sábado, 23 de abril de 2011

Fundação Roberto Marinho, escolha melhor seus 'professores'!

         Fico pasma com esse Projeto Travessia, que seleciona gente incapaz de ser aprovada em concurso público para professor. A seleção deve levar em conta graduação, pós-graduação, experiência em escolinhas, mas não verifica a competência linguística da pessoa, a capacidade de se expressar corretamente na língua materna, a correção vocabular. Além disso, não mede o caráter, a conduta, a postura profissional, os valores pessoais, a ética...
          O resultado é desastroso! Gente que estudou em faculdade paga, onde qualquer um entra, mas só se preocupou em pegar o diploma para ganhar dinheiro. Aquisição de conhecimentos abaixo da crítica. Vocabulário pobre, falta de coesão e coerência nos arremedos de texto que escreve, erros crassos, inadmissíveis! Alguns exemplos de barbaridades cometidas por gente que 'ensina' língua portuguesa: recifence, empeça, enserida, cilicone, ecomenico, proficionais... Estou exagerando?
         Como se não bastasse a incompetência profissional, existe a vulgaridade pessoal. Como uma professora agride na internet uma pessoa, usando expressões vulgares, 'rasas', 'chulas', indignas de uma educadora? Tenho até vergonha de reproduzir aqui. Mas a indignação foi tanta, que salvei e publicarei como forma de protesto e de repúdio. Gente dessa qualidade não deveria ter contato com crianças nem com adolescentes. Imaginem o perigo, para o caráter em formação, da proximidade com gente tão reles que tem a coragem de expor a si mesma publicando esse lixo em seu próprio orkut.



Clique nas imagens para ampliar e confirmar a veracidade das minhas palavras. Com a palavra a Fundação Roberto Marinho, A GRE, o Ministério Público, o amásio ou quem se interessar. Tenho dito!

Porque homem trai com mulher Feia e Burra?

Tá provado que 100% dos casos, os homens quando traem é sempre com mulher feia e burra. Esse tipo de mulher, por norma, rouba o cara da namorada, mas é tão burra que pensa que nunca será traida até o dia que o cara a trai com outra e ela bobinha fica pensando que a traição acotece com todas menos com ela. Só que um cara que trai 1 vez, trai 2 ou 3.
O mais caricato é que a mulher que rouba o cara da namorada nunca chega a ser mais bonita que a ex, é feia pra caramba! O cara traidor escolhe sempre mulheres feiosas, que é o troco por ter brincado com os sentimentos da ex-namorada.
O cara sabe que a mulher que foi sua cumplice na traição é tão feia, que quando  trai a feia com outras, diz pras outras que ela é a priminha que morava no nordeste e mente com quantos dentes tem pra ela só para se lambuzar com outras, ficando a burra da cumplice de traição pensando que realmente é a unica mulher da vida dele. Que vcs acham disso?

Detalhes Adicionais

Burra sim! Porque se ele a trai com outras e ela não descobre, só pode ser burra e se fica com cara que trai é Burra e se ajuda a trair, é cumplice do cara É Burra ao Quadrado!!!O cara ainda zoa dela, dizendo que ela é a priminha dele do nordeste e inventa montão de desculpas para estar com outras e a Burrinha não descobre, é porque é mesmo Burra.

As ex são mais inteligentes porque descobrem a traição e ainda os põem pra correr. Enquanto a cumplice de Traição normalmente nem imagina a quantidade de Chifrões que tem em cima da cabeça porque pensa que ele JAMAIS fará isso com ela, o que é pura mentira.
 
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100208163159AAlyvco

O ABC da língua maldita

 O ABC da língua maldita
Escrita em 28/04/08 às 17:28 por Marcos Alberto
A vez do Internauta Por Marcos Alberto

A língua é dos órgãos mais moles do corpo humano. Mas é dura no falar.

As pancadas da língua doem mais do que as cacetadas de um policial militar, estas deixam hematomas, mas a língua aleija. muita gente aleijada hoje por causa da língua maldita, talvez você seja esta pessoa. mais pessoas deformadas com veneno da língua do que com picadas de cobras. Quantas famílias têm sido destruídas, pela peçonha do cuspe? Quantos casamentos falidos e relacionamentos desfeitos com o chuvisco da saliva. A saliva de uma boca maldita é como um ácido que sai destruindo o que encontra pela frente. A língua maldita causa feridas na alma, a língua frouxa deixa ouvintes em aperto, a língua tagarela deixa pessoas envergonhadas, a língua maldita faz rolar cabeças como navalhas afiadas, a língua maldita lança palavras que não voltam. Quem já sofreu por causa de uma língua ferina? Quem já fez outros sofrerem por sua língua?

De fato, um órgão tão pequeno é capaz de causar estragos tão grandes, nada é tão escorregadia como a língua. Uma boca escancarada e uma língua lisa são elementos propícios para disseminar uma fraude. Muitas pessoas têm caído por darem crédito às mensagens enganosas, outros afundam por que sua língua é areia movediça, está cheia de lodo por isso eles escorregam no falar. Os estragos da língua maldita são tão devastadores quanto uma bomba detonada entre uma multidão, os efeitos de destruição são instantâneos.

"A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto"(Pv 18:21). Uma pessoa pode ter dentes postiços, mas sua língua sempre verdadeira. Quem fala a verdade não precisa estar se lembrando do que disse: A língua mentirosa precisa adaptar novos detalhes, pois o desgaste da memória em face do seu malabarismo acaba por torná-la mais incoerente. Vejamos o ABC da língua maldita:

AFRONTA: A língua ultraja e fere, ofender as pessoas é uma das principais atividades de uma língua maligna. sempre um prazer mórbido em manchar a personalidade e uma volúpia em ferir o caráter. Afrontar é um prato feito para uma língua infernizada.

O veludo da língua não consegue esconder seus espinhos. (Pv 24:2; 21:6; 18:7) "Porque o seu coração medita a violência; e os seus lábios falam maliciosamente".

"Ajuntar tesouros com língua falsa é uma vaidade fugitiva; aqueles que os buscam, buscam a morte".

"A boca do tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios um laço para a sua alma".

BOATOS: Toda pessoa que conta boatos sofre de uma inflamação na língua, a doença da língua solta sempre reflete um caráter maldoso. Costuma-se dizer: "Onde fumaça, fogo". Mas fumaça em certos casos, é apenas o bafo quente de uma boca suja num inverno moral.

Spurgeon dizia: "Não creia em metade do que você ouve; não repita metade do que crê; quando ouvir uma notícia negativa, divida-a por dois, depois por quatro, e não diga nada a ninguém do restante dela. (Pv 12:18-19) " tagarelas cujas palavras ferem como espada; porém a língua dos sábios traz saúde. O lábio veraz permanece para sempre; mas a língua mentirosa dura só um momento".

CALÚNIA: A língua maldita é especialista em calúnia.

Define-se calúnia: como algo que entra por um ouvido podre e sai como vômito por uma boca fétida. A calúnia é como lesma, deixa sempre o visco onde passa. O caluniador é o parente mais próximo do demônio e o mais interessante com esta "família" é que, tanto os que divulgam como os que escutam, se equivalem. (Pv 18:20) "O homem se fartará do fruto da sua boca; dos renovos dos seus lábios se fartará".

Sabemos perfeitamente se uma pessoa é do maligno pelo conteúdo de sua linguagem. A conversa é um dos melhores instrumentos de diagnósticos. (Mt 12:34) "Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? Pois do que em abundância no coração, disso fala a boca". Não pode ser puro o coração de alguém cuja língua não é limpa.

A língua verdadeira é um grande patrimônio. (Fp 4:8) "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude, e se algum louvor, nisso pensai".

Tenha cuidado com seus pensamentos secretos, eles podem explodir em palavras a qualquer momento. O descuido com os pensamentos é tão perigoso, como manuseio acidental de explosivos. A primeira tarefa de quem fala é cuidar de seus pensamentos. (Rm 12:2)

"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimente qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". Quem nasceu de novo, tem uma língua nova, pois a Graça transforma. Deixe Jesus mudar sua mente, seu coração, e com certeza suas palavras serão mudadas.

Conta-se que, um dia, um amigo foi procurar Sócrates, o célebre filósofo grego, desejando contar-lhe alguma coisa sobre a vida de Andréas, amigo comum. O filósofo indagou do seu interlocutor, se ele tinha submetido o assunto às três peneiras. Perplexo, o amigo quer saber quais são as três peneiras, e Sócrates especifica:

Primeira peneira: A coisa que vais me contar é verdadeira? Creio que sim, pois me foi contada por alguém de confiança. – Alguém te disse.

Vejamos a Segunda peneira: A coisa que tu pretendes me contar é boa? – Não, exatamente... Respondeu o amigo, hesitante. – Isso começa a me esclarecer.

Verifiquemos a Terceira peneira: que é a prova final: O que tu tinhas intenção de contar-me é de utilidade tanto para mim como para o nosso amigo Andréas e para ti mesmos? – Não, não, não. – Então caro amigo – disse-lhe Sócrates – a coisa que tu pretendias contar-me não é certamente verdadeira, nem boa, nem útil. Assim sendo, não tenho intenção de conhecê-la, e aconselho-te a não procurar veiculá-la.

Ao único Deus sábio seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém.

http://www.lideranca.org/cgi-bin/index.cgi?action=printtopic&id=7329&curcatname=A%20vez%20do%20Internauta&img=internauta

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Canalhas também envelhecem

Abstração

           Medimos as pessoas sempre com as medidas que temos, para um observador que tenha algum tipo de trauma voltado para o álcool, qualquer gole inocente de qualquer pessoa pode significar dependência alcoólica, outro observador voltado para o sexo, qualquer brincadeira inocente com uma criança pode significar indício de pedofilia, outro observador maledicente qualquer comentário de pé de ouvido pode ser uma grande fofoca. Precisamos ter cautela em nossos julgamentos, nem tudo o que vemos é real, olhem para o céu, muitas dessas estrelas que lá brilham à noite, tornando o momento dos enamorados ainda mais aconchegante e romântico, estas estrelas já não mais existem, vemos tão somente sua luz que viaja à velocidade de 300.000 km/s; muitas destas estrelas distam algumas dezenas, centenas, milhares de anos luz daqui da Terra. O corpo celeste pode já não mais existir (outras que passaram a existir e sua luz ainda não chegou aqui, ainda não as vemos), mas veremos sua manifestação luminosa – sua luz ainda pelo tempo em anos luz, compatíveis com sua distância, e ainda chamaremos de louco aquele que ousar dizer que o que vemos não é o que vemos, não é real.
           Coitados daqueles que pautam suas vidas sobre o mundo puramente material. Afirmamos-vos que todo o mundo material que conhecemos é somente aquele que nossos sentidos podem captar, mas a presença da vida é muito mais dilatada que podemos sentir ou supor. Fomos ensinados que uma parede, a da nossa casa ou de nosso local de trabalho, está em repouso! Está mesmo? Se olharmos de nossa cadeira, nosso sofá, estará mesmo em repouso, mas a parede viaja conosco à velocidade de alguns milhares de kilômetros quando é vista em referência a posição do Sol (sabemos que o planeta Terra gira em torno do Sol), e nós e as paredes de nossa casa ou de nosso local de trabalho, somos passageiros deste corpo celeste chamado Terra. Aproximemos um microscópio escolar desta parede e veremos dezenas de seres vivos vivendo em nosso habitat (e sem pagar aluguel), aumentemos a capacidade deste microscópio e poderemos ver moléculas, átomos, núcleos dos átomos e elétrons numa dança da vida que nossos limitados sentidos jamais poderiam supor existirem. Quanta pretensão nossa quando afirmamos que sabemos tudo sobre algo, que somos catedráticos, que somos formados nesta ou naquela instituição de renome (pseudo superioridade). Saibam que este que vos escreve não detém curso superior, não é bacharel, mestre ou doutor em qualquer instituição consagrada ou não pela sociedade; este autor incógnito, mesmo sem formação superior, sem títulos, assegura-lhes é imensamente feliz, uma felicidade intensa e ininterrupta (isto não é uma reclamação). Este estado de felicidade contamina cada um dos objetos que usa para escrever estes textos e estes objetos impregnados por este magnetismo, irradiam de volta tal vibração que permitem escrever neste cadinho identificado pelo autor como salutar, saudável, próprio para transferir para a linguagem escrita as ideias, sugestões, talvez até ensinamentos do ESQUEÇAM O AUTOR!
           Costuma ser assim em nossas vidas, colhemos aquilo que plantamos! Existe um pensamento corrente, em uma corrente religiosa que afirma que “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória!”, e outro que diz que “Quem semeia ventos colhe tempestades!”, e nós lembramos que não devemos imaginar que possamos semear urtigas e esperarmos colher rosas, a colheita será necessariamente urtigas, irritando aqueles que tiverem contato com nossa semeadura. Como já dissemos, o amanhã a Deus pertence, mas o amanhã depende do hoje e o hoje somos nós que fazemos através do nosso livre arbítrio; podemos semear urtigas ou rosas, mas não podemos reclamar por não sentirmos os perfumes das rosas daqueles que as semearam, adubaram, cuidaram para que crescessem fortes e cheirosas. Isto sempre é uma opção, uma filosofia de vida, independente de sermos ou não religiosos ou a que corrente religiosa pertençamos, isto é atitude, vontade de ser útil, compreender que a felicidade individual (que é um estado de espírito) será combatida pela infelicidade coletiva, pois o estado de espírito coletivo (que não vemos, mas que existe e nos influencia) é mais forte que o individual. Sei o quanto é difícil acreditar naquilo que não vemos, não conseguimos perceber pelos nossos sentidos, mas também não vemos a energia elétrica (vemos a sua ação na lâmpada, na geladeira, no microondas), esta – a energia elétrica é consequência do deslocamento dos elétrons que giram em torno do centro do átomo, e até onde sabemos raríssimos seres humanos já conseguiram ver os elétrons, estes só podem ser vistos por microscópios possantes, aqueles que ouvimos falar e que escasseiam por estes laboratórios científicos onde a maioria de nós nunca colocará os pés. Acreditamos na energia elétrica mesmo não a vendo, só percebendo sua ação; percebam também como reagimos quando estamos em ambientes diferentes, como somos influenciados pelo magnetismo predominante do ambiente, quantos de nós já não sentiu paz num templo religioso quando lá esteve quando ele estava vazio? Percebam nossa reação quando estamos numa longa fila e alguém começa a reclamar, logo vem outro, e outro e se não nos acautelarmos, não nos mantivermos serenos, em determinado momento passaremos a fazer coro de revolta pela demora da fila que até então não nos incomodava. Somos influenciados a todo o momento pelos ambientes que freqüentamos, e somos também os responsáveis pela qualidade do magnetismo que estes ambientes detém (lembram-se da semeadura?), podemos fazer a diferença, somos capazes de magnetizar nossos ambientes positivamente através de simples atos corriqueiros como um sorriso, um bom dia, um muito obrigado, um com licença. Acredito que a grande degradação da nossa vida em sociedade foi devido ao esquecimento, descumprimento destas atitudes civilizadas que regem o convívio das pessoas civilizadas de uma sociedade que procura viver dentro dos padrões de civilidade (lembram-se das matérias de OSPB – Organização Social e Política Brasileira e Educação Moral e Cívica que foram extintas das grades curriculares pelos idos dos anos 70?). O que não podemos esquecer é que tudo que existe no mundo material partiu do campo das idéias, pré-existiu lá e somente se for cultivado – no campo das idéias poderá existir aqui no nosso mundo das formas. Conversem com um ex alguma coisa, ex-fumante por exemplo, que importância dava ao cigarro e que importância dá agora ao cigarro, o cigarro é o mesmo, não mudou nada, o que mudou foi que o ex-fumante apagou de sua mente (o campo das idéias) a dependência do cigarro, o prazer de fumar (prazer sim, só quem fumou ou fuma pode saber o prazer que dá e é exatamente por isso que vicia). As opções são sempre nossas, se pensamos que o mundo é ruim, teremos o sol brilhando, fazendo crescer os vegetais, estimulando os pássaros a cantar, mas reclamaremos porque está muito quente; teremos a chuva regando nossas plantações, enchendo nossos lagos, levando o magnetismo negativo das nossas cidades, através do agente neutro e purificador que é a água, mas só veremos lama e enchentes da ação maldosa da chuva; como diz a banda Engenheiros do Havaí em uma de suas músicas “Somos quem podemos ser!”, e nós vos afirmamos que podemos ser muito mais do que somos, depende só de nós! Algum de nós, quando pequenos, tinha a certeza absoluta que seria o que é hoje? Algum de nós nasceu com títulos, não os herdados, aqueles de conquista pessoal? Poderíamos supor que dos anos 60, 70 para cá nossa sociedade desceria tanto nos conceitos de civilidade? Tudo isto é devido as nossas ações individuais boas ou más, que somadas tornam-se ações coletivas, e estas ações coletivas boas ou más permitem acontecer em nossa vida em sociedade este caos social (que ainda pode piorar muito se não estancarmos o processo de degradação que nos é imposto por aqueles que pouca ou nenhuma preocupação tem com o bem estar coletivo) ou a volta da vida em sociedade com civilidade, como se dizia naqueles anos passados “com moral e bons costumes” (aqui não está sendo um lamento saudosista, mas um apelo ao retorno daquilo de bom que foi esquecido), uma época em que as pessoas tinham vergonha de aparecer envolvidas em escândalos (hoje quase todos querem envolver-se em escândalos para ficarem famosos - Big Brother, engravidar propositalmente de famosos ou ricos, ser amante de Senador e depois ganhar muito dinheiro posando nua para uma revista, etc), afinal na sociedade que construímos nos últimos 40, 50 anos não mais nos preocupamos com o que somos, mas com o que temos, as aparências são mais importantes que o conteúdo, e como “quem vê cara não vê coração”, vai aqui uma frase de Rui Barbosa que dizia mais ou menos assim: “Não se deixem enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem!”, e nós vos dizemos que canalhas/pilantras vestem as melhores roupas, frequentam os melhores ambientes e falam da forma mais culta (cuidado para não confundir o todo com a parte, nem todos que vestem as melhores roupas, frequentam os melhores ambientes e falam da forma mais culta são canalhas/pilantras) que baixamos a guarda e deixamo-nos enganar pela falsa verdade que cabelos brancos, roupas bonitas, ambientes sofisticados e forma culta de falar não são próprias de canalhas/pilantras... Estes canalhas/pilantras, como definiu Rui Barbosa, só existem e sobrevivem no mundo das formas e aparências que todos os dias alimentamos com nossas ideias sempre voltadas para o exterior, deixando de lado o mundo abstrato, imaterial que pode e deve ser analisado com a atitude simples de questionar os conteúdos das falas bonitas e cultas, entendendo a verdadeira intenção daqueles que se apresentam para a coletividade. Lembrem-se, quando nos expomos publicamente, todos nós almejamos, pretendemos, queremos alguma coisa, e como não poderia ser diferente o Esqueçam o Autor! também quer. Analisem, questionem, entendam as verdadeiras intenções do Esqueçam o Autor! e se não gostarem ou concordarem, deixem de ler e tirem o Esqueçam o Autor! de suas mentes, pois ele é abstrato, imaterial, só existe e se fortalece porque vocês o alimentam cada vez que lembram ou falam dele.

http://www.gostodeler.com.br/materia/6732/abstracao.html

HOMEM COVARDE – mantenha distância!

Pode não ser uma regra, mas quase sempre que você sai de um relacionamento de onde vem do “fundo do poço”, surge outro “homem vala” disfarçado de “salvador da Pátria” para deixar claro que homem de verdade, sério e que pensa, é mais que um simples mortal entre milhões: é uma espécie em franca extinção.
A gente nunca sabe o porquê do “homem vala” ter aparecido e também, só é possível descobrir que foi mais uma vítima deste cruel covarde, quando ele parte os pedaços que ainda estão inteiros do seu coração. Ai, minha amiga, já era!
Tudo o que falam é a mais pura verdade do que sentem e fazem, mas quando repetimos exatamente tudo igual para eles, são capazes de dizer que nós, mulheres, temos o poder de inverter as coisas, dar duplo sentido as palavras, interpretar mal as coisas e por ai vai. Papo de “canalha escolado”, prestes a fazer uma nova e indefesa presa.
Pensei até em sugerir que uma editora fizesse um manual para as mulheres desavisadas. O objetivo seria prevenir o universo feminino de estar a mercê da ação deste tipo de homem - o que não quer compromisso com nada -, embora assuma que esteja “testando” a mulher. Isso mesmo, como fazemos ao entrar numa concessionária para experimentar um carro no test drive. Se servir, é com ele que fico. Se não atender minhas necessidades, tudo bem... Tem uma outra revendedora bem ali em frente, com modelos mais confortáveis, econômicos e uma maior variedade de, digamos, “opcionais”.
Homens assim são denominados como covardes, aqueles que têm um medo imensurável do chamado “compromisso”. Aliás, esta palavrinha assusta demais os machos. Soa como uma obrigação, um envolvimento além do que eles podem estar, porque na visão dos homens, junto com o compromisso vem um pacote promocional que inclui cobranças, fidelidade, respeito, carinho e, talvez, um amor desinteressado, do qual não estão acostumados.
Enquanto imperar o medo de se entregar de corpo e alma ao outro, sempre vai existir a privação de conhecer o amor e de saber como é desejar o bem de outrem da mais pura e verdadeira forma de gostar. Esse sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro é o que mais assusta o homem, mesmo que o amor seja apenas possível pela afeição, a amizade e a simpatia entre dois seres humanos.
As pessoas não namoram, noivam e casam num piscar de olhos. Isso é claro até mesmo para as crianças. No entanto, quando aceitamos a idéia de nos deixar envolver pelo outro, estamos apenas nos dando uma chance para saber se esse ato vai prosperar ou morrer na areia, como muitos outros. É um acontecimento natural.
O que uma mulher nunca espera é estar sendo testada, usada, enganada. E para o homem que age de uma maneira tão traiçoeira como esta, sendo desleal e medroso, demonstra apenas tratar-se de uma pessoa fraca, fiel apenas aos seus desejos e interesses e, que pouco se importa com o estrago que deixou para trás.
Pior que conhecer e ser vítima de um homem covarde e medroso, vamos confessar, é ter que ouvir frases do tipo: “Não era isso que eu queria”; “Não quero compromisso agora” e “Você estava muito apegada a mim, então me afastei, porque se a gente continuar se vendo vai ser pior”.
Ah, já ia me esquecendo. E quando o canalha covarde finaliza em tom de “sinto muito”? As frases são tocantes, pode acreditar, chega a comover: “Pelo menos estou sendo sincero com você e abrindo o jogo antes que se envolva ainda mais”.
A essa pobre e insignificante criatura, podemos deixar apenas a mensagem de que enquanto não se permitir ser amado, será tão pequeno quanto seus sentimentos, tão mesquinho quanto seus atos e tão infeliz, quanto as pessoas que passaram por sua vida e que poderiam lhe terem feito tão bem, pelo simples fato de desejarem te amar de verdade.

Carla Flávia Rangel Barreto
30 de outubro de 2006.

http://carlaflavia.blogspot.com/2008/03/homem-covarde-mantenha-distncia.html

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Dúvidas pascais



Filho – Papai, o que é Páscoa?

Pai – Ora, Páscoa é... bem... uma festa religiosa.

Filho – Igual o Natal?

Pai – Parecido. Só que no Natal comemora–se o nascimento de Jesus; na Páscoa, se não me engano, comemora–se sua ressurreição.

Filho – Ressurreição?

Pai – É, ressurreição. Marta, vem cá!

Mãe – Sim?

Pai – Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler meu jornal.

Mãe – Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?

Filho – Mais ou menos. Mamãe, Jesus era um coelho?

Mãe – Que é isso filho? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse filho foi batizado! Jorge, esse filho não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele soltar uma besteira dessas na escola? Deus me perdoe! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!

Filho – Mas Mamãe, o Papai do Céu não é Deus?

Mãe – É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

Filho – O Espírito Santo também é Deus?

Mãe – É sim.

Filho – E Minas Gerais?

Mãe – Sacrilégio!

Filho – É por isso que a Ilha da Trindade fica perto do Espírito Santo?

Mãe – Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudo certinho!

Filho – Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?

Mãe – Eu sei lá! É uma tradição. É como o Papai Noel, só que em vez de presentes, ele traz ovinhos.

Filho – Coelho bota ovo?

Mãe – Chega! Deixa-me ir fazer o almoço que eu ganho mais!

Filho – Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?

Pai – Era, era melhor, ou então urubu.

Filho – Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, não é? Que dia que ele morreu?

Pai – Isso eu sei: na sexta-feira santa.

Filho – Que dia e que mês?

Pai – Hum... Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.

Filho – Um dia depois.

Pai – Não, três dias.

Filho – Então morreu na quarta-feira.

Pai – Não, morreu na sexta-feira santa. Hum... ou terá sido na quarta-feira de cinzas ? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois ! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!

Filho – Papai, por que amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?

Pai – É que hoje é sábado de aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.

Filho – O Judas traiu Jesus no sábado?

Pai – Claro que não! Ele morreu na sexta, ora!

Filho – Então por que eles não malham o Judas no dia certo?

Pai – É, boa pergunta. Filho, atende ao telefone pro papai. Se for um tal de Rogério, diga que eu saí.

Filho – Alô, quem fala?

Rogério – Rogério Coelho Pascoal. Seu pai está?

Filho – Não, foi comprar ovo de Páscoa. Ligue mais tarde, tchau.

Filho – Papai, qual era o sobrenome de Jesus?

Pai – Cristo. Jesus Cristo.

Filho – Só?

Pai – Que eu saiba sim , por quê?

Filho – Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?

Pai – Coitada!

Filho – Coitada de quem?

Pai – Da sua professora de catecismo!

Publicado originalmente em 9/4/2009

Maysa

Maysa Figueira Monjardim, de tradicional família de classe média alta, era 
filha de Alcebíades Guaraná Monjardim (Monja), boêmio, que quando jovem jogou futebol
amador, formado em direito tendo exercido cargo de  deputado no Espírito Santo. Monja
pertencia a uma família tradicional italiana onde seus antepassados seguiram a carreira
militar e política. Casou-se com Inah Figueira, bela moça de olhos claros, que havia sido
coroada Miss Vitória, Inah, também pertencia a uma tradicional família do Espírito Santo,
era mestiça de lusitanos com brasileiros. 
Maysa nasceu no Rio de Janeiro, no dia 6 de junho de 1936, às 11:50 horas, 
na casa de seu avô paterno que era médico e ex-senador e fez o parto.  O nome de Maysa é
uma mescla dos dois primeiros nomes de uma grande amiga de Dona Inah, Maria Luysa.
 Seu pai, o popular Monja, tinha muitos amigo no meio mundo artístico do Rio de
Janeiro e São Paulo. Costumava promover noitadas homéricas, em sua casa, regadas a
uísque  e muita musica, com  presenças quase obrigatórias de artistas como  Silvio Caldas e
Elizeth Cardoso.  Monja era um hedonista em um clã  que se orgulhava da ascendência
histórica e nobre. Maysa admirava a total ausência  de convencionalismo com que fora
criada.
A fama de Monja era de ser um sujeito amigo do samba e da noite. Seu 
sogro não gostou muito do seu cartaz de mulherengo  e bom de copo, quando o viu
interessado em sua filha Inah, uma jovem de grande beleza. Monja e Inah fugiram para o 7
Rio de Janeiro onde o casamento foi realizado, longe dos olhos e da censura da família da
noiva, que se viu obrigada a aceitar as circunstâncias, depois do fato consumado e
conformou-se em ter como genro um boêmio feito Monja.
 Segundo Maysa seus pais tinham vida de cigano, pois mudavam de casa com 
muita freqüência. O casal que morava em Vitória, mudou-se para Bauru por motivos
políticos e após algum tempo conseguiu transferência para a capital Paulista, porém Monja
e Inah continuaram trocando de endereço, viviam encaixotando e desencaixotando as coisas
para mudança. Oscilavam entre morar em uma bela casa e morar em uma casa mais simples
devido às perdas de dinheiro de Monja em jogatinas. Aos 6 anos, Maysa ganhou um irmão
Alcebíades (Cibidinho).
Maysa não gostava de ver suas fotos de bebê, ela dizia: “Eu era uma criança
 de cabeça grande, de olhos enormes e corpo pequetitinho. Um monstro.” Contradizendo as
fotos.
 Chegada a hora de Maysa ir para a escola seus pais a matricularam no 
Colégio Assunção e em seguida no regime de internato do Sacre Coeur de Marie. Ambas as
escolas eram dirigidas por freiras francesas onde imperava uma rígida disciplina religiosa e
moral. Durante as folgas do colégio, gostava de jogar futebol com os moleques do bairro.
Nunca foi boa aluna e com a chegada da adolescência o problema se agravou, com queixas,
notas ruins, assim os pais a trocaram de escola matriculando-a no Externato Ofélia Fonseca,
no bairro do Pacaembu. Maysa foi reprovada no 2º ano ginasial, porém não ficou amargurada. No ano seguinte, cursando novamente o 2º ano ginasial e consequentemente mais velha  que as outras meninas, tornou-se uma líder natural do grupo, chamando a atenção por seu modo de vestir e agir. Segundo um de seus primos,  aos 14 anos Maysa já teria tido vários namorados.  Nessa época Maysa começou a ter seus primeiros desentendimentos com a balança, de acordo com seus  exames médicos escolares, neles
apareciam a tendência a ganhar peso da noite para o dia.
 Maysa começou a escrever seus diários. Seu quarto era bagunçado, ela era 
muito carente e nutria paixão pelo cinema. Adorava se trancar no banheiro e cantar. Aos 12
anos ela compôs a música “Adeus”, depois de uma discussão com os pais:
Adeus palavra tão corriqueira
Que diz-se a semana inteira
A alguém que se conhece
Adeus logo mais eu telefono
Eu agora estou com sono
Vou dormir pois amanhece
  Adeus uma amiga diz à outra
Vou trocar a minha roupa
Logo mais eu vou voltar
Mas quando
Este adeus tem outro gosto
Que só nos causa desgosto
Este adeus você não dá.
Certo dia, aos 15 anos, Maysa não vestiu o uniforme comportado da escola,
 saia plissada azul-marinho, camisa branca e gravatinha bordada com bolinhas azuis e
vermelhas e sapatos pretos. Vestiu-se com uma blusa de seda cor da pele e com uma saia
preta, acima dos joelhos e aberta nas laterais, onde apenas um broche de cada lado impedia
que suas coxas ficassem totalmente à mostra, e calçou sandálias de saltos altíssimos.
Maquiou-se, entrou no ônibus e se sentou no último banco, abriu a bolsa e tirou um cigarro,
ao chegar na escola foi barrada. A diretora deu-lhe uma advertência na caderneta e disse-lhe que só entraria no dia seguinte com a caderneta assinada pelos pais. Maysa passou três
dias sem ir a aula, pois não encontrava com os pais para assinarem a caderneta, devido à vida boêmia do pai, que era acompanhada pela mãe, Maysa quase não os encontrava,
quando ela saia para a escola os pais ainda se encontravam dormindo e ao chegar da escola
eles nunca estavam.  Maysa estudou piano clássico durante 8 anos.  Nessa época era comum as 
meninas de famílias tradicionais estudarem piano,  porém nunca teve interesse pelo mesmo,
gostava mesmo era de violão, que para as meninas era um instrumento mal visto pela
sociedade. 
 Certa vez, ao voltar para casa, Maysa encostou o nariz no vidro do ônibus 
ficou admirando uma mansão na Avenida Paulista  e disse para as amigas que um dia iria
morar naquela casa, a mansão dos Matarazzo. Os Matarazzo eram as pessoas mais ricas do
país naquela época (1951).
Desenhos de Maysa
 Andrea Matarazzo, o homem mais rico do país, foi amigo de Monja e 
freqüentava a casa dos Monjardim para noitadas habituais de baralho e uísque.  Maysa e
André, filho de Andrea, se conheceram em Poços de Caldas. Maysa posava para uma foto
em uma charrete, com vestido curto e trancinhas, quando André se aproximou e deu-lhe um
beliscão em suas bochechas. Ela tinha 5 anos e ele 22 anos. Maysa cresceu vendo André
sentado na sala de sua casa. Os pais de Maysa não viram com bons olhos o interesse de
André por Maysa, e mandaram-na para a casa da tia em Vitória. Mas de nada adiantou, pois
Maysa recebia ligações de André. Maysa já estava caidinha por André. Com a segunda 10
reprovação consecutiva do 2º ano ginasial no Ofélia Fonseca, os pais tentaram transferi-la
para o tradicional Colégio Mackenzie, porém o colégio a recusou devido ao seu histórico
escolar. Diante disso Maysa desistiu dos estudos não concluindo o ginásio. 
André convenceu os pais de Maysa de seu real interesse por ela, era sério e 
que seria para casar. A diferença de idade entre eles era de 18 anos. Mesmo namorando
André, Maysa não deixava de paquerar outros rapazes, o que provocava brigas entre os dois
e Maysa acusava André de ser egoísta, em seu diário. Mas ao ficar longe de André, durante
uma viagem dele a Europa, Maysa percebe que sente saudade dele. Quando André volta,
Maysa faz com que André tome uma decisão quanto ao  rumo do namoro que já dura um
ano e meio. Assim, em 24 de janeiro de 1955 eles se casam na Catedral da Sé, Maysa tinha
apenas 17 anos. Eles passaram a lua-de-mel na Europa e ao voltarem Maysa reclama das
obrigações de mulher casada. Eles vão morar na Mansão dos Matarazzo, na Avenida
Paulista, como Maysa havia sonhado anos atrás.  Como a vida com a família de André não
é nem de longe a vida que ela esperava, Maysa se sente entediada. Ela escreve em seu
diário o numero de peças de roupas, bolsas e sapatos que adquire. Ela fica deprimida
devido ao ócio. Maysa engravida e no meio da gestação já está pesando cerca de noventa
quilos. Em 19 de maio de 1956 nascia seu único filho Jayme que atualmente é conhecido
por ser diretor de cinema e televisão. Devido a complicações no parto, Maysa não poderia
mais engravidar.
        Em 1956, ainda durante o período de gravidez, Maysa é convidada por Corte-Real
para gravar um disco para a gravadora RGE. André não concorda com a idéia, porém
acabou cedendo para ver sua mulher sorrir novamente, mas fez algumas exigências de que
ela não poder se apresentar como uma cantora profissional e fez com que a renda do disco
fosse doada para o Hospital do Câncer. Outra exigência seria que na capa do LP não fosse
estampada a foto de Maysa. Ela espera o bebê nascer para gravar o disco. O lançamento de
“Convite para ouvir Maysa” aconteceu no dia 20 de novembro de 1956, seu filho Jayme
tinha então 6 meses.
 Em 1957, começaram os desentendimentos entre Maysa e André, pois Maysa estava
certa de que queria se tornar uma cantora profissional, porém André não concordava com a
opinião da mulher, dizendo que o nome dos Matarazzo seria manchado. Maysa argumentou
com André dizendo que de nada adiantara então ter gravado o disco para a arrecadação de
fundos para o hospital do Câncer já que o trabalho  não receberia um níquel se quer, pois
ninguém sabia da existência do mesmo, assim André concordou com a divulgação das
músicas de Maysa nas rádios, porém iria com ela para o Rio de Janeiro para a apresentação
nas rádios. Maysa começou a cantar na Radio Mayrink (Rio de Janeiro) e depois na Rádio
Record em São Paulo. Durante a apresentação da Radio Mayrink Maysa viu parte da platéia
indo embora e acreditou que aquilo era uma suposta armação feita pela família do marido,
depois da apresentação Maysa disse a André que nada mais seguraria sua carreira nem
mesmo o imenso amor que sentia por ele.
 Maysa recebeu uma proposta para apresentar um programa semanal de televisão no
canal Record, onde receberia 100 mil cruzeiros mensais. A estréia do programa foi ao ar no
dia 13 de março de 1957, dia 13 porque foi uma exigência feita por Maysa por considerar
seu número de sorte e também para neutralizar a obsessão que o dono da emissora tinha
pelo número 7, pois o canal 7 fora inaugurado no dia 27 de setembro e todas as placas dos
carros da emissora terminava obrigatoriamente em 7. Assim surgiram propostas para Maysa
como entrevistas e shows. André perdeu o controle da situação e deu um ultimato a esposa,
ou ela optava pelo casamento ou pelos microfones e a resposta veio em forma da canção
“Ouça”:
Ouça, vá viver
a sua vida com outro bem,
hoje eu já cansei
de pra você não ser não ser ninguém.
O passado não foi o bastante pra lhe convencer
que o futuro seria
bem grande ´só eu e você.
Quando a lembrança com você for morar
e bem baixinho de saudade
você chorar, vai lembrar que um dia existiu um alguém
que só carinho pediu e você fez questão de não dar,
fez questão de negar.
 O casamento com André ainda duraria alguns meses,  porém ficava cada vez mais
difícil esconder as desavenças que aconteciam em público, com direito a xingamentos e
pratos voando.
Maysa gravou “Ouça” em LP e logo se tornou um hino nacional. Maysa recebera a
proposta de uma televisão do Rio de Janeiro para apresentar outro programa de televisão, a
TV Rio, canal 13, número de sorte de Maysa. Mesmo com o casamento por um fio, Maysa
aceitou a proposta e reservou um dinheiro do próprio bolso para pagar as despesas, datam
dessa época o envolvimento de Maysa com a bebida, antes de enfrentar os microfones
sempre tomava uma ou duas doses de uísque.
Na infância Maysa tinha o hábito de beber os restinhos de licores que ficavam nas
taças depois que as visitas dos pais iam embora. 
Em uma de suas primeiras viagens a cidade carioca Maysa pediu que o pai, Monja,
levasse um recado a André, disse que nunca mais voltaria a São Paulo. Assim os jornais
aproveitaram a notícia e caíram em cima dos pais de Maysa e da própria Maysa que acabou
desmentindo a separação e até suspendendo o processo de desquite, Maysa chegou a
declarar que tinham feito as pazes, porém na tarde do mesmo dia desmentiu tudo que falara
de manhã, disse que André e ela realmente iriam se separar.
 Nesse período (1957), Maysa passou a ser muito criticada pela mídia pelo seu jeito
de se vestir, pelas canções que cantava, pela entrevista que não queria dar. Seu jeito de ser
era criticado, nada podia fazer que seu nome já estava estampado nas manchetes dos
jornais, pois no Brasil dos anos 50 a sociedade não aceitava que uma mulher desquitada
cuidasse da própria vida.
Ela continuou com seus programas nas emissoras de televisão. 
Maysa ficara com a guarda de seu filho, Jayme, que na época estava com 1 ano e 3
meses. Seu filho ficou sob os cuidados dos avos maternos, em São Paulo, enquanto ela 13
trabalhava entre o Rio de Janeiro e São Paulo para apresentar seus programas semanais e
fazer alguns shows em boates.
 A casa onde Maysa fora morar de aluguel era simples, três quartos, sala com poucos
móveis, um quarto onde dormia, outro onde trabalhava e o outro com o berço de Jayme e
armário para roupas. 
 Separada de André, Maysa tentou buscar a felicidade, porém enfrentou seguidas
crises de depressão, o que levou Maysa a comer e a beber de forma desregrada, trocava o
dia pela noite. Diante das câmeras chegara a cambalear durante as apresentações de seus
programas, as pequenas doses que a cantora tomava antes das apresentações foram
substituídas por litros de uísque e vodca,  “...quando era preciso cumprir alguns
compromissos, bastava aliviar a tensão com alguns drinques” dizia a cantora. 
 Renovou o contrato com a RGE agora como cantora profissional, pois antes seu
contrato estava como cantora amadora devido às exigências de seu ex-marido. Teve até que
tirar carteira profissional, pois na época se exigia a carteira, mesmo para fins artísticos.
 Tem início uma sucessão de escândalos, Maysa não compareceu aos shows
agendados nas cidades de Salvador, Aracaju e Fortaleza, o empresário não ficou não só na
ameaça de processá-la. Arrastou Maysa aos tribunais, exigindo pagamento de uma
indenização calculada em meio milhão de cruzeiros,  porém o caso foi arquivado. Maysa
disse que o empresário não pagou o adiantamento como estipulado no contrato por isso ela
não compareceu aos shows. Numa viagem de descanso a Três Rios, no interior do Rio de
Janeiro, ela protagoniza um outro escândalo,  depois de uns tragos, Maysa passou o dia
desfilando num conversível com um vestido roxo e decotado e depois decidiu tomar banho
completamente nua, no rio Paraíba do Sul, escandalizando a pequena cidade.  Logo após o carnaval de 1958, Maysa lançou o disco “Convite para ouvir Maysa Nº2”, esse LP incluía a música “Meu mundo Caiu” de autoria da própria cantora.
Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
E agora diz que tem pena
de mim
Não sei se explico bem
Eu nada
pedi
Nem a você nem a ninguém
Não fui eu que caí
Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se o meu  mundo caiu
Eu que aprenda a levantar
 Nessa época Maysa teve um rápido romance com o produtor de programa Carlos
Alberto Loffler. Durante os shows em boates, Maysa parava de cantar caso ouvisse alguém
conversando nas mesas, chegou a atirar o microfone  e os sapatos na cabeça de um
conversador mais renitente. Maysa também perdia a paciência com os fotógrafos e
repórteres e muitas vezes as respostas aos questionamentos deles eram secas.
 A gravadora planejou um 3º LP para a cantora, para ser lançado ainda no 2º
semestre de 1958. O LP foi imposto pela gravadora, essa foi a desculpa que Maysa deu aos
jornalistas, pois esse LP não estava tão bom quanto os outros.
 Em 1958, Maysa com 22 anos, era uma das jovens mais bem pagas da música
brasileira, esse ano renderia a cantora 10 milhões  de cruzeiros (1,5 milhões de reais),
incluindo cachês, contratos com rádio e televisão, comerciais, direitos autorais.
 Em uma terça-feira, 11 de fevereiro de 1958, os vizinhos foram acordados por um
grito de mulher no meio da noite (Maysa). Nos dias seguintes, a notícia estava no rádio e
nos jornais “Maysa tentara se matar cortando o pulso esquerdo com gilete.”, a imprensa não
deixou de explorar a coincidência de que no dia anterior o compositor Assis Valente (autor
de músicas cantados por Carmem Miranda), cometera suicídio ingerindo uma mistura fatal
de guaraná com formicida. 
Alguns dias depois de receber alta do hospital, Maysa negou a tentativa de suicídio,
dizendo que se cortara com o vidro da janela, porém os prontuários do Hospital Miguel
Couto não diriam a mesma coisa. Maysa já havia tentado o suicídio anteriormente. Foram
duas tentativas de suicídio, a primeira, aconteceu alguns dias depois de colocar o namorado
para fora de casa aos pontapés, um playboy chamado  Marco Túlio Galvão Bueno, e a
segunda tentativa, pode ter se dado pelo triângulo  amoroso entre Maysa, Cesar Thedin e
Elizeth Cardoso deixando Maysa mortificada, momentos antes de se apresentar no Club 36.
 Maysa, com um pouco mais de 1 ano de carreira, atingira o topo do sucesso. Foi
cantora revelação de 1957 e nessa mesma época estrelava dois programas só seus, no Rio
de Janeiro – Tv Rio e em São Paulo – Tv Record.  A  cada semestre, a conta bancária
engordava cerca de meio milhão de cruzeiros só em direitos autorais. Em janeiro de 1958,
fez a primeira viagem Internacional ao Uruguai, para se apresentar como cantora. E nesse
mesmo ano participou cantando em quatro filmes: Matemática Zero, Amor Dez de Carlos
Hugo Christensen; O cantor e o milionário de José Carlos Burle; O Batedor de Carteiras de
Aloísio Tide de Carvalho e Camelô da Rua Larga de Hélio Barroso e Eurípides Ramos. No
filme, O Batedor de Carteiras, chegou no meio da madrugada quase de manhã para gravar e
o diretor havia combinado com ela no final da tarde. Maysa pediu para o contra-regra
comprar um litro de vodca para ela.
 No final desse ano, o jornal Última Hora estampou  na primeira página “Maysa
ferida: jogou seu carro contra o caminhão”. Era madrugada, por volta das 3h30, Maysa
esborrachou seu carro na traseira do caminhão que estava estacionado sem nenhuma
sinalização junto ao meio-fio da Avenida Atlântica, a principal via de Copacabana. Horas
antes de ocorrer o acidente, Maysa havia saído dos estúdios da Tv Rio, onde apresentava o
programa semanal na emissora, passara em casa e saíra sozinha, depois da meia–noite,
quando um homem que ninguém sabia dizer quem era, insistiu para que o porteiro o
deixasse entrar no prédio, identificando-se como sendo marido de Maysa. Depois disso
Maysa saiu cambaleando. Com o acidente, Maysa, precisou de uma sutura de oito pontos
no queixo. No ano de 1958, não teve um único dia que a cantora não fosse notícia de jornal,
seja em colunas de fofoca, ou em manchetes sobre seu comportamento.
 O acidente com o carro deixou Maysa com uma cicatriz um pouco abaixo do
queixo, a maior de todas as cicatrizes, do lado esquerdo. Depois de um mês de repouso em
sua casa, Maysa percebeu que não adiantava se esconder. Depois de muitos boatos dizendo
que a carreira da cantora havia acabado, Maysa respondeu que nem de longe cogitou em
encerrar a carreira.  No início de março, Maysa, estava na boate Oásis com alguns amigos e com o pai,
quando uma briga começou na mesa ao lado, com muitos socos, dente e braços quebrados.
No dia seguinte os jornais noticiaram  que Maysa havia começado a desordem, ao espatifar
uma garrafa na cabeça de um moço que teria lhe endereçado uma piada de mau gosto e que
seu pai se meteu no barulho, assim Maysa e o pai foram encaminhados para a delegacia
noticiou a Tribuna da Imprensa.
 Maysa participou do programa Preto no Branco que era famoso tanto pelas
incomodas perguntas, quanto pela iluminação que nada escondia.
 O jornal Última Hora trouxe um pretenso perfil psicológico sobre a cantora assinada
por um tal  Dr. T, um “notável psiquiatra”, que escreveu um texto que fazia um arremedo
da teoria freudiana, para concluir que Maysa era um caso clínico.
 Segundo o Dr. T, “analisou”, Maysa era uma mulher contra o mundo, tomando por
base a forma como ela se apresentava diante das câmeras de televisão, a gravidade da voz e
o tipo de canção preferido por Maysa apontam um traço melancólico marcante, de sua
personalidade. A parte nasal, com o abrir e fechar  das narinas em inspiração profunda,
revela idêntico sintoma. A expressão dos lábios, com o movimento para baixo, exibe
comissuras reveladoras de desdém. O “psiquiatra” sugeria que a tristeza de Maysa era
patológica e que a moça estava necessitando, imediatamente, de tratamento profissional
adequado. Resumindo, era uma criatura perturbada.
 Após uma semana Maysa acabou por dar crédito ao diagnóstico do Dr. T, por estar
bêbada, Maysa fez com que o vôo que iria de São Paulo ao Rio de Janeiro atrasasse,
causando um tumulto no avião. A aeromoça pediu para que ela se retirasse da aeronave, por
ordem do piloto, Maysa ficou furiosa e esbravejou, se negando a sair do avião e causando
brigas verbais com os demais tripulantes. Á sugestão de um dos passageiros para chamar a
polícia, a cantora respondeu que estava sendo discriminada por uma cambada de paulista
que estavam a mando dos Matarazzo.
 Apesar da necessidade de divulgar dois LPs, Maysa pediu licença de seus trabalhos
para descansar e assim passar alguns meses fora do  Brasil. Maysa forneceu diferentes
versões sobre a viagem. Em uma versão dizia que fechara um contrato milionário para fazer
apresentações em Lisboa, Londres, Roma e Paris. Depois informou que desistira da turnê e
que faria apenas uma temporada de descanso na Europa. No início de 1959 foi lançado “Convite para ouvir Maysa n° 4”.esse LP incluía duas canções dos compositores Tom
Jobim e Vinicius de Moraes.
Durante a estadia em Portugal, Maysa foi reconhecida por um empresário português 
que a convidou para fazer uma temporada no famoso Casino Estoril. Maysa em uma
entrevista disse que nem no Brasil havia um público tão carinhoso quanto o de Portugal. 
 Em Paris, Maysa se indentificou com o espírito dos jovens que com ar de
desencanto, vestindo jeans surrados e os indefectíveis suéteres pretos de gola role,
perambulavam pelos bares e cafés de Paris, porém Maysa foi mais radical e perambulou a
esmo e chegou a dormir em bancos de praças e parques da cidade, foi conhecer de perto o
submundo dos vagabundos e boêmios das ruas de Paris e brindava com eles dizendo “A vós
que compreendeis o absurdo da vida”. Foi em Paris que Maysa cantou pela primeira vez
“Ne me quitte pas” de Jacques Brel. Na volta de sua viagem Maysa queria publicar um
livro de poemas chamado “Comigos de mim”. 
Após 4 meses Maysa voltou para o Brasil e estava irreconhecível - 10 quilos mais
gordas, pesando cerca de 90 quilos, seus dentes estavam estragados e estava com uma par
de olheiras horríveis. Durante essa viagem, um fotógrafo brasileiro localizou Maysa e fez
uma entrevista para a revista O Cruzeiro. Nessa matéria surgiu que Maysa tentara o suicídio
por 28 vezes, fato não comprovado e que uma dessas vezes teria sido no Rio Sena. E  que
seu desejo era fazer uma turnê  acompanhada de  Charles Chaplin ou de um vira-lata,
justificando o Chaplin por ser a sua outra metade e que não cruzou seu caminho e o viralata porque tem estofo, vasculha latas de lixo, não é propriedade de ninguém. Durante a
entrevista Maysa disse “Esta revolta íntima contra tudo, esta insatisfação, esta fuga de mim
e, ao mesmo tempo, esta eterna procura de meu eu é que me torna infelicíssima.” (sic)
 Enquanto esteve fora do país, André Matarazzo, seu ex-marido, casou-se com uma
estrangeira, Miss Israel de 1954, Vivi Matarazzo. Maysa disse que André se atrasou e que
ela já tinha um novo amor, o lusitano e jornalista Vitor da Cunha Rego, porém o romance
como todos os outros não foi longe.
 Na noite de 24 de outubro de 1959, morreu uma grande amiga de Maysa, Dolores
Duran, que sofreu um ataque cardíaco durante o sono, aos 29 anos. Maysa sofreu um
grande baque com este acontecimento. Maysa sumiu de circulação, sua última aparição foi
no baile de Carnaval Municipal de 1960, estava de maiô e quando a foto foi publicada 18
Maysa viu que seu corpo estava deformado e chorou dias seguidos e dizendo que ela
própria não mais se reconhecia. Em Paris, confessou ao jornalista de “O Cruzeiro”, que
uma vez tentara suicídio depois de se ver no espelho do banheiro e se deparar com uma
mulher em ruínas.
 Um jornalista da Radiolândia descobriu que Maysa fora internada no Hospital
Nossa Senhora do Carmo, com uma crise de pressão baixa, provocada pela ingestão
combinada de uísque e um punhado de comprimidos para dormir. Quando recobrou a
consciência, Maysa pediu aos médicos para ficar no hospital e aproveitou para fazer uma
cirurgia no abdome para se livrar das gorduras extras e realizar plástica no rosto para se
livrar das cicatrizes. Os médicos concordaram. Além das cirurgias, Maysa foi alvo de um
tratamento psicoterápico à base de antidepressivos e uma rigorosa desintoxicação alcoólica,
além de ser submetida à sonoterapia, indução artificial do sono por longo período mediante
o uso de drogas, técnica que era indicada para casos de psicoses agudas, depressões
melancólicas, agitações ansiosas e síndromes psicossomáticas com risco de suicídio.
 A cantora saiu do hospital mais magra e mais bonita. Disse que o motivo de sua
internação era o cansaço e quando um dos repórteres lhe indagou sobre álcool prometeu
parar de beber, que dali por diante seria apenas leite. Parecia estar diferente, mais feliz e
tinha uma surpresa, uma vez por semana daria plantão noturno no hospital como enfermeira
voluntária, assim Maysa voltou a morar em São Paulo. O médico orientou que Maysa
reduzisse sua carga de trabalho, porém ela não seguiu as orientações, estando com a sua
agenda atribulada: às segundas apresentava o programa na TV Tupi (RJ); às terças
apresentava seu programa na TV Itacolomi (MG); às quartas fazia seus programas na TV
Record, às quintas daria plantão no hospital e às sextas se apresentava na Radio Mayrink
(RJ).
 Em junho de 1960, lançou outro LP “Voltei”, era um LP de transição para a bossa
nova. Maysa foi contratada pelo jornal Diário da Noite (jornal Carioca) para escrever 
uma coluna diária chamada “Maysa faz o diário da Noite”, porém Maysa nunca escreveu
uma única linha, quem redigia o texto era o jornalista Raul Giudicelli, que recebeu carta
branca para escrever sobre o assunto que bem entendesse, ele nada recebia por isso. No
meio do ano Maysa avisou que “escreveria a coluna”  do Japão devido a um convite que
recebera da Empresa Real Aerovias para um vôo inaugural entre Rio de Janeiro e Tóquio. 
A cantora fez uma aparição na televisão japonesa, onde acabou se irritando com o
apresentador que avisou que todos estavam ansiosos para ouvi-la cantar e para saber se o
Carnaval era a maravilha que era mostrada no filme Orfeu  Negro. Maysa respondeu que o
tipo de música que ela cantava nada tinha a ver com o samba do filme. Durante a
apresentação Maysa segurava um cigarro entre os dedos. Apesar da irritação, Maysa
agradeceu e ficou lisonjeada por ser a primeira cantora brasileira a cantar no Japão.
 Nos EUA, fizera contato com empresários norte-americanos e trouxe de lá, contrato
assinado com a agência e produtora Associated Booking Corporation, a rede de televisão
ABC, para se apresentar durante 3 anos. Os assessores sopraram aos ouvidos de alguns
repórteres que Maysa, embolsaria cerca de 5 mil dólares – equivalente a 1 milhão de
cruzeiros por semana. Maysa trouxe na volta dessa viagem um yorkshire, chamado
Talismã, escondido da frasqueira, dizia que ele lhe dera muita sorte e que fora comprado
por 50 mil cruzeiros, diferentemente do que disse meses atrás sobre o vira-lata.
 Um dos cacoetes mais lembrados pelos amigos que conviveram com ela, era que ela
enrolava e desenrolava, de forma compulsiva, a fitinha dourada da embalagem do cigarro,
com o dedo indicador e médio.  Era um sinal de que já estava tensa ou que já havia bebido.
 Maysa protagonizou um vexame no aeroporto de Los Angeles, quando o avião fez a
escala, todo mundo queria descer, menos Maysa, ela  não desceu com os demais
passageiros. Ela estava acompanhada da mãe, Dona Inah, tentou demovê-la da idéia de não
descer do avião. Maysa só desceu quando reencontrou  uma amiga Marlene Maria de Lucas
de Oliveira, dos tempos do Sacre Coeur de Marie e do Ofélia Fonseca e que agora
trabalhava na embaixada brasileira em Los Angeles se prontificou a tirar Maysa do avião.
Marlene encontrou Maysa alterada, tensa, sinal de que já bebera além da conta. Com a
surpresa de reencontrar a velha amiga, Maysa, resolveu descer e a seguir para o hotel,
cambaleando, fazendo festa, amparada pela amiga.
 Em 1960, Maysa, lançou mais um álbum, “Maysa canta sucessos”. Nesse álbum,
Inah Monjardim se lançou como compositora. Nesse mesmo ano, Maysa, revelou que
perdera uma fortuna em uma roleta em Las Vegas, a capital mundial do jogo. Chegara a
oferecer ao crupiê o colar de pérolas para continuar apostando no seu número da sorte, o 20
13, que insistiu em não sair naquela noite. Com as mãos abanando, sem colar no pescoço,
acabou por recorrer ao pai, Monja, para sair do aperto financeiro, telefonou e pediu-lhe que
enviasse mais dinheiro do Brasil.
 Maysa foi para os Estados Unidos onde ficaria 3 anos para cumprir contrato com o
dono da Boate Blue Angel em Nova Iorque, deixou seu filho aos cuidados de seus pais,
Dona Inah e Monja. O dono da boate acreditava que Maysa poderia ajudar a reerguer a
boate. Após duas semanas de chegar aos Estados Unidos, a cantora escreveu para um
colunista brasileiro, relatando sobre seu grande sucesso em Nova Iorque, sendo noticia em
jornais, revistas. De fato, Maysa era notícia, porém saía em pequenas notas, muitas vezes
escondidas entre as várias notícias dos jornais. Após um mês do início das apresentações
em dezembro, o Blue Angel anunciou que a cantora passaria alguns dias sem se apresentar,
pois estava gripada e afônica. Os norte-americanos  não sabiam, mas Maysa estava
novamente enfrentando problemas com a bebida e passara a faltar aos compromissos
acertados com Max Gordon. Longe da família e dos amigos, Maysa encarou surtos
depressivos naquela friorenta Nova York coberta de  neve e iluminada para o Natal. A
melancolia a empurrou ainda mais para o álcool. Bebia para esquecer as mágoas e espantar
a solidão, mas as bebidas e as ressacas só contribuíam para deixá-la mais arrasada. Monja
viajou pra os Estados Unidos aconselhando Maysa a voltar para casa, porém a cantora não
deu o braço a torcer. Nessa época, Maysa reencontrou um famoso ator argentino Duílio
Marzio que havia sido seu namorado. Reataram o romance.
 No Réveillon de 1960 para 1961, Maysa deu uma festa em seu apartamento alugado,
onde se encontravam os amigos do casal, depois de muitas doses de uísque, a cantora ficou
agressiva e começou a atirar objetos, cinzeros, vasos, bibêlos para todos os lados, atingindo
alguns convidados. No 1° dia do ano de 61, Duílio acordou assustado e viu o cobertor em
chamas, Maysa, havia dormido com um cigarro aceso entre dedos e quase provocara um
incêndio no quarto. Maysa e Duílio ficaram mais uma semana juntos e depois Maysa se
despediu dele sem maiores formalidades. 
 Ainda em 1961, Maysa, assinou contrato com a Columbia Norte–Americana,
gravando um LP “Maysa sings songs before dawn” nos estúdios da produtora. Tudo indicava
que a produtora estava disposta a investir na cantora brasileira. Mas a cantora voltou para o
Brasil, porque o Blue Angel nem a produtora Associated Booking Corporation não quiseram renovar seu contrato, pois ela deixava as platéias  e os donos das boates a ver navios. Em
certas apresentações Maysa ameaçou os clientes que  estavam conversando, os norteamericanos não aceitaram tal atitude de Maysa. Ao voltar, a cantora disse:“Os americanos
são muito rigorosos nessas coisas de contrato artístico. É tudo muito certinho e organizado.
Não me acostumaria a ter uma vidinha toda regrada como eles exigem”. (sic) E disse que era
ela que decidira dar um tempo na relação com os Estados Unidos. Voltou gorda devido ao
abuso de álcool.
 Depois de voltar para o Brasil, em 1961, Maysa reencontrou o jornalista Ronaldo
Bôscoli e se apaixonaram  um pelo outro. Mas Bôscoli era noivo de cantora Nara Leão, irmã
de Danuza Leão. O que Bôscoli queria mesmo de  Maysa era a sua voz para a Bossa-Nova.
Eles iniciaram um romance. Nesta época, a Revista Manchete propôs a Maysa um desafio: 
que ela fizesse uma auto–entrevista, perguntando a si mesma tudo o que nenhum jornalista
jamais tivera a coragem de lhe perguntar, com o compromisso de que respondesse a tais
questões  sem nenhuma censura. Bôscoli aconselhou Maysa a fazer a auto-entrevista e a
cantora topou. O título da matéria foi: 
Maysa enfrenta Maysa
Você é masoquista?
- Ás vezes. Considero masoquismo aturar sem queixas uma porção de pessoas. Detesto gente
burra e vivo me encontrando com elas.
Se, é só este o seu masoquismo, por que você vive atritando fitas de papel com os dedos,
até fazê-los sangrar?
-Até sangrar é exagero. Tenho este hábito desde menina. Acho que é uma preparação
inconsciente para enfrentar as dores que o destino  sempre me reserva. Dor física, aliás,
jamais me fez medo. Tenho medo apenas do que não depende de mim: amar e não ser amada,
por exemplo.
Seu êxito dependeu apenas de seu talento?
- Já fiz muitas concessões para obter sucesso e hoje estou profundamente arrependida. Agora
não há fabricante de discos que me faça gravar o que eu não sinta.
Caso fosse possível você deixaria de cantar imediatamente?
- Não, para a gente deixar de fazer qualquer coisa  que nos afirme é preciso substituí-la,
sempre, por algo melhor. Para mim, a única coisa melhor do que cantar seria... cantar só para
quem eu amasse.
Eu sei que você não “ama” seu atual publico no Copacabana. Mas pelo menos gosta
dele?
- Por enquanto, não. Grã-fino, geralmente, não gosta de musica e muito menos de artista
brasileiro.
É por isso que você bebe minutos antes de cantar?
- A bebida é a bengala de um velhinho que mora em minha personalidade. Mas tenho certeza
de que uma criança que existia em mim, antes de tantas coisas acontecerem, um dia voltará.
Só então saberei quem sou.      
Mas você não bebe somente antes de entrar em cena, não é? Por que você bebe de modo
geral?
- Primeiro porque quero. Depois porque trabalho para pagar o que eu bebo. Finalmente,
porque tenho senso de autocrítica. Muitas vezes reconheço-me insuportável e eu só suporto
os insuportáveis bebendo.
Você acredita que um dia deixará o álcool?
- Deixarei a bebida quando encontrar o amor. Mas para amar é preciso estar preparada.
Quero, preciso e ainda amarei.
Você se sente sozinha? Tem medo de ficar sozinha?
- Pavor. Quando estou só, tenho certeza de que sou  maior do que eu mesma e isto me
apavora. Ninguém deve conhecer a sua própria dimensão. Você já tentou se matar algumas vezes. Em qual delas foi sincera? 
- Em todas. Mas nenhuma eu queria morrer imediatamente. Por isso morria pouco. Só uma
coisa me faria morrer até o fim: o amor.
 Maysa fechou contrato para cantar em uma  boate de Buenos Aires. Naquela época o
clima em Buenos Aires era tenso devido os conflitos entre partidos e adversários do expresidente Juan Domingos Perón. 
 Certo dia Maysa e Bôscoli provocaram um alvoroço em um restaurante. Eles jogaram
no chão, perto do garçom, uma bombinha que fazia barulho e soltava fumaça e quase
acabaram provocando uma questão de segurança nacional. Os dois fizeram isso, mais uma
vez atirando as bombinhas do alto do quarto deles.
 A dimensão da bebida alcóolica era imensa na vida  de Maysa, e Bôscoli perceberá
que aquilo era uma doença. Preocupado com Maysa, eliminou as garrafas do quarto do hotel,
chegou a derramar os vidros de perfume na pia, porém não teve resultado. Bôscoli pediu que
Maysa desse uma maneirada até que a turnê chegasse ao fim. Um dia, da calçada do hotel,
Bôscoli, olhou para cima e viu algo brilhante, bem lá no alto, era um objeto indefinido, que
parecia pender da janelinha do banheiro do quarto dele e de Maysa.  Bôscoli,subiu ao quarto,
abriu a porta do banheiro, dirigiu-se à janela e constatou que Maysa amarrara ali uma garrafa
na ponta de um cordão e a pendurara pelo lado de fora do prédio. Assim, sempre que fingia
precisar ir ao banheiro, Maysa, içava a bebida e entornava alguns goles.
 Na Argentina, a relação de Bôscoli e Maysa, não escondia a sua construção com base
em afagos e sopapos. E não deu em menos, Maysa, pedira para uma amiga argentina ligar
para Bôscoli, passando-se por uma amiga Miguelita de Nara Leão e falar para Bôscoli que
teria estado no Rio de Janeiro, e que Nara lhe mandara lembranças. Ele ficou animado e
arranhando um portunhol, disse que estava morrendo  de saudades da noiva, que não via a
hora de voltar para o Brasil, que estava cansado de acompanhar aquela turnê com “La
Gorda”.   Maysa, depois do que soube, ficou furiosa, e nem quis esperar o elevador do hotel e
subiu ao seu quarto pelas escadas. Na suíte ao lado, Luiz Carlos Vinhas e Roberto Menescal
perceberam que o casal havia partido para o confronto físico, pelo barulho que atravessava a
parede. Bateram a porta do quarto do casal e quando a porta se abriu, deram de cara com
Ronaldo Bôscoli seminu, de cuecas vermelhas, com arranhões de unhas espalhados pelo
corpo. Mas a vingança de Maysa não ficaria nos arranhões.
 Maysa, destruiria o noivado de Bôscoli com Nara, combinando com os jornalistas que
os esperassem no aeroporto, na volta de  turnê. Ao descer do avião, Maysa se desequilibrou e
Bôscoli lhe deu o braço para ela se amparar. Ela chegou ao saguão do aeroporto de braços
dados com ele e diante dos inúmeros jornalistas presentes ela deu a notícia de que se casaria
com Bôscoli em um mês. A notícia caiu como uma bomba e o próprio Bôscoli não esboçou
nenhuma reação quando a ouviu. Nara nunca mais quis ouvir falar de Bôscoli.
 Os dois discos de Maysa chegaram praticamente juntos às prateleiras das lojas, um
gravado por exigência do contrato com a RGE e o produzido por Ronaldo Bôscoli. Um
Chamado “Maysa, amor e... Maysa” o tema das músicas eram os mesmos bolerões rasgados
e outro “Maysa e a nova onda” que tinha como tema a Bossa Nova.
 Maysa gostava de passar trotes por telefone. Era a rainha dos trotes. Vasculhava a
lista telefônica e parava o dedo em um número qualquer, de preferência se o endereço
indicasse algum lugar distante no subúrbio. Discava o número altas horas da noite e, quando
uma voz masculina e sonolenta atendia do outro lado da linha, ela se identificava como
Maysa e dizia que estava sozinha e queria conversar com alguém, bater um papo, para
espantar a solidão. “Que Maysa?” Ela cantava alguma de suas músicas mais conhecidas ao
telefone, com aquela voz rouca e inconfundível. Depois, o lance divertido era ficar
imaginando como foi o dia seguinte desses caras nos seus trabalhos, nos trens, nas
repartições. Quanto mais Maysa bebia, mais ela demonstrava ter verdadeira obsessão pelo
tema “traição”, depois de umas doses dizia que era  traída pelos amigos e pelos homens,
ficava irritada agressiva e armava cenas diante de Bôscoli e se ele a traía ela também iria traí-
lo. O Sentimento de rejeição invadira sua vida desde os tempos do casamento de André
Matarazzo, dizia que tinha certeza que seu marido a traía e que até teria pressentido uma
insinuação dele para cima da mãe dela, Dona Inah. Depois de a Columbia cancelar o contrato
com a cantora, ela se irritou e foi fazer uma turnê em Vitória, começou a cantar em lugares
que não a mereciam. Bôscoli não iria agüentar a tempestade que estaria por vir e saiu a 25
francesa deixando Maysa para trás, por não conseguir encarar uma despedida, temendo a
reação da cantora. Ao acordar, Maysa quis esganá-lo ao perceber a fuga do namorado e que
nunca perdoaria o fato de alguém sair da sua vida assim, de uma hora para outra.
 Maysa convocou um amigo influente e fez com ele trouxesse Bôscoli de volta antes
mesmo que o coitado saísse da cidade.    
 No 1º trimestre de 1962, Maysa sumira mais uma vez sem deixar vestígios, foi em
abril desse ano que o jornal argentino La razón, revelou o segredo do sumiço de Maysa, ela
estava internada na Clínica Bethlehem, em Buenos Aires para um tratamento de
desintoxicação alcoólica com a ajuda da sonoterapia como ocorrera anteriormente no Brasil.
Após 45 dias amarrada a cama e presa no quarto com grades, ela conseguiu sair da clínica de
manhã e voltou à noite. Foi assim que o jornalista argentino conseguiu uma entrevista com a
cantora, onde ela confessava que se internará para ficar bem com ela mesma, pois o álcool já
estava em sua total plenitude, houve até um momento em que o álcool a levará a um
princípio de “Delirium Tremens”. Chegado o horário  de voltar para a clínica, Maysa não
voltou e ainda culpou o jornalista por tê-la devolvido ao seu caos, disse que ia ao cinema e
depois comer algo. Maysa voltou para o Brasil, mais magra e noiva de um estrangeiro e
pouco tempo depois o noivo sumira em um tiroteio e  Maysa percebeu que talvez tivesse
voltado na hora errada e saiu de circulação e sumiu mais uma vez. Os jornalistas apostavam
quem iria encontrá-la primeiro, como se Maysa fosse um troféu. Em meados de setembro um
jornalista encontrou Maysa em um sítio na região de Jacarepaguá, onde ela concedeu uma
entrevista a revista Fatos e Fotos e depois disse que queria ficar só e que não concederia mais
nenhuma entrevista.
   Maysa estava pensando em levar o filho Jayme para a Europa, onde ela estava e não
voltaria tão cedo ao Brasil. Seria convidada pela gravadora parisiense Barclay para gravar um
disco cantado em francês e em português. Maysa fora convidada para se apresentar no
Cassino Estoril, em Portugal com o  sucesso, concedeu uma entrevista, onde o repórter ficou
impressionado quando viu Maysa acender um cigarro no outro por mais de uma vez. Reparou
também em suas marcas e não agüentando, perguntou a cantora o que eram as marcas e ela
fez uma cara de enfado e respondeu que era marca do tratamento que visera na Argentina e
como dormia muito era alimentada pelas veias. Depois de Portugal, Maysa foi convidada
para cantar no Olympia em Paris, mas era uma apresentação única. 26
  Logo se descobriu o motivo de Maysa permanecer na Europa, era um novo amor, o
belga-espanhol Miguel Azanza. A esposa de Azanza, Ana Gabriela, preparara uma festa para
apresentar Maysa a sociedade espanhola, mas durante a madrugada que antecedeu a festa,
Ana Gabriela pegou Maysa e o marido no quarto de hóspede e expulsou-os de sua casa.
Como não havia tempo hábil para cancelar a festa, a esposa de Miguel manteve o
compromisso e os dois Miguel e Maysa compareceram à festa como se nada tivesse
acontecido. Durante a festa Miguel comunicou aos presentes que o casamento com Ana
Gabriela acabara e que iria se casar com Maysa. Os dois voltaram logo ao Brasil, uma vez
que Miguel não tinha dinheiro para sustentá-los na Europa. O dinheiro pertencia à ex-mulher
dele. O casamento arrastou-se por longos anos. Mas o ciúme mútuo, as eternas discussões e
os excessos de álcool de ambos foram minando a relação a cada dia. Os dois estapeavam-se
publicamente. Miguel chegava a desferir chutes em Maysa para fazê-la entrar no carro,
depois de uma noite em que ambos haviam bebido além da conta, segundo, Flávio Ramos, o
empresário da casa noturna Au Bon Gourmet no Rio de Janeiro. 
 No início do relacionamento de Maysa e Miguel, ele escrevera uma carta ao amigo 
da época de colégio, Oren Wade. No primeiro encontro do casal com o amigo, Maysa não o
cumprimentou direito e dava lhe as costas, anos mais tarde confessou que tivera ciúmes de
seu novo amor, por tê-lo que dividir com seu amigo de infância. Antes de retornar a Espanha
com Miguel, a cantora disse que teria que resolver  alguns assuntos pessoais, como uma
vingança contra Bôscoli. 
 Certa noite telefonou para Bôscoli dizendo que estava com um mau pressentimento e
tinha medo de nunca mais vê-lo. Pediu para que ele  fosse até a sua casa em São Paulo.
Bôscoli disse que não iria, mas a insistência de Maysa fez com que Bôscoli se dirigisse do
Rio a São Paulo, de táxi, acompanhado do amigo Luiz Carlos Mièle, ambos sem um centavo
no bolso, contando que Maysa pagaria a corrida de táxi Rio-Sp. E quando ele chegou a casa
de Maysa descobriu que ela já estava a caminho da Espanha. Bôscoli se dá conta de que foi
enganado e recorre a uma amiga que mora em São Paulo, Marisa Gata Mansa para pagar as
despesas da viagem e emprestar-lhe algum dinheiro para retornar ao Rio.
  No final de 1964, Maysa recebeu a notícia de que seu ex-marido, André Matarazzo,
falecera, vítima de um infarto fulminante aos 45 anos. Com este acontecimento, Maysa,
decidiu chamar o filho Jayme, então com 8 anos , para morar na Espanha, o menino não podia ficar a vida inteira sendo criado pelos avós. Maysa, que sempre dissera que o colégio
interno fora o maior pesadelo dos seus tempos de menina, reservou ao filho destino idêntico.
Depois do acontecido Maysa ficara fora dos noticiários dos jornais e apenas em dezembro de
1965 o silêncio foi quebrado, com a notícia de que Maysa voltara com o filho e o marido
para viver em São Paulo e que estava cheia da vida de cantora profissional.
 Depois de sete meses parada, Maysa voltara a cantar no Urso Branco, uma única
apresentação. Para isso, a cantora teve que se internar em uma clínica de repouso para uma
desintoxicação alcoólica. Estava convencida que o alcoolismo não a deixava em condições
de criar o próprio filho e o mandou de volta para o colégio interno na Espanha.
  Ao sair da clínica, montou uma produtora artística, a Guelmay – uma mistura de seu
nome com o de Miguel. Abelardo Figueiredo foi o grande responsável pela volta de Maysa
aos palcos, pois sem ele, ela não teria quebrado a promessa de se aposentar de modo precoce
feita no final de 1965. Foi ele também que sugeriu a criação da produtora. O programa e os
videoteipes não tiveram nomes, segundo Maysa, só apareceria uma foto do seu rosto na tela. 
E nos videoteipes também apareceria apenas a foto de Maysa. O custo de produção tornaram 
produto invendável, e Maysa teria um prejuízo estupendo com sua empresa natimorta. Era
um produto sofisticado demais, limpo demais, refinado demais para a época. 
 Na boate 706, Maysa e alguns colegas confraternizaram noite adentro, comemorando
o final de um festival de música da Record. Ela já estava passando mal de tanto  uísque que
bebera durante toda a tarde, mas antes do final do espetáculo resolveu desafiar Elis Regina,
dizendo:
 - “Gauchinha de merda, você não canta nada”. Elis que não levava desaforo para casa, 
revidou: - “ Não me provoca não sua pinguça”. E todos viram uma garrafa de uísque voando
sobre as mesas, em direção à cabeça de Elis Regina. Foi o produtor Roberto Menescal que
interceptou a garrafa no ar, antes que ela atingisse o alvo. Depois do ocorrido as duas nunca
mais se bicaram e não perderiam a oportunidade de mostrar isso publicamente. 
 Com o ambiente pesado no Brasil em 1966, a cantora recebeu um convite para fazer
parte de um júri em um programa de TV em Los Angeles e aceitou. Ela e Miguel foram
juntos e como de costume protagonizavam brigas homéricas. Miguel e Maysa voltaram para
a Europa e Miguel ficou feliz de ter uma artista em casa. Miguel exigia que ela cozinhasse e
Maysa se submetia sem reclamar. As finanças do casal não iam bem devido a investimentos
maus feitos e Maysa teve que inúmeras vezes penhorar seu anel de brilhantes que ganhara de
André. Ela e Miguel brincavam de adivinhar onde será que se encontrava o anel.
  Na Itália Maysa alugou uma casa com o dinheiro que fizera em uma temporada em
Viareggio. Pouco tempo depois o casal mudou-se novamente para Madri e lá continuaram a
alternar  brigas, com momentos de cumplicidade. Maysa achava que Miguel era demais para
ela. 
 Maysa gravou 2 discos compactos pela GTA Records, somente o segundo  chegou ao
Brasil.   Em Madri, ela gravou também  um compacto pela RCA Victor espanhola, que saiu
em 1968.
  Maysa, apesar das brigas com Miguel, o definiu como uma pessoa que encanta,
principalmente por sua forma de ser, entretanto falta-lhe um pouco de experiência de vida. 
 Oren Wade, o tutor de Jayme, tornou-se para Maysa  depois de 3 anos o seu maior
confidente, com ele ela podia desabafar e trocar confidências. 
  As dificuldades com Miguel terminaram por aproximar Maysa de Oren. Os dois
acabaram trocando beijos e carícias e Maysa, propôs-lhe uma fuga da Espanha. Tomariam
um avião no meio da noite e iriam para o México. Casariam por lá, viveriam felizes para
sempre e nunca mais veriam Miguel. Entretanto, Oren não aceitou, pois Maysa era a mulher
de seu melhor amigo, ele teve medo de trair a sua confiança, de jogar a vida pela janela ao se
unir a uma pessoa imprevisível como Maysa, apesar de estar apaixonado. Além disso, o seu
envolvimento com Maysa poderia ser ruim para a cabeça de Jayme, visto que ele era o seu
tutor..
 Após a recusa de Oren, Maysa se sentiu muito angustiada, caiu em depressão e
novamente recorreu ao álcool. Nessa época Maysa só conseguiria dormir por volta das quatro
da manhã com a ajuda de dois comprimidos de Mandrix, indutor do sono muito utilizado na
época e que depois teria seu potencial para o vício comprovado pela medicina. Havia
também os remédios para emagrecer que junto à bebida, tornava o efeito devastador para o
organismo. Por duas vezes, em Madri, ela tentou o suicídio, mas Miguel a socorreu em
tempo.
 No final do semestre de 1968, Maysa, planejou uma  grande turnê pela América
Latina, que durou 6 meses, começando pela Venezuela e terminou na Colômbia. Durante a
turnê pela América Latina, Maysa, colecionou uma montanha de recortes de jornal. No final
de 1968 em Lisboa, Maysa foi convidada e aceitou cantar na África, acompanhada do Thilo’s
Combo, o grupo musical lusitano que estava fazendo uma relação musical na terra do fado,
agregando elementos do jazz e da Bossa Nova às sonoridades locais.
 O jornalista e apresentador de televisão Flavio Cavalcanti convidou Maysa para  fazer
parte do júri de “A grande Chance” programa dirigido por ele na TV Tupi do Rio de Janeiro
e  Maysa aceitou, impondo uma condição, de não cantar. Esse convite foi feito em Portugal e
Maysa retornou ao Brasil para integrar o júri.  Em  março de 1969 a TV Tupi do Rio de
Janeiro, presenteou Maysa com um programa exclusivo no horário nobre. O  programa se
chamou “Maysa Especial” e era exibido nas noites de sábado, às 20h 15, com a apresentação
fixa do ator Ìtalo Rossi e direção de Carlos Alberto Loffler. Maysa que era muito tímida, se
benzia e acendia cigarros, antes de entrar para cantar. Nessa mesma época ela começou a 
fazer sessões de psicanálise. 
 Maysa se apresentou no Canecão durante dois meses, com um público espectador de
mil pessoas por noite.  O disco deste show foi considerado um dos mais sofisticados e
musicalmente delicados de toda a sua carreira e saiu pela Copacabana.  Trazia na capa uma
foto em preto e branco de Maysa e Jayme, o menino então com 13 anos e ainda aluno do
colégio interno espanhol.  Essa foto, ao lado do filho foi feita para mostrar o lado mãe de
Maysa numa tentativa de limpar a barra da cantora pela vida desregrada que levava.
 Augusto Marzagão, criador do Festival Internacional da Canção (FIC), foi à casa de
Maysa para convencê-la a participar da quarta edição do FIC, que ocorreria no final de
setembro ou começo de outubro daquele ano. 
 Em agosto de 1970, Maysa, aceita ser repórter, estando somente há três meses na TV
Record participando da edição do Programa “Dia D”, ela conseguiu um furo histórico: cobrir
o julgamento de Charles Manson, que se auto proclamava a reencarnação do Messias e
liderava uma comunidade alternativa que praticava sexo grupal e incentivava o uso de
drogas. Maysa entrevista o advogado de Manson e protagoniza um fiasco diante das câmeras,
ao vivo, quando pede ao advogado que fale sobre o caso. Ela não preparara nenhuma
pergunta sobre o caso e o advogado a repreende frente às câmeras. Ela diz mais tarde que
queria morrer quando viu o videoteipe da entrevista.
 Após o fiasco como repórter, Maysa, numa entrevista ao Jornal do Brasil, confessa
que gostaria muito de ser atriz.
 Ainda em 1970, em uma turnê pelo México, foi convidada pelo produtor e diretor
Ernesto Abonso, para participar de seu próximo trabalho. Isso tudo, rendera-lhe capas e
pôsteres de revistas, além de extensas reportagens  nas páginas dos jornais mexicanos. Ao
retornar do México, Maysa se desentende profissionalmente com Bôscoli, ela havia fechado
um  contrato com Miéle e Bôscoli para um show  no Teatro da Praia. As inúmeras adiações 
do show, fez Maysa riscar o show do seu caderno e acertar contrato de uma temporada no
Canecão com um show dirigido por Wilton Franco sob a regência musical de Luizinho Eça. 
Ronaldo Bôscoli foi aos jornais, ameaçando processar Maysa por quebra de contrato,
acusando-a de lhe dar um cano homérico, deixando-o com um bruto prejuízo nas mãos, pois
arrendara o teatro e, sem show, ficaria inadimplente. A mídia, que tinha ficado um bom
tempo sem perturbá-la, caiu em cima de Maysa. Só que Maysa começou a se encher, ficou
com raiva do pessoal da mídia. 
 Nesse ínterim, o filho de Maysa, Jayme, então com 14 anos, deixou o colégio interno
na Espanha e retornou ao Brasil. Do aeroporto, Jayme foi para o apartamento da mãe, visto
que ela não foi buscá-lo. O rapaz surpreendeu a mãe ao dizer-lhe que não voltaria para a
Espanha e que moraria sozinho, no prédio em que morava seu tio, Cibidinho. Maysa, disselhe que não contasse com sua ajuda financeira e ele respondeu que tinha o dinheiro da
herança que seu pai lhe deixara.
 A relação de Maysa com o filho, não era a mais harmoniosa possível, desde pequeno
ele fora criado pelos avôs e depois encaminhado para um colégio interno. Foram poucos os
anos em que Maysa e Jayme viveram juntos. No casamento do filho, o qual Maysa era
contra, ela apareceu com um vestido vermelho berrante e calçou sapatos enormes com salto
plataforma para poder olhar a família do ex-marido por cima de suas cabeças. Ao partirem
para a lua de mel, Maysa acompanhou o casal até o aeroporto, onde tomaram a escada rolante
a caminho da sala de embarque, trocaram abraços e Maysa ficou lá embaixo, olhando
fixamente para eles, e Jayme via sua mãe cada vez mais longe, até desaparecer do campo de
visão. Assim mãe e filho nunca mais voltaram a se verem.
 Maysa continuava sua vida e seus casos amorosos. Nessa época ela se envolveu com
um dos câmeras do Programa dia D, Laerte, o relacionamento teve um fim trágico. Em 9 de
outubro de 1970,  Laerte morreu depois de tomar um  coquetel alucinógeno, misturando
àlcool e os comprimidos para emagrecer de Maysa. Maysa ficou muito mal.
  Nesse mesmo ano, Maysa, lançou um disco, chamado “Ando só numa multidões de
amores”, pela Philips, era um assumido recuo de tempo para Maysa, que estava com
saudades de si mesma. 
 Maysa recebeu um convite da Rede Globo para cantar no programa Som Livre,
depois de esbravejar, impôs uma condição: só aceitaria se tivesse um papel na próxima
telenovela. Falou de brincadeira e o pedido tornou-se real. 
 Fez também um retoque no rosto na clínica do médico Ivo Pitanguy para melhor
aparecer no vídeo. A personagem de  Maysa chamava-se Simone e  tinha uma história
semelhante a sua, era casada com um industrial, estava cansada da vida de socialite e
abandona o marido, trocando São Paulo pelo Rio. Essa novela passava às 22 horas, chamouse “ O Cafona”, ficou em cartaz entre março e outubro de 1971, com direção de Daniel Filho
e Walter Campos. 
 Maysa também descobriu um novo mundo para ela, o teatro, e tornou-se protagonista
do espetáculo Woyzeck, onde era Maria, a mulher de Franz Woyzeck, um barbeiro e soldado
atormentado pela miséria e pela loucura. A peça foi encenada no teatro Casa Grande e a
própria Maysa bancou o espetáculo do autor alemão Georg Büchner, vindo a ser seu segundo
fracasso como produtora. O espetáculo não seguiu em frente, porque não daria o retorno
financeiro a altura do investimento e da história contada. O insucesso de Woyzeck abriu um
rombo irrecuperável em sua conta bancária, mas ela  não desistiu da carreira de atriz. Em
junho, a TV Tupi a chamou para fazer a telenovela “ Bel-Ami”. Nessa novela, Maysa  fez o
papel de Maricá, uma mulher caprichosa e endinheirada que ajudava o protagonista a subir
na vida, um alpinista social e mau-caráter, que se  torna colunista de jornal. Com a
insatisfação da qualidade do trabalho, esqueceu a lista de desejos daquele tempo e resolveu
construir uma casa na praia de Maricá, há 65 quilômetros do Rio de Janeiro, e que seria o seu
refúgio. 
 Em 1972, Maysa conheceu Carlos Alberto, nos corredores da TV Tupi, o galã da
novela das sete, tendo um caso amoroso com ele, ainda vivendo com Miguel Azanza de
quem se separaria em seguida. 
 Carlos Alberto tivera uma história de casamentos fracassado igual a de Maysa. Tendo 
sido pai de dois filhos, cujas mães levaram embora, não permitindo contato com os mesmos.
  Maysa, por estar feliz com o término de seu casamento, resolveu viajar com a amiga 
Naíla, esposa de Guto Graça Melo, que fizera a percussão do show do Number One. Foram
para Londres, passearam por Madri, visitaram Oren Wade e depois seguiram para Paris. 
 Nesse período Maysa voltou  a beber muito e brigou com Naíla, deixando-a em Paris.
Maysa estava agressiva, gritava e dizia estar grávida. Coisa impossível de acontecer, pois 
desde o parto de Jayme, Maysa não podia mais ter filhos, devido a complicações no pósoperatório da cesariana a deixariam estéril causando-lhe obstrução definitiva nas trompas.
Apesar dos problemas, elas viveram suas aventuras em Londres, quando deixaram de pagar 
a hospedagem, depois de atear fogo no quarto com os cigarros de Maysa.
 A temporada na Boate Di Mônaco em São Paulo foi interrompida em 12 de setembro
de 1972, três dias antes do previsto em contrato, pois Maysa foi internada às pressas no Rio
de Janeiro, por motivos nebulosos. O diagnóstico foi dado como laringite, uma suposta
complicação da gripe mal curada que provocara o adiamento da estréia. Disseram também
que fora vítima de uma forte crise renal, outras versões relataram uma inflamação no
calcanhar. O motivo real de sua internação foi para um tratamento de desintoxicação
alcoólica. 
 Em 1972, Maysa manifesta o desejo de voltar a estudar. Faria o exame supletivo ou
Artigo 99, para depois prestar vestibular para medicina ou jornalismo e nesse mesmo período
montaria a peça “Entre quatro paredes”, do existencialista francês Jean Paul Sartre. Abriu um
brechó, um dos primeiros brechós brasileiros, o “Malé Lixo”, em Copacabana, no Rio de
Janeiro. 
 Maysa e Carlos Alberto moraram cerca de 1 mês em Belo Horizonte, “ideia” que
tivera quando passeavam nas cidades históricas de Minas. Só voltaram para o Rio, porque 
Maysa fora alvo de fofoca que a deixaram muito irritada e fez retornar ao Rio de Janeiro. 
 Pela primeira vez na vida, Maysa, fez um  jornal, no caso O Globo  publicar uma nota
dizendo que aquilo que estavam publicando sobre ela, não tinha data, hora e local e que
aquela manchete não era verdadeira, não podia ser comprovada.  Era o dito pelo jornal e o
não dito por Maysa.
 Em 1973, Maysa e Carlos Alberto foram para Maricá, onde ficaram por um bom
tempo naquele refúgio, e a mesma crescendo devido a sua construção. Na região não chegara
ainda a luz elétrica, para se ter idéia da imensidão do refúgio. Naquele ano Maysa disse em
entrevista a revista “A Cigarra” que: “bom é não ter hora para nada, é acordar de manhã
com os passarinhos cantando, é praia, é peixe tirado na hora, é viver no mar, porque eu sem
mar não sou gente. Mesmo na minha época de zorra, eu tomava meu pileque, mas às sete da
manhã estava na praia curtindo o porre ou começando outro. Eu tenho a impressão de que
vivi esta vida, aquela fase de zorra é como se nunca tivesse existido. Não estou dando uma
de me isolar do mundo, é tudo tão mais completo, tão maior, dentro de uma vitalidade que o
sol dá. Não sei bem explicar o que faço. Leio pra burro, pinto, ouço música, vivo.”
 Quando o repórter quis saber se ela tinha religião, ela disse, não, para ela a filosofia
de vida era Rosa Cruz, ela acreditava no Karma, profundamente. 
 A idéia de maternidade para Maysa, transformou-se em obsessão. Em maio de 1973,
anunciou publicamente que estava grávida, posando para a revista Sétimo Céu ao lado de
Carlos Alberto, exibindo roupinhas do enxoval do bebê. Tinha certeza de que seria uma
menina e já escolhera o nome para ela: “Vida”. Semanas depois, mandou avisar à imprensa
que perdera o bebê. Nas duas vezes que sua cunhada Dora Monjardim teve filhos, um deles 
uma menina chamada Maysa em sua homenagem. Maysa disse à Dora:
“ - Você é quem teve o bebê, mas a criança vai ser minha filha, ainda que indiretamente.”
 Quando a filha de Naíla e Guto Graça Melo nasceu, Maysa ficou irritada em saber
que a madrinha seria Marília Pêra e não ela. Com esse fato Maysa rompeu ligações com
Guto. 
  Nos primeiros meses de 1974, lançaria um novo disco, que seria o último de sua
carreira. Este LP representava para Maysa a sua nova maneira de cantar e a sua verdadeira
maneira de ser, o produtor foi Aloysio de Oliveira. No mesmo ano, em uma entrevista que
Maysa concedera ao Jornal do Brasil, ela disse: “Sofro de solidão, sou uma romântica.” Esta
entrevista foi concedida em uma época em que Maysa estava amadurecida, em que só dava
entrevista depois de analisar se queria, só recebia em sua casa se valesse a pena estar lá.
 Carlos  Alberto recebeu o convite de Janete Clair para ser protagonista da telenovela
das sete na Globo “Bravo!”  Analisou a proposta juntamente com sua mulher,Maysa, pois a
nova novela os  colocaria aos dois em evidência e no alvo da fofoca. Dito e feito, ele aceitou
a proposta e viraram alvos de fofoca. Os jornais diziam que o relacionamento tinha acabado e
era mentira. Maysa estava pela primeira vez amando e com paz interior.
 Em julho de 1975, Maysa disse em uma entrevista que deu para revista Ele & Ela  que
seu relacionamento com Carlos Alberto não estava bem, disse também que apesar das
sessões de análise, acordava sempre angustiada, com as mãos frias e com o desespero
cravado no peito, sem nenhuma explicação plausível. Revelaria que continuava a beber, só
que não em público e sim na sua casa. Nessa mesma época, o coração de Maysa ficou
dividido entre Carlos Alberto e Júlio Medaglia, autor da música tema da novela Bravo,os
dois eram diferentes, embora sedutores. Carlos Alberto para Maysa era o seu porto seguro, a
vida serena de Maricá e Júlio era o artista da música, uma presença marcante, como a 
lembrar-lhe a todo instante a possibilidade de uma retomada de carreira.
 Maysa, a partir do dia 18 de novembro de 1975, uma terça feira, se apresentaria na
boate Igrejinha em São Paulo, em um show dirigido pelo dramaturgo, jornalista e psiquiatra
Roberto Freire. Esta seria sua última temporada de shows. 
 Pink Wainer, filha de Danuza Leão e Samuel Wainer, entrevistou Maysa em seu
apartamento de Copacabana, para um programa de televisão que iria ao ar aos sábados, na
TV Bandeirantes e que tinha o objetivo de fazer um  histórico da vida do entrevistado, Pink
contou que Maysa fora agressiva em seu bate papo, e que houve apenas um momento de
desconcentração quando Maysa ofereceu uísque ao seu cachorrinho basset em um copo
longo, e o mesmo enfiou o focinho comprido que se ajustava perfeitamente ao formato do
copo e bebeu junto com ela. Pink revelou mais tarde ter tido medo de Maysa.
  Depois da temporada no Igrejinha, Maysa internou-se em uma clínica para introduzir
no corpo uma pastilha de Antabuse, uma substância química utilizada para o tratamento do
alcoolismo crônico, em alguns casos o uso de álcool nesse tratamento pode levar a morte. A
substância não eliminaria o desejo de beber, mas o desejo de ficar bem de Maysa estava feito
em sua mente. 
 Dia 22 de Janeiro de 1977, Maysa, levantou da cama pela última vez, particularmente
amorosa. Era sábado, antes de seguir viagem para Maricá, resolvera almoçar com os pais,
que tinham trocado havia pouco tempo São Paulo pelo Rio de Janeiro. Levou consigo o seu
passarinho de estimação, e ao encontrar os pais, pediu que cuidassem dele por uns dias.
Depois do almoço, recostou-se ao lado do pai no sofá, deu-lhe um beijo e deitou a cabeça em
seu colo,dizendo:- “Monja eu te amo.” repetiu o mesmo gesto e a mesma frase para Inah.
Monja notou a filha com ar de cansada, Maysa andava mesmo varando noites em claro, um
dos resultados dos remédios que tomava para emagrecer era a terrível a insônia que a
perseguia nos últimos meses. Maysa, trocara o efeito da bebida por doses excessivas de
medicamentos, que lhe causavam vertigens e tonturas, passou a ingerir compulsivamente
comprimidos de Minifage, inibidor de apetite que provocava vista turva e dependência
química, e Lasix, um remédio para insuficiência renal  que tinha efeito diurético,eliminador
de líquidos, portanto, peso.Por causa dos efeitos do remédio, Maysa, tinha surtos de
embotamentos e delírios.
  Monja recomendou à filha que não enfrentasse a estrada para Maricá naquele estado
e que o melhor seria dormir ali no sábado e no domingo, depois de acordar mais disposta,
pegar o rumo da praia. A filha não deu ouvidos aos conselhos paternos.
 Maysa dirigiu-se em sua Brasília a sua casa em Maricá, passando pela ponte que liga
o Rio a Niterói. Ela corria a mais de cem quilômetros por hora. E trafegava com o vidro
esquerdo, ao lado do volante totalmente aberto. O vidro da direita, fechado. Essa
configuração dos vidros provocou um forte vácuo no interior da Brasília e comprometeu sua
estabilidade. E foi assim que às 17h50, quando  o carro alcançou o décimo ponto em que a
mureta de concreto que divide os dois sentidos da ponte dá lugar a um cabo de aço para
tornar possível o retorno em casos de emergência, exatamente ali, Maysa tentou desviar de
outro veículo e foi atingida por uma rajada de vento forte, algo comum àquela hora do dia
sobre a ponte, que a fez perder o controle do automóvel chocando-se contra o cabo de aço,
para em seguida, bater de frente com violência na quina de concreto armado onde
recomeçava a mureta. O capô do carro invadiu a cabine e o veículo ainda rodopiou pela pista,
batendo os dois lados no muro de proteção. A frente da Brasília azul transformou-se em um
amontoado de ferros retorcidos. Com a intensidade da batida, o volante foi parar na altura do
banco traseiro. Maysa sofreu afundamento de tórax, costelas quebradas, lesões na cabeça e
múltiplas fraturas expostas espalhadas pelas pernas e pelos braços, morrendo antes da
chegada do resgate. Seu caixão foi lacrado e seu corpo coberto inteiramente por rosas
vermelhas. Maysa foi enterrada no jazigo perpétuo 245-c na quadra 30 do São João Batista,
às 13h30.
 O filho de Maysa, Jayme, recebeu a noticia da morte da mãe pelo rádio. Ele se
encontrava numa fazenda de um amigo e acabara de voltar de sua lua de mel, quando de
repente ouviu uma das músicas de sua mãe tocando no rádio, então houve uma interrupção e
o locutor comunicou o falecimento de Maysa.  Maysa em sua carreira de cantora apresentou-se em diversas casas noturnas de São
Paulo, Rio de Janeiro, França, Espanha, Portugal, Uruguai, Paraguai, Argentina, Venezuela,
Colômbia, Estados Unidos e México; 
Foi a primeira cantora brasileira a cantar no Japão;
Foi apresentadora de programas de TV na extinta TV  Rio e em São Paulo na
também extinta TV Record;
Participou de vários Festivais da Canção Nacionais e Internacionais; 
Participou cantando de quatro filmes: Matemática Zero, Amor Dez; O Cantor e o
Milionário; O Batedor de Carteiras; e Cameló da Rua Larga; 
Apresentou-se em programas de rádio e fez comerciais de TV; 
Escreveu um livro de poemas Comigos de mim durante uma temporada que passou
em Paris e Portugal e pretendeu publicá-lo, mas não o fez;
Montou uma produtora de vídeos a Guelmay, a fusão de seu nome com o nome de
seu namorado na época, Miguel Azanza;
Produziu e protagonizou o espetáculo Woyzeck;
Interpretou seu alterego, uma personagem bêbada, na telenovela O Cafona em 1966;
 Participou do júri do Programa Flávio Cavalcanti e também de um programa de TV
em Los Angeles.
2. CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS
 Segundo a leitura da biografia da cantora e compositora Maysa, pode-se levantar os
seguintes sintomas:
1. Sentimento de abandono; 
2. Sentimento de vazio; 
3. Alcoolismo; 
4. Comer compulsivamente; 
5. Fumar compulsivamente; 
6. Medo de abandono; 
7. Disforia; 
8. Tentativas de suicídio; 
9. Delírios; 
10. Pensamento mágico; 
11. Impulsividade; 
12. Mentiras;
13. Desvalorização da auto-imagem;
14. Briguenta 
15. Instabilidade emocional.
3. Transtorno de Personalidade, segundo o DSM-IV:
 È um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia
acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é generalizado e inflexível, tem
início na adolescência ou no começo da idade adulta, é estável ao longo do tempo e
provoca sofrimento ou prejuízo.
Critérios Diagnósticos para um transtorno de personalidade:
A. Um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia
acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Este padrão se manifesta
em duas ou mais áreas: 
- Cognição: modo de perceber e interpretar a si mesmo, pessoas e eventos;
- Afetividade: variação, intensidade, labilidade e adequação a resposta normal;
- Funcionamento interpessoal;
- Controle dos impulsos;
B.  O padrão persistente é inflexível e abrange uma ampla faixa de situações pessoais e
sociais;
C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do
individuo;
D.  Padrão é estável e de longa duração, podendo seu início remontar a adolescência ou
começo da idade adulta;
E.  O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou
conseqüência de outro transtorno mental;
F.  O padrão persistente não é decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma
substância (drogas, medicação) ou condição médica geral.
Grupo B: Dramáticos, emotivos ou imprevisíveis.
Transtorno de Personalidade Borderline: é um padrão de instabilidade nos
relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos, bem como de acentuada
impulsividade. Ocorre:
• Com maior freqüência em mulheres;
• Tende a se tornar menos evidente ou apresenta remissão com a idade.
Transtorno de Personalidade Borderline 
Critérios Diagnósticos: Um padrão global de instabilidade dos relacionamentos 
interpessoais, da auto-imagem e dos afetos e acentuada impulsividade, que se manifesta 
no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, indicado por, 
no mínimo, cinco dos seguintes critérios:
(1) Esforços frenéticos no sentido de evitar um abandono real ou imaginário. 
Nota: Não incluir comportamento suicida ou auto mutilante, coberto no Critério 5.
 As pessoas acreditam que este abandono implica que eles são maus. Não toleram a
solidão ou abandono e têm a necessidade de sempre ter alguém com elas. A percepção do
abandono pode ocasionar alterações na auto-imagem,  afeto, na cognição e no
comportamento. Para evitar o abandono as pessoas podem apresentar comportamento auto
mutilante ou suicida.
(2) Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado
pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização
 Podem sentir empatia e carinho por outras pessoas, mas com a expectativa de que a
outra pessoa estará disponível para atender suas necessidades quando bem entender.
(3) Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da autoimagem ou do sentimento de self.
 Podem ocorrer mudanças súbitas e dramáticas são observadas na auto-imagem,
mudanças de opiniões e planos de carreira, identidade sexual, valores e tipos de amigos.
Esses indivíduos podem apresentar pior desempenho em situações de trabalho ou escolares
não estruturados.
(4) Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria
pessoa (por exemplo, gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção
imprudente, comer compulsivo). 
(5) Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de
comportamento auto mulilante.
 Tentativas de suicídio são as razões pelos quais eles buscam auxilio, ajuda, são
precipitados por sentimentos de rejeição ou separação, ou por expectativas que exigem
maior responsabilidade. A automutilação pode ocorrer durante experiências dissociativas
trazendo alivio pela reafirmação da capacidade de se sentir mal. (perverso)
(6) Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (por
exemplo, episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente
durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias).
 São perturbados por períodos de raiva, pânico, desespero e raramente aliviado por
períodos de bem-estar ou satisfação.
(7) Sentimentos crônicos de vazio.
Sempre estão procurando algo para fazer.
(8) Raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por exemplo,
demonstrações freqüentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes)
 Exibem sarcasmo, persistente amargura ou explosões verbais. A raiva pode vir a
tona quando um cuidador ou amante é visto como negligente, omisso, indiferente ou prestes
a abandoná-la.
(9) Ideação paranóide transitória e relacionada ao  estresse ou graves sintomas
dissociativos transitórios (despersonalização).
Características: 
- podem desenvolver sintomas psicóticos durante períodos de estresse (alucinações,
distorções da imagem corporal, idéias de referências e fenômenos hipnagógicos);
- podem se sentir mais seguros com objetos transicionais do que relacionamentos (animal
de estimação ou posse de um objeto inanimado);
- morte prematura por suicídio pode ocorrer em indivíduos com este transtorno;
- podem ocorrer deficiências físicas devido aos comportamentos automutilantes ou
tentativas fracassadas de suicídio;
- perdas recorrentes de empregos, interrupção dos estudos e casamentos rompidos são
comuns;
- abuso físico e sexual, negligência, conflito hostil e perda ou separação parental precoce
são mais comuns na história da infância.
DSM-IV Manual de diagnóstico de transtornos mentais- 4ª ed. Texto Revisado.
Porto Alegre. Artmed, 2003. Tradução Claudia Dornelles
CID-10
Transtorno de Personalidade com instabilidade emocional:
Transtorno de personalidade é caracterizado por tendências nítidas a agir de modo
imprevisível sem consideração pelas conseqüências,  humor imprevisível e caprichoso;
tendência a acessos de cólera e uma incapacidade de controlar os comportamentos
impulsivos, tendência a adotar um comportamento briguento e a entrar em conflito com os
outros, particularmente quando os atos impulsivos são contrariados ou censurados. Dois
tipos podem ser distintos: o tipo impulsivo, caracterizado principalmente por uma
instabilidade emocional e a falta de controle dos impulsos e o tipo “borderline”,
caracterizado alem disto por perturbações da auto-imagem, do estabelecimento de projetos
e das preferências pessoais, por uma tendência a adotar um comportamento auto-destrutivo,
compreendendo tentativas de suicídio e gestos suicidas.
CID – 10 Classificação Estatística Internacional de doenças e problemas
relacionados a Saúde- Décima Revisão- Vol. 1- Edusp.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As características psicológicas identificadas sugerem o Transtorno de Personalidade
Borderline, por apresentar os seguintes sintomas: sentimento de vazio, medo de
abandono, desvalorização da auto-imagem, impulsividade, compulsão alimentar,
disforia, alcoolismo, compulsão por fumar, instabilidade emocional, delírio,
comportamento automutilante e tentativas de suicídio.
Indivíduos com esse histórico, relatado nos dois mais importantes manuais de
referência em doenças psiquiátricas, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais – Versão IV (DSM IV) e a Classificação Internacional de Doenças – Versão 10
(CID-10), apresentam em suas histórias de vida uma falha no desenvolvimento afetivo com
os pais, retiramento emocional destes ou separação.
Segundo Bowlby, “ as crianças que formam um vínculo de apego com um adulto –
ou seja, um relacionamento sócio-emocional duradouro tem mais possibilidades de
sobreviver”. 
• Crianças que desenvolveram vínculos seguros constroem amizades de
melhor qualidade e apresentam menos conflitos com seus colegas do que
crianças que com vínculos inseguros (Liebermann, Doyle Er Markiewicz)
apud Kail, 2004.
• Crianças em idade escolar têm menor tendência de apresentar problemas
comportamentais se formaram vínculos seguros, e maior tendência se
formaram vínculos inseguros (Carlson, 1998; Wakschlags E Hans, 1999)
apud Kail, 2004.
• É evidente que o vínculo seguro promove a confiança nos outros seres
humanos, o que leva a interações sociais melhores posteriormente ”( Kail
2004).
A teoria de Bowlby confirmada pelos demais citados acima, explica de certa forma
os problemas enfrentados por Maysa. É provável que quando bebê o vínculo criado com a
mãe, que acompanhava o marido em suas noitadas, ou qualquer outra figura parental tenha
sido inseguro, frágil, levando a desconfiança no outro e mais tarde a não criação de vínculo,
com seus parceiros, amigo e inclusive com seu próprio filho.
 Maysa, não teve uma convivência muito convencional com os pais. Ainda criança,
tinha dificuldades de se encontrar com os pais. Estavam sempre dormindo quando ela saia
para a escola e já não estavam em casa quando retornava, devido à vida boêmia que
levavam. Recebeu tratamento muito distante emocionalmente e inconsistente por parte do
pai e principalmente por parte da mãe, chegando a ficar impossibilitada de ir a escola por 3
dias porque não conseguiu encontrar os pais para assinarem uma advertência em sua
caderneta escolar, fruto  de suas peraltices. A confirmação desse retiramento emocional por
parte dos pais se dá quando eles a enviam a um colégio interno. 
(1) Esforços frenéticos no sentido de evitar um abandono real ou
imaginário, nessa fase, a menina demonstra o medo do abandono ao pedir a mãe que lhe
traga um vidrinho com o seu perfume na próxima visita. Maysa derramava o perfume no
travesseiro para dormir sentindo o cheiro da mãe todas as noites. É evidente o sentimento
de abandono. 
Já adulta, o pavor de ficar sozinha (apego inseguro), levava Maysa a passar trotes
por telefone só para ter com quem conversar altas horas da noite.
(4)  Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à
própria pessoa (por exemplo, gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção
imprudente, comer compulsivo),  a adolescência é marcada por comportamentos
rebeldes, saía para a escola sem o uniforme e vestida como uma mulher adulta, com saltos
altíssimos, maquiagem e exibindo um cigarro entre os dedos. Na mesma época começam os
problemas de ordem alimentar e o sobrepeso a compulsão por fumar, ter diversos
namorados e mais tarde já idade adulta, o abuso constante de álcool.
(7) Sentimentos crônicos de vazio.  Sempre estão procurando algo para fazer. A
impulsividade e os sentimentos crônicos de inadequação comprometem sua qualidade de
vida pelo comportamento de risco que adota com a direção imprudente de veículo, jogando
até perder todo o dinheiro de que dispunha para a viagem, inclusive o colar de pérolas que
trazia no pescoço, se relacionando com qualquer um, como em Paris durante uma
temporada em que esteve por lá e passava as noites em companhia de mendigos, rufiões e
prostitutas, sendo inclusive presa por diversas vezes ou encontrada pela polícia francesa
completamente embriagada, época em que se encontrava com mais de 100 Kg de peso. 
(3) Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da autoimagem ou do sentimento de self.  A desvalorização da própria imagem aparece quando,
criança ainda, vê suas fotos  quando bebê e se acha um monstro: com cabeça grande, olhos
grandes e corpo pequetitinho. Mudanças súbitas e dramáticas de imagem, ora deformada,
obesa e infeliz. Ora magra e contente, foram uma constante. Essas mudanças influíam nas
aspirações que Maysa tinha para sua carreira e por isso operava mudanças repentinas em
sua imagem e sua carreira profissional. 
O comportamento de mentir em diversas entrevistas.  Quando da separação do
marido André Matarazzo, ela dá uma entrevista cheia de mentiras que é desmentida por ela
algumas horas depois. Era constante a mudança de valores e mudanças de opinião. 
(6) Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (por
exemplo, episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente
durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias).  A instabilidade
emocional ou oscilação brusca entre emoções como amor e ódio, entre indiferença ou
apatia e o entusiasmo exagerado, alegria efusiva e  tristeza profunda, aparece na
incapacidade de controlar o comportamento briguento e entrar em conflito com todo
mundo, particularmente quando seus atos impulsivos  não são compreendidos ou seus
desejos são contrariados por alguém. Essas crises de fúria e agressividade acontecem de
forma inesperada, intempestiva e, habitualmente, tem por alvo pessoas do convívio mais
íntimo como pais, irmãos, familiares, amigos, namorados, cônjuges. Maysa tem crises
constantes de fúria em meio a festas, apresentações em que agride oralmente, fisicamente e
até atirando coisas em cima das pessoas e chegando as via de fato com diversos namorados.
Pessoas famosas foram alvo de seu sarcasmo, ironias e xingamentos, pontapés, sapatos,
cinzeiros, microfones e garrafas. Maysa não tolerava conversas enquanto cantava. Na
aceitava servir de fundo musical para conversas paralelas, nesse momento todos conheciam
sua fúria.
(5) Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de
comportamento auto mutilante.  Tentativas de suicídio são as razões pelos quais eles
buscam auxilio, ajuda, são precipitados por sentimentos de rejeição ou separação, ou por
expectativas que exigem maior responsabilidade. A automutilação pode ocorrer durante
experiências dissociativas trazendo alívio pela reafirmação da capacidade de se sentir mal.
(perverso).
O círculo se fecha na adoção de um comportamento autodestrutivo, automutilante,
compreendendo as tentativas diversas de suicídio. Por ser uma mulher descasada numa
época em que a sociedade brasileira não admitia tal avanço, Maysa sofreu ataques de toda a
imprensa, onde foi acusada de ter se aproveitado do nome da família Matarazzo, de ter se
separado do marido para se autopromover e de que sua música “Ouça” seria um plágio. A
bebida que entrara na sua vida na tenra infância, quando após as noitadas que os pais
promoviam em casa, ela bebia os restos dos copos de licores dos convidados quando estes
se retiravam, e que retornara na figura de dois goles de uísque apenas para “dar coragem”
de entrar no palco, agora se tornara litros de vodca e uísque. Apresentou inúmeros
programas, cambaleante, completamente embriagada. Segurava-se constantemente nas
partes do cenário para não cair e trazia o semblante fechado, carregado de amarga ironia.
Faltava aos shows contratados. Foi por isso processada judicialmente por empresários. E
tinha uma simples farra transformada pela imprensa  em “bacanal”. Protagonizava
escândalos desnecessários como em Três Rios, interior do Rio de Janeiro.
 A autodestruição e automutilação ficam evidentes.  Essa fase foi responsável por
sua primeira tentativa de suicídio. Maysa cortou os pulsos pela primeira vez aos 22 anos.
Ela tentou o suicídio por diversas vezes, cortando  os pulsos ou misturando remédios às
bebidas alcoólicas. E em algumas dessas tentativas teve o cuidado de preparar a cena para
que seu companheiro, Miguel Azanza, a encontrasse sem vida. E se encantava quando após
a crise se dava conta de que o companheiro a salvara e se fizera isso é porque a amava. O
medo de abandono crônico precisava de uma confirmação de que era amada pelo
companheiro. Mesmo que para isso precisasse arriscar a própria vida.
(9) Ideação paranóide transitória e relacionada ao estresse ou graves sintomas
dissociativos transitórios (despersonalização),   Maysa confessa numa entrevista que
havia sofrido um princípio de Delírio Tremens e que por isso se submetera a um tratamento
de desintoxicação, em Buenos Aires.
 A autodestruição e automutilação ficam evidentes.  Essa fase foi responsável por
sua primeira tentativa de suicídio. Maysa cortou os pulsos pela primeira vez aos 22 anos.
Ela tentou o suicídio por diversas vezes, cortando  os pulsos ou misturando remédios às
bebidas alcoólicas. E em algumas dessas tentativas teve o cuidado de preparar a cena para
que seu companheiro, Miguel Azanza, a encontrasse sem vida. E se encantava quando após
a crise se dava conta de que o companheiro a salvara e se fizera isso é porque a amava. O
medo de abandono crônico precisava de uma confirmação de que era amada pelo
companheiro. Mesmo que para isso precisasse arriscar a própria vida.
Embora o indivíduo que apresenta o Transtorno de Personalidade Borderline,
mantenha condutas até bastante adequadas em grande  número de situações, ele tropeça
escandalosamente em certas situações triviais e simples. A característica básica é o  humor
imprevisível e caprichoso. O indivíduo não mede as consequências de seus atos, importa-se
em dar vazão à cólera e nada mais, tem como resultantes perdas recorrentes de empregos,
interrupção de estudos, romances e casamentos rompidos. A vida conjugal com esse
indivíduo pode ser muito problemática, pois ao mesmo tempo em que se apegam ao outro e
se confessam dependentes e carentes desse outro, de repente, são capazes de maltratá-lo
cruelmente. Patologicamente pode-se dizer que os indivíduos portadores desse transtorno
são muito mais complexos que os neuróticos, embora menos perturbados que os psicóticos,
não apresentando deformações de caráter típicas das personalidades sociopáticas. No
Transtorno de Personalidade Borderline os indivíduos são sujeitos a acessos de ira ou mau
gênio, em completa inadequação ao estímulo desencadeante.

Retirado de : http://fmu.br/site/graduacao/psicologia/arquivos/biografia_maysa_07.pdf