domingo, 30 de novembro de 2008

MACHADO DE ASSIS GANHA DUAS MINISSÉRIES


A Rede Globo e a Rede Record farão especiais de fim de ano em homenagem ao centenário da morte do escritor maior do Brasil, Machado de Assis. Na Globo, irá ao ar no dia 9 de dezembro o primeiro episódio da minissérie “Capitu”. É mais um trabalho do projeto “Quadrante” que homenageou Ariano Suassuna com “A Pedra do Reino. Nessa nova produção, o ator Michel Melamed interpretará Bentinho e a atriz Maria Fernanda Cândido será Capitu. A minissérie será dividida em duas fases:

*A ida de Bentinho para a faculdade de Direito

*A clássica dúvida sobre a suposta traição de Capitu

O alvo principal desse trabalho, segundo o diretor Luiz Fernando Carvalho, é o público jovem: “Há hoje o desejo de quebrar o preconceito juvenil, de que Machado de Assis é obtuso, de difícil compreensão, que se tem quando se lê o autor aos 14, 15 anos.” Explicou o diretor.

Já na Rede Record, será exibido um especial de fim de ano baseado no conto “Os Óculos de Pedro Antão”. A produção faz parte do projeto “200 Anos de História”. A grande notícia é que esse especial poderá servir de piloto para uma minissérie com cinco episódios que contará, possivelmente, com a adaptação dos contos: “Idéias de Canário”, “Uns Braços”, “Umas Férias”, “Um Esqueleto” e “A Causa Secreta”. Diferentemente da Globo, a Record utilizará nesses projetos atores experientes.

É absolutamente válido o resgate da obra de Machado de Assis mesmo que na linguagem televisiva. É preciso mostrar ao público jovem que existe algo além de Paulo Coelho. Tiro o chapéu para esses projetos e espero que outros escritores da literatura brasileira sejam contemplados.

Ed Cavalcante

(Copiado, com permissão, do Blog Post Séries, de Ed Cavalcante )

sábado, 15 de novembro de 2008

Poesia que eu poderia ter escrito


Gosto desse autor desde a infância. Tive contato com sua poesia na escola e seu nome ,singular(J.G. de Araújo Jorge), nunca me saiu da memória. Quando li essa poesia, tive a impressão de que havia sido escrita por mim,tamanha a identificação que senti. Às vezes sinto essa tristeza ,aparentemente, sem explicação,e exatamente ontem me senti triste o dia todo,coração apertado sem um motivo específico. No final tem o link do site para sabermos mais sobre sua vida e obra.

" Triste "

Eu hoje acordei triste, - há certos dias
em que sinto esta mesma sensação...
E não sei explicar, qual a razão
porque as mãos com que escrevo estão tão frias ...

E pergunto a mim mesmo: - tu não rias
ainda ontem tão feliz ... diz-me então
por que sentes pulsar teu coração
destoando das humanas alegrias ? ...

E, nem eu sei dizer por que estou triste ...
Quem me olha não calcula com certeza,
o imenso caos que no meu peito existe ...

A tristeza que eu sinto ninguém vê...
- E a maior das tristezas é a tristeza
que a gente sente sem saber por quê !...




( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
Vol. I - 1a edição 1965 )
http://www.jgaraujo.com.br/index.html

Milhares de registros de MPB chegam à rede



FOLHA DE PERNAMBUCO

Rio de Janeiro (Folhapress)
- Com o propósito de preservar -mesmo que a princípio só para ele e os amigos chegados - um pouco da história cultural do Brasil, o compositor, escritor, produtor, diretor de espetáculos e pesquisador Hermínio Bello de Carvalho guardou em armários e gavetas um acervo de preciosidades que, agora, para espanto do próprio colecionador, estará disponível na internet.
O site
www.acervohbc.com.br. entra na rede hoje à noite, trazendo mais de 10 mil itens armazenados por Hermínio ao longo das seis últimas décadas. Com recursos do Programa Petrobras Cultural, o arquivo particular do múltiplo artista foi organizado, catalogado e digitalizado.
Hermínio, de 73 anos, conta que, para poder consultar seu próprio acervo, terá que se adestrar na internet, ferramenta que afirma não dominar com precisão. “Estou aprendendo com eles [os produtores do site]. Estão sendo colocadas em circulação coisas que eu, sinceramente, já não pensava que pudessem ser mostradas’’, diz Hermínio.
Uma das jóias do acervo é a reprodução, no original datilografado, da letra de Hermínio para uma melodia de Tom Jobim (1927-1994). Composta na casa em que o maestro morava em agosto de 1964, ambos estimulados por muito uísque, como lembra o letrista, a canção é absolutamente desconhecida. Não foi gravada e Hermínio não memorizou a melodia, não localizada até hoje nos arquivos de Tom.
O site é dividido em itens de áudio, iconografia e texto. As gravações trazem registros caseiros de música e conversa, interpretações inéditas, shows e concertos que nunca viraram disco. São centenas de canções, com intérpretes de primeira linha, muitos já mortos -Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim, Donga, Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida, João Nogueira. Entre os vivos, Paulinho da Viola, Elton Medeiros e João Bosco.
As fotografias servem como referência ao trajeto de Hermínio na cultura nacional. E a área de texto divide-se em quatro: poesia, com trabalhos de Hermínio publicados em livros, inéditos e manuscritos originais; cancioneiro, com parte da obra musical em parceria com compositores como Cartola, Pixinguinha, Nelson Cavaquinho, Paulinho, Elton, Sueli Costa, Ivone Lara, Martinho da Vila, Roberto Frejat, Ismael Silva e Ataulfo Alves; crônicas, ensaios e material jornalístico editados e inéditos escritos nos últimos 50 anos; e correspondência trocada com personagens como Drummond, Oscar Niemeyer, Isaurinha Garcia e Carlos Cachaça.


11/12/2008

Feira do Livro,pena que não foi em Recife



FOLHA DE PERNAMBUCO

Trocando em Miúdos
Exemplo a seguir

Andréa Cortez

Livro a quem é de direito: o leitor, o povo. Bom seria se a realidade fosse essa de verdade. Não fosse o fato de o nosso País ser dono de índices sofríveis e vergonhosos de analfabetismo - e o que é pior de analfabetismo funcional - o acesso à literatura é ainda mais dificultado diante dos valores dos livros cobrados nas prateleiras das livrarias. Mas existe quem ainda se preocupe com a leitura. Uma iniciativa, que merece ser seguida em todo o país e acaba neste fim de semana na capital gaúcha é a 54ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre, a qual tive oportunidade de conhecer e visitar na semana passada. E não estou falando de um evento destinado para quem tem condições financeiras ver ou que só comercializa porcaria. Nada disso. São quiosques e mais quiosques de editoras e livrarias (e etc.), vendendo livros a preços acessíveis à população. Os famosos balaios que o digam. Uma das principais atrações do evento literário, eles comercializam obras - inclusive de renome - a custo bem popular: R$ 3 e R$ 5, por exemplo. Nada de lugar fechado, com acesso pago. A feira acontece bem ao alcance de qualquer cidadão: na rua, no centro da cidade, e ocupa milhares de metros quadrados, oferecendo muitos atrativos paralelos à venda dos livros. Essa é apenas uma das ações que demonstram porque o gaúcho é o povo que mais lê no Brasil. Um exemplo simples e que merece ser seguido por todos.

12/11/2008

sábado, 8 de novembro de 2008

A borboleta e o cavalinho



"Esta é a história de duas criaturas de Deus que viviam numa floresta distante há muitos anos . Eram elas, um cavalinho e uma borboleta. Na verdade, não tinham praticamente nada em comum, mas em certo momento de suas vidas se aproximaram e criaram um elo. A borboleta era livre, voava por todos os cantos da floresta enfeitando a paisagem. Já o cavalinho, tinha grandes limitações, não era bicho solto que pudesse viver entregue à natureza
Nele, certa vez, foi colocado um cabresto por alguém que visitou a floresta e a partir daí sua liberdade foi cerceada. A borboleta, no entanto, embora tivesse a amizade de muitos outros animais e a liberdade de voar por toda a floresta,gostava de fazer companhia ao cavalinho, agradava-lhe ficar ao seu lado e não era por pena, era por companheirismo, afeição, dedicação e carinho. Assim, todos os dias, ia visitá-lo e lá chegando levava sempre um coice, depois então um sorriso.
Entre um e outro ela optava por esquecer o coice e guardar dentro do seu coração o sorriso. Sempre o cavalinho insistia com a borboleta que lhe ajudasse a carregar o seu cabresto por causa do seu enorme peso.
Ela, muito carinhosamente, tentava de todas as formas ajudá-lo, mas isso nem sempre era possível por ser ela uma criaturinha tão frágil. Os anos se passaram e numa manhã de verão a borboleta não apareceu para visitar o seu companheiro.
Ele nem percebeu, preocupado que ainda estava em se livrar do cabresto.E vieram outras manhãs e mais outras e milhares de outras, até que chegou o inverno, o cavalinho sentiu-se só e finalmente percebeu a ausência da borboleta.
Resolveu então sair do seu canto e procurar por ela. Caminhou por toda a floresta a observar cada cantinho onde ela poderia ter se escondido e não a encontrou. Cansado se deitou embaixo de uma árvore.
Logo em seguida um elefante se aproximou e lhe perguntou quem era ele e o que fazia por ali.- Eu sou o cavalinho do cabresto e estou à procura de uma borboleta que sumiu.- Ah, é você então o famoso cavalinho?- Famoso, eu?- É que eu tive uma grande amiga que me disse que também era sua amiga e falava muito bem de você.Mas afinal, qual borboleta que você está procurando?
- É uma borboleta colorida, alegre, que sobrevoa a floresta todos os dias visitando todos os animais amigos.- Nossa, mas era justamente dela que eu estava falando. Não ficou sabendo? Ela morreu e já faz muito tempo. Morreu? Como foi isso? Dizem que ela conhecia, aqui na floresta, um cavalinho, assim como você e todos os dias quando ela ia visitá-lo, ele dava-lhe um coice.
Ela sempre voltava com marcas horríveis e todos perguntavam a ela quem havia feito aquilo, mas ela jamais contou a ninguém.
Insistíamos muito para saber quem era o autor daquela malvadeza e ela respondia que só ia falar das visitas boas que tinha feito naquela manhã e era aí que ela falava com a maior alegria de você.
Nesse momento o cavalinho já estava derramando muitas lágrimas de tristeza e de arrependimento. Não chore meu amigo, sei o quanto você deve estar sofrendo. Ela sempre me disse que você era um grande amigo, mas entenda, foram tantos os coices que ela recebeu desse outro cavalinho,que acabou perdendo as asinhas, depois ficou muito doente, triste, sucumbiu e morreu.
- E ela não mandou me chamar nos seus últimos dias?- Não, todos os animais da floresta quiseram lhe avisar, mas ela disse o seguinte:- Não perturbem meu amigo com coisas pequenas, ele tem um grande problema que eu nunca pude ajudá-lo a resolver. Carrega no seu dorso um cabresto, então será cansativo demais pra ele vir até aqui.""

"Você pode até aceitar os coices que lhe derem quando eles vierem acompanhados de beijos, mas em algum momento da sua vida as feridas que eles vão lhe causar, não serão mais possíveis de serem cicatrizadas.
Quanto ao cabresto que você tiver que carregar durante a sua existência, não culpe ninguém por isso, afinal muitas vezes, foi você mesmo que o colocou no seu dorso, OU PERMITIU QUE FOSSE COLOCADO.
Espero que você possa aceitar as coisas como são, sem pensar que tudo conspira contra você… Porque parte de nós é entendimento… a outra parte é aprendizado…
Que você possa ter forças para vencer todos os seus medos… Que no final possa alcançar todos os seus objetivos…Que tudo aquilo que você vê e escuta possa lhe trazer conhecimento….
Que essa escola possa ser longa e feliz… Pois parte de nós é o que vivemos, a outra parte é o que esperamos…
Que durante a sua vida você possa construir sentimentos verdadeiros….
Que você possa aceitar que só quem soube da sombra, pode saber da luz.
Para ser feliz não existe poção mágica.É preciso somente que tenha a alma limpa e desprovida de mágoas e rancores.
Quanto mais tempo ficarmos remoendo as dores mais tempo levaremos para cicatrizar as feridas.
Estamos aqui de passagem. Nada trouxemos e nada levaremos.Cada um é livre para cumprir a sua missão…
Agradeço, Senhor, os verdadeiros amigos, mesmo imperfeitos e limitados!
Muitas vezes decepciono-me, esquecida(o) de que sou eu quem erra quando espero deles uma perfeição e um perfeito amor o qual somente tu possuis e mesmo aqueles que te amam verdadeiramente, são falhos, porque são humanos.
Agradeço, Senhor, pela tua compaixão, pela tua graça, pela tua bondade, que estão sempre presentes, sustentando-me nos momentos mais difíceis.
Agradeço, Senhor, pela pessoa que sou.
E QUE MEUS AMIGOS ME PERDOEM POR SER IMPERFEITO"

sábado, 1 de novembro de 2008

FALTOU DIZER NÃO


Faltou dizer Não

O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por… Nada?
Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade?
O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes?
O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'. A garota disse não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não.
Seu desejo era mais importante.
Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados.
Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único.
Faltaram muitos outros nãos nessa história toda.

· Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19.

· Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha.

· Faltou outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida.

· Faltou a polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá.

· Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram.

Simples assim. NÃO.
Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na cabeça.
O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças.
Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos ( e alguns maridos, temem dizer não às esposas ). Pessoas têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos.
E assim são criados alguns monstros.
Talvez alguns não cheguem a seqüestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal.
Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes.
Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer:

· Não, você não pode bater no seu amiguinho.

· Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos.

· Não, você não vai fumar maconha enquanto for contra a lei.

· Não, você não vai passar a madrugada na rua.

· Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação.

· Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos.

· Não, essas pessoas não são companhias pra você.

· Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate.

· Não, aqui não é lugar para você ficar.

· Não, você não vai faltar na escola sem estar doente.

· Não, essa conversa não é pra você se meter.

· Não, com isto você não vai brincar.

· Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque.

Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante.
Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranqüilo e livre, consigam perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não.
Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. E quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem.
O não protege, ensina e prepara.
Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãos que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a verdadeira prova de amor.
E é também aí que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.


Texto de Karina dos Santos Cabral