contemporâneos.

O encontro - que esse ano deixa o balneário Porto de Galinhas para se intitular Festa Literária Internacional de Pernambuco – presta ainda uma justa homenagem à escritora Clarice Lispector. Além da mudança de nome, a Fliporto 2010 muda de residência coerentemente migrando para Olinda, emblemática como patrimônio histórico e cultural da humanidade. Sua marca se transfigura preservando a essência do ‘porto’, o espaço em que viajantes e nativos se misturam, trocando suas riquezas e misturando artefatos. É o maior porto literário do nosso vasto mar cultural que é o Nordeste.

Sob o tema Literatura e Presença Judaica no Mundo Ibero-americano, a sexta edição recebe entre os nobres ‘marinheiros’ os autores brasileiros Arnaldo Niskier e Moacyr Scliar. Entre os especialistas em Clarice Lispector estão os biógrafos Nádia Gotlib e o americano Benjamin Moser, esse último responsável por “Clarice,”, lançado em 2009. Além deles há os nomes de François Jullien, Marck Dery, Camille Paglia, Ricardo Piglia, Alberto Manguel, Richard Zimler, Ronaldo Vainfas, Contardo Calligaris, Ronaldo Wrobel, Adriana Armony e Guilherme Fiúza. Os pernambucanos José Luiz Mota Menezes e Luzilá Gonçalves também participam da festa.

Cinema, artes plásticas, música e tecnologia também encontram amplo debate na Fliporto 2010. Hoje, a Fliporto se impõe enquanto um evento dinâmico, que envolve toda a comunidade literária de Pernambuco e dos estados vizinhos, oferecendo uma intensa programação alinhada ao melhor de nossas letras.

Fonte: http://feiradolivrope.blogspot.com/p/fliporto.html

Pena que não estarei lá, em virtude de estar descansando em Maragogi, um paraíso de sol e mar. Gostaria imensamente de participar de tudo e de rever dois queridos professores com quem tive a honra de estudar na UFPE: Luzilá Gonçalves e Marcus Accioly, além de 'limpar a vista' com o lindo Evaristo Filho, que conheci criança, kkkkk! Aproveitem! "Saber não ocupa lugar"! Vamos ler, pessoal! Quem lê muito, não assassina nosso idioma, a 'língua de Camões', a 'última flor do Lácio', inculta e bela!!!


Bete Cavalcanti

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Saga do covarde e da Jezabel



Já me falaram que o ser humano é capaz de tudo mas sempre me surpreendo com certas atitudes de alguns seres que se dizem humanos mas no fundo são monstros disfarçados. Como é possível
alguém receber uma quantidade infinita de amor, companheirismo, atenção, dedicação, solidariedade, generosidade, desprendimento, amizade, enfim, tudo de bom que alguém tem pra ofertar, desfrutar de tudo sem constrangimento, por muitos anos, mas sem corresponder à altura e , um belo dia, conhecendo outra fonte de benesses, partir sem olhar pra trás, abandonando à própria sorte sua antiga benfeitora, sem se importar se levava uma parte daquele core cheio de amor ou se feria mortalmente a pessoa que antes, segundo ele, era muito importante em sua vida? A ilustração que me vem à mente é a de um garoto sapeca que risca, rabisca, desenha, pinta, faz o que quer numa folha de caderno e depois acha que aquilo não presta mais. Então, arranca a folha, amassa com bastante empenho até reduzir ao mínimo possível e depois atira bem longe com toda força. Ninguém há de condenar o garoto, claro! Mas o que dizer de fazer isso com uma pessoa? É normal? Natural?É humano?É atitude de gente que tem o core bondoso, generoso, justo, grato? E ainda se acha muito correto, honesto, leal. E o que aconteceu com quem sofreu essa agressão? Adoeceu, baixou hospital, desesperou-se, ficou sem chão. Sentindo-se a pior das criaturas, humilhada, traída, rejeitada, ferida certeiramente no peito, agiu como uma fera ferida. Reagiu com fúria e quis atingir quem lhe causou tanta dor e sofrimento. Na verdade, erradamente, quis atingir o terceiro vértice do triângulo. Xingou, praguejou, disse um bocado de coisas desagradáveis... Que atire a primeira pedra quem passa por um processo desses e simplesmente age com toda generosidade do mundo, segue sua vida como se nada tivesse acontecido! Só quem está no olho do furacão entenderá e não condenará. Mas o ofensor não se sentia como tal e astutamente se pôs no papel de vítima, de ofendido e reagiu violentamente ao ataque da fera ferida. Mandou que virasse a página, que seguisse a vida, sempre com frieza total e muita indiferença. Quis ditar regras, dizer com quem ela podia falar, onde podia ir, como se tivesse esse direito. Ela se rebelou e fez ao contrário, claro. Quem ele pensa que é? Age com vileza, deslealdade, mesquinhez e ainda quer proibir seu trânsito em lugares públicos. Irado porque ela ousou desafiá-lo e esteve num desses locais 'proibidos', mesmo quietinha, sem fazer mal algum, alguém avisou e ele ligou com estupidez dizendo que estava a caminho da delegacia para dar queixa de assédio moral. Desconheço assédio moral sem que haja relação de poder entre vítima e agressor. Mas ele agiu assim e agora resta esperar a intimação e se defender. E ainda diz que não pode ver sua dignidade ir pelo ralo. Que dignidade? Que caráter possui quem expõe à vergonha, à humilhação pública uma pessoa que lhe deu o melhor de si durante anos a fio? Ou esse ato caracteriza falta de caráter? Que decepção ela sentiu. Covarde é o adjetivo que me parece adequado a quem não assume seus erros, não suporta ser confrontado e procura prejudicar alguém mais frágil que pode pagar com a vida por essa denúncia. Mas certamente ele não se importa com isso. Afinal essa morte seria se livrar definitivamente desse espinho na carne. Essa morte seria o fim de alguém que lhe mostra o quão fraco e desprezível ele é. Alguém que lhe diz que é um vampiro que suga o que a pessoa tem de melhor e depois descarta. Que lhe diz que é covarde, medroso, injusto, ingrato, cruel, frio e insensível. Mas como às vezes existe justiça nesse mundo, ela terá o direito de se expressar e contar sua história. Quem sabe ao escutar a verdadeira versão dos fatos e o motivo de atos impensados, mas que só ficaram em palavras, a situação seja invertida? Ela também pode prestar queixa por coação, constrangimento, ameaça. A vingança é uma via de mão dupla, da mesma forma que a vida. Cada um dará conta de seus atos. Não se pode construir felicidade sobre a infelicidade dos outros. É preciso ter cuidado para preparar o terreno, deixar tudo arrumadinho, para depois seguir em busca do seu caminho. Mas atropelar as pessoas sem dó nem piedade, friamente, arrogantemente, deixando para trás sem cuidado algum quem daria a vida para que o outro fosse feliz, é perigoso. A vida se encarrega de dar o troco. Agora ele está cego e só toma a defesa da intrusa. Quando o encanto, feitiço, macumba, bruxaria, seja lá o que for, passar, pode não restar mais nada. A pessoa vai acordar e ver quão grande engano cometeu. Jogou fora um amor sólido, sincero, puro, imenso, generoso, por uma ilusão, uma simples paixão. Quando a paixão acaba, nada mais resta. Ela não deixaria que ele agisse com tamanha maldade se estivesse ao lado dele. Mas como quem está ao lado agora é alguém com o mesmo 'caráter' certamente incentivou e aplaudiu, afinal se sente a rainha intocável. Acontece que quem tem telhado de vidro não atira pedra no do vizinho. Todos têm um 'Calcanhar de Aquiles'. Nossa protagonista não queria ferir seriamente ninguém, apenas causar a mesma dor em quem a feriu. Mas tamanho ato de covardia e crueldade, a deixou livre para disparar flechas certeiras que não causarão apenas humilhação e vergonha, como depor numa delegacia e talvez prestar serviço numa creche, mas podem acarretar rescisão, desligamento, quem sabe? Afinal, que pai quer seu filho com uma professora de conduta moral duvidosa e que comete bárbaros erros de língua portuguesa?No mínimo, haverá investigação e constrangimento. Ninguém pode destruir uma vida e ficar impune. É a lei da vida. "Tens que colher o que plantaste, é lei divina, é lei de Deus"


Por Bete Meira Cavalcanti
Qualquer semelhança com fatos da vida real, é mera coincidência