sexta-feira, 22 de abril de 2011

Canalhas também envelhecem

Abstração

           Medimos as pessoas sempre com as medidas que temos, para um observador que tenha algum tipo de trauma voltado para o álcool, qualquer gole inocente de qualquer pessoa pode significar dependência alcoólica, outro observador voltado para o sexo, qualquer brincadeira inocente com uma criança pode significar indício de pedofilia, outro observador maledicente qualquer comentário de pé de ouvido pode ser uma grande fofoca. Precisamos ter cautela em nossos julgamentos, nem tudo o que vemos é real, olhem para o céu, muitas dessas estrelas que lá brilham à noite, tornando o momento dos enamorados ainda mais aconchegante e romântico, estas estrelas já não mais existem, vemos tão somente sua luz que viaja à velocidade de 300.000 km/s; muitas destas estrelas distam algumas dezenas, centenas, milhares de anos luz daqui da Terra. O corpo celeste pode já não mais existir (outras que passaram a existir e sua luz ainda não chegou aqui, ainda não as vemos), mas veremos sua manifestação luminosa – sua luz ainda pelo tempo em anos luz, compatíveis com sua distância, e ainda chamaremos de louco aquele que ousar dizer que o que vemos não é o que vemos, não é real.
           Coitados daqueles que pautam suas vidas sobre o mundo puramente material. Afirmamos-vos que todo o mundo material que conhecemos é somente aquele que nossos sentidos podem captar, mas a presença da vida é muito mais dilatada que podemos sentir ou supor. Fomos ensinados que uma parede, a da nossa casa ou de nosso local de trabalho, está em repouso! Está mesmo? Se olharmos de nossa cadeira, nosso sofá, estará mesmo em repouso, mas a parede viaja conosco à velocidade de alguns milhares de kilômetros quando é vista em referência a posição do Sol (sabemos que o planeta Terra gira em torno do Sol), e nós e as paredes de nossa casa ou de nosso local de trabalho, somos passageiros deste corpo celeste chamado Terra. Aproximemos um microscópio escolar desta parede e veremos dezenas de seres vivos vivendo em nosso habitat (e sem pagar aluguel), aumentemos a capacidade deste microscópio e poderemos ver moléculas, átomos, núcleos dos átomos e elétrons numa dança da vida que nossos limitados sentidos jamais poderiam supor existirem. Quanta pretensão nossa quando afirmamos que sabemos tudo sobre algo, que somos catedráticos, que somos formados nesta ou naquela instituição de renome (pseudo superioridade). Saibam que este que vos escreve não detém curso superior, não é bacharel, mestre ou doutor em qualquer instituição consagrada ou não pela sociedade; este autor incógnito, mesmo sem formação superior, sem títulos, assegura-lhes é imensamente feliz, uma felicidade intensa e ininterrupta (isto não é uma reclamação). Este estado de felicidade contamina cada um dos objetos que usa para escrever estes textos e estes objetos impregnados por este magnetismo, irradiam de volta tal vibração que permitem escrever neste cadinho identificado pelo autor como salutar, saudável, próprio para transferir para a linguagem escrita as ideias, sugestões, talvez até ensinamentos do ESQUEÇAM O AUTOR!
           Costuma ser assim em nossas vidas, colhemos aquilo que plantamos! Existe um pensamento corrente, em uma corrente religiosa que afirma que “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória!”, e outro que diz que “Quem semeia ventos colhe tempestades!”, e nós lembramos que não devemos imaginar que possamos semear urtigas e esperarmos colher rosas, a colheita será necessariamente urtigas, irritando aqueles que tiverem contato com nossa semeadura. Como já dissemos, o amanhã a Deus pertence, mas o amanhã depende do hoje e o hoje somos nós que fazemos através do nosso livre arbítrio; podemos semear urtigas ou rosas, mas não podemos reclamar por não sentirmos os perfumes das rosas daqueles que as semearam, adubaram, cuidaram para que crescessem fortes e cheirosas. Isto sempre é uma opção, uma filosofia de vida, independente de sermos ou não religiosos ou a que corrente religiosa pertençamos, isto é atitude, vontade de ser útil, compreender que a felicidade individual (que é um estado de espírito) será combatida pela infelicidade coletiva, pois o estado de espírito coletivo (que não vemos, mas que existe e nos influencia) é mais forte que o individual. Sei o quanto é difícil acreditar naquilo que não vemos, não conseguimos perceber pelos nossos sentidos, mas também não vemos a energia elétrica (vemos a sua ação na lâmpada, na geladeira, no microondas), esta – a energia elétrica é consequência do deslocamento dos elétrons que giram em torno do centro do átomo, e até onde sabemos raríssimos seres humanos já conseguiram ver os elétrons, estes só podem ser vistos por microscópios possantes, aqueles que ouvimos falar e que escasseiam por estes laboratórios científicos onde a maioria de nós nunca colocará os pés. Acreditamos na energia elétrica mesmo não a vendo, só percebendo sua ação; percebam também como reagimos quando estamos em ambientes diferentes, como somos influenciados pelo magnetismo predominante do ambiente, quantos de nós já não sentiu paz num templo religioso quando lá esteve quando ele estava vazio? Percebam nossa reação quando estamos numa longa fila e alguém começa a reclamar, logo vem outro, e outro e se não nos acautelarmos, não nos mantivermos serenos, em determinado momento passaremos a fazer coro de revolta pela demora da fila que até então não nos incomodava. Somos influenciados a todo o momento pelos ambientes que freqüentamos, e somos também os responsáveis pela qualidade do magnetismo que estes ambientes detém (lembram-se da semeadura?), podemos fazer a diferença, somos capazes de magnetizar nossos ambientes positivamente através de simples atos corriqueiros como um sorriso, um bom dia, um muito obrigado, um com licença. Acredito que a grande degradação da nossa vida em sociedade foi devido ao esquecimento, descumprimento destas atitudes civilizadas que regem o convívio das pessoas civilizadas de uma sociedade que procura viver dentro dos padrões de civilidade (lembram-se das matérias de OSPB – Organização Social e Política Brasileira e Educação Moral e Cívica que foram extintas das grades curriculares pelos idos dos anos 70?). O que não podemos esquecer é que tudo que existe no mundo material partiu do campo das idéias, pré-existiu lá e somente se for cultivado – no campo das idéias poderá existir aqui no nosso mundo das formas. Conversem com um ex alguma coisa, ex-fumante por exemplo, que importância dava ao cigarro e que importância dá agora ao cigarro, o cigarro é o mesmo, não mudou nada, o que mudou foi que o ex-fumante apagou de sua mente (o campo das idéias) a dependência do cigarro, o prazer de fumar (prazer sim, só quem fumou ou fuma pode saber o prazer que dá e é exatamente por isso que vicia). As opções são sempre nossas, se pensamos que o mundo é ruim, teremos o sol brilhando, fazendo crescer os vegetais, estimulando os pássaros a cantar, mas reclamaremos porque está muito quente; teremos a chuva regando nossas plantações, enchendo nossos lagos, levando o magnetismo negativo das nossas cidades, através do agente neutro e purificador que é a água, mas só veremos lama e enchentes da ação maldosa da chuva; como diz a banda Engenheiros do Havaí em uma de suas músicas “Somos quem podemos ser!”, e nós vos afirmamos que podemos ser muito mais do que somos, depende só de nós! Algum de nós, quando pequenos, tinha a certeza absoluta que seria o que é hoje? Algum de nós nasceu com títulos, não os herdados, aqueles de conquista pessoal? Poderíamos supor que dos anos 60, 70 para cá nossa sociedade desceria tanto nos conceitos de civilidade? Tudo isto é devido as nossas ações individuais boas ou más, que somadas tornam-se ações coletivas, e estas ações coletivas boas ou más permitem acontecer em nossa vida em sociedade este caos social (que ainda pode piorar muito se não estancarmos o processo de degradação que nos é imposto por aqueles que pouca ou nenhuma preocupação tem com o bem estar coletivo) ou a volta da vida em sociedade com civilidade, como se dizia naqueles anos passados “com moral e bons costumes” (aqui não está sendo um lamento saudosista, mas um apelo ao retorno daquilo de bom que foi esquecido), uma época em que as pessoas tinham vergonha de aparecer envolvidas em escândalos (hoje quase todos querem envolver-se em escândalos para ficarem famosos - Big Brother, engravidar propositalmente de famosos ou ricos, ser amante de Senador e depois ganhar muito dinheiro posando nua para uma revista, etc), afinal na sociedade que construímos nos últimos 40, 50 anos não mais nos preocupamos com o que somos, mas com o que temos, as aparências são mais importantes que o conteúdo, e como “quem vê cara não vê coração”, vai aqui uma frase de Rui Barbosa que dizia mais ou menos assim: “Não se deixem enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem!”, e nós vos dizemos que canalhas/pilantras vestem as melhores roupas, frequentam os melhores ambientes e falam da forma mais culta (cuidado para não confundir o todo com a parte, nem todos que vestem as melhores roupas, frequentam os melhores ambientes e falam da forma mais culta são canalhas/pilantras) que baixamos a guarda e deixamo-nos enganar pela falsa verdade que cabelos brancos, roupas bonitas, ambientes sofisticados e forma culta de falar não são próprias de canalhas/pilantras... Estes canalhas/pilantras, como definiu Rui Barbosa, só existem e sobrevivem no mundo das formas e aparências que todos os dias alimentamos com nossas ideias sempre voltadas para o exterior, deixando de lado o mundo abstrato, imaterial que pode e deve ser analisado com a atitude simples de questionar os conteúdos das falas bonitas e cultas, entendendo a verdadeira intenção daqueles que se apresentam para a coletividade. Lembrem-se, quando nos expomos publicamente, todos nós almejamos, pretendemos, queremos alguma coisa, e como não poderia ser diferente o Esqueçam o Autor! também quer. Analisem, questionem, entendam as verdadeiras intenções do Esqueçam o Autor! e se não gostarem ou concordarem, deixem de ler e tirem o Esqueçam o Autor! de suas mentes, pois ele é abstrato, imaterial, só existe e se fortalece porque vocês o alimentam cada vez que lembram ou falam dele.

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