segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Uma reflexão para quem tem filhos

Na sexta feira, dia 12 de maio 2006, uma amiga do meu filho,
a Isa, pulou do 8ºandar do prédio onde morava em Joinville -SC.
Tinha acabado de almoçar, estavacom o uniforme do colégio Bom Jesus,
e a mochila nas costas, o que  indicava
que iria retornar ao colégio, pois nas quartas e sextas
eles têm  aula o dia todo.

Foi um choque para todos os colegas!
Aí vem a pergunta: Por quê?
Ela tinha apenas 15 anos. Que problemas uma menina de 15 anos pode ter?
Fiz esta pergunta ao meu filho, e a resposta me deixou chocada...
Ele me disse: Mãe, eu acho que era falta de colo!
Questionei: Como assim?
E ele me disse:

Hoje em dia, os pais trabalham praticamente o dia todo, sempre com a mesma
desculpa de que querem dar aos filhos tudo aquilo que nunca tiveram e, na
maioria das vezes, eles estão conseguindo. Eles estão dando um estudo no melhor
colégio, cursos de idiomas, dinheiro pra gastar no shopping, um computador de
última geração pro filho ficar enfiado em casa durante o pouco  tempo livre que
sobra, roupas, tênis, celular, tudo muito caro, etc...

E  sempre cobrando da gente boas notas, pois estão investindo muito...
Não era melhor então ter comprado ações, depositado na poupança, ou sei lá onde?
Na maioria das vezes, os pais não têm mais tempo para os filhos, não conversam
mais, não fazem um carinho... Quando a gente chega em casa, o que  mais quer é
o colo da mãe quando vai mal nas provas, ou quando acontece  alguma coisa ruim.

Por que você acha que hoje os adolescentes são quase todos revoltados?
Na maioria das vezes, eles estão querendo chamar a atenção, ser notados, só que
no lugar errado e de forma errada: na rua e com violência.

Espero que a morte da Isa não tenha sido em vão, pois quem sabe desta forma
muitos pais vão repensar suas atitudes para com seus filhos!
Não somos máquinas, não somos todos iguais.
Não é porque o filho da vizinha tira
só dez que todos nós vamos tirar 10...
Talvez, nem todos nós queiramos falar inglês!

Depois de me falar tudo isso em prantos, ele me abraçou e disse, olhando nos
meus olhos: Mãe, obrigado por você estar tão presente em minha vida, por eu
poder contar sempre com você nos bons e nos maus momentos...
Obrigado, também,
pelas broncas,
pois sei que mereço.

O tempo e o amor são os melhores investimentos que vocês fazem pelos seus filhos,
o resto é consequência .

domingo, 22 de janeiro de 2012

Vida depois da vida

Quando morreu, no século XIX, Victor Hugo arrastou nada menos que dois milhões de acompanhantes em seu cortejo fúnebre, em plena Paris. Lutador das causas sociais, defensor dos oprimidos, divulgador do ensino e da educação. 

O genial literato deixou textos inéditos que, por sua vontade, somente foram publicados após a sua morte. 

Um deles fala exatamente do homem e da imortalidade e se traduz mais ou menos nas seguintes palavras: 
 
"A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. 
Na morte o homem acaba, e a alma começa. 
Que digam esses que atravessam a hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto.
Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo? 
Eu sou uma alma. 
Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser. 
O que constitui o meu eu, irá além.
O homem é um prisioneiro. 
O prisioneiro escala penosamente  os muros da sua masmorra. 
Coloca o pé em todas as saliências  e sobe até ao respiradouro. 
Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz.
Assim é o homem. 
O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade. 
Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?
Por que não possuirá ele um corpo sutil, etéreo. 
De que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro? 
A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. 
É por demais pesado para esta terra. 
O mundo luminoso é o mundo invisível. 
O mundo do luminoso é o que não vemos. 
Os nossos olhos carnais só vêem a noite. 
A morte é uma mudança de vestimenta. 
A alma, que estava vestida de sombra, 
vai ser vestida de luz. 
Na morte o homem fica sendo imortal. 
A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela. 
A morte é uma continuação. 
Para além das sombras,estende-se o brilho da eternidade. 
As almas passam de uma esfera para outra, tornam-se cada vez mais luz. 
Aproximam-se cada vez mais e mais de Deus. 
O ponto de reunião é no infinito. 
Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. 
Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito”.


(Victor Hugo) 


Muitos consideram que o falecimento de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, em verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se. 
Assim, diante dos que partiram na direção da morte, assuma o compromisso de preparar-se para o reencontro com eles na vida espiritual. 
Prossegue em sua jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem. 
Pois elas serão valiosas, quando você fizer a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A alegria, a tristeza, a vaidade e a sabedoria

Era uma vez uma ilha onde moravam todos os sentimentos:

- a alegria; - a tristeza; - a vaidade; - a sabedoria; e mais todos dos outros sentimentos e, por fim, o amor...
Um dia, os moradores foram avisados que aquela ilha ia se afundar. Mas o amor ficou, pois queria ficar mais um pouco com a ilha antes que ela se afundasse. Quando, por fim, estava quase afogando, o amor começou a pedir ajuda. Nisso, veio a riqueza, e o amor disse:
- Riqueza, leve-me com você.
- Não posso, há muito ouro no meu barco, não há lugar para você.
Ele pediu ajuda à vaidade, que também vinha passando.
- Vaidade, por favor, ajude-me.
- Não posso ajuda-lo, você está todo molhado e poderia estragar o meu barco novo!
Então, o amor pediu ajuda à tristeza:
- Tristeza, deixe-me ir com você!
- Ah, Amor! Estou tão triste que prefiro ir sozinha.
Também passou a alegria, mas ela estava tão alegre que nem ouviu o amor chamar.
Já desesperado, o amor começou a chorar. Foi quando uma voz o chamou:
Venha, amor, eu levo você!
Era um velhinho, mas o amor ficou tão feliz que esqueceu de perguntar-lhe o nome.
Chegando do outro lado da margem, ele perguntou à sabedoria:
- Sabedoria, quem era aquele velhinho que me trouxe aqui?
A sabedoria respondeu:
- Era o tempo!
- O tempo? Mas por que só o tempo me trouxe?
A sabedoria respondeu:
- Porque só o tempo é capaz de ajudar e entender um grande amor. Dê o tempo ao tempo, pois, no tempo certo, o tempo vai lhe dar tempo, para que lhe dê tempo de pensar e como tempo aprender. Só o tempo apaga e relembra o que já se passou. O tempo ajuda, o tempo ensina, o tempo perdoa. Só o tempo, na sua essência, nos traz a sabedoria de discernir como agir.
Se você colocar um falcão em um cercado de um metro quadrado e inteiramente aberto em cima, o pássaro, apesar de sua habilidade para vôo, será um prisioneiro. A razão é que um falcão sempre começa seu vôo com uma pequena corrida em terra. Sem espaço para correr, nem mesmo tentará voar e permanecerá um prisioneiro pelo resto da vida, nessa pequena cadeia sem teto. O morcego, criatura notavelmente ágil no ar, não pode sair de um lugar nivelado. Se for colocado em um piso completamente plano, tudo que ele conseguirá fazer é andar de forma confusa, dolorosa, procurando alguma ligeira elevação de onde possa se lançar. Um zangão, se cair em um pote aberto, ficará lá até morrer ou ser removido. Ele não vê a saída no alto, por isso, persiste em tentar sair pelos lados, próximo ao fundo. Procurará uma maneira de sair onde não existe nenhuma, até que se destrua completamente, de tanto atirar-se contra o fundo do vidro. Existem pessoas como o falcão, o morcego e o zangão: atiram-se obstinadamente contra os obstáculos, sem perceber que a saída está logo acima. Se você está como um zangão, um morcego ou um falcão, cercado de problemas por todos os lados, olhe para cima! E lá estará DEUS, pronto para ajudar, à distância apenas de uma oração… Como diz a seguinte frase: “Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas.” (CHARLES CHAPPLIN)

A porta do lado

Em entrevista dada pelo médico Drauzio Varella, disse ele que a gente tem um nível de exigência absurdo em relação à vida, que queremos que absolutamente tudo dê certo, e que, às vezes, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara amarrada.E aí ele deu um exemplo trivial, que acontece todo dia na vida da gente. É quando um vizinho estaciona o carromuito encostado ao seu na garagem (ou pode ser na vaga do estacionamento do shopping). Em vez de simplesmente entrar pela outra porta, sair com o carro e tratar da sua vida, você bufa, pragueja, esperneia e estraga o que resta do seu dia. Eu acho que esta história de dois carros alinhados, impedindo a abertura da porta do motorista, é um bom exemplo do que torna a vida de algumas pessoas melhor, e de outras, pior. Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos, mas não entende por que eles parecem ser tão mais felizes. Será que nada dá errado para eles? Dá aos montes.Só que, para eles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença. O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que "audácia" contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fincam o pé, compram briga e não deixam barato.Alguém aí falou em complexo de perseguição? Justamente. O mundo versus eles.Eu entro muito pela outra porta, e às vezes saio por ela também. É incômodo, tem um freio de mão no meio do caminho, mas é um problema solúvel. E como esse, a maioria dos nossos problemões podem ser resolvidos assim, rapidinho. Basta um telefonema, um e-mail,um pedido de desculpas, um deixar barato. Eu ando deixando de graça, para ser sincero.Vinte e quatro horas têm sido pouco para tudo o que eu tenho que fazer, então não vou perder ainda mais tempo ficando mal-humorado.Se eu procurar, vou encontrar dezenas de situações irritantes e gente idem, pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia. Então eu uso a "porta do lado" e vou tratar do que é importante de fato. Eis a chave do mistério, a fórmula da felicidade, o elixir do bom humor, a razão porque parece que tão pouca coisa na vida dos outros dá errado.

(Drauzio Varella)