sábado, 4 de dezembro de 2010

A Mídia e a Difusão do Preconceito

A cada dia que passa, nos encontramos na situação de testemunhas do preconceito linguístico. Isso, claro, se não somos nós mesmos alvos desse preconceito ou até mesmo responsáveis por ele. Mas não há novidade nisso. O preconceito linguístico é um problema da sociedade, enraizado no sistema de educação atual e na formação de nossos professores, isto já nos é sabido. Mas será que é só isso?
Esse trabalho para a cadeira de linguística possibilitou uma reflexão mais aprofundada a respeito do Preconceito Linguístico. Infelizmente foi muito fácil acharmos exemplos para postarmos no blog. Isso mostra como a ideia de que existe uma língua única e correta está enraizada em nossa sociedade. Podemos ver também que a mídia não ajuda. Pode-se ligar a televisão a qualquer hora do dia, e teremos um sem número de exemplos de estigmas sociais difundidos pelos programas, novelas e filmes exibidos naquele momento. Esse meio que poderia ser tão importante para amenizar o problema, acaba por reafirmar que existem "pessoas ignorantes" que "falam errado". O processo de conscientização sobre o problema que é o preconceito linguístico é lento, infelizmente. Mas em contraparte, bastam alguns minutos em frente à TV, por exemplo, para que o preconceito atinja centenas de pessoas. A mídia atualmente promove o preconceito, e o faz de forma desenfreada e inconsciente (esperemos). Essa difusão é tão grave quanto o preconceito em si, pois diminui as possibilidades da população adquirir consciência sobre o erro que comete.

Em seu programa de talk-show, Jô Soares, antes de entrevistar seus convidados, faz uma série de comentários e piadas sobre os considerados “erros de português” e ortografia, arrancando risadas do auditório. Em um longa-metragem americano, as personagens não nascidas nos EUA que falam inglês são, por seu sotaque, estigmatizados como não sendo capazes de falar uma língua que não a sua. Em um programa de rádio, o grupo de locutores do Pânico caçoa de ouvintes por possíveis erros do bom português, quando não criticam uns aos outros, tendo mesmo entre eles uma pessoa marcada pela ideia de falta de inteligência, Sabrina Sato.

O Preconceito Social e Linguístico só pode acabar quando todos percebermos a responsabilidade que temos para com ele. E essa responsabilidade somente chegará às pessoas através dos meios de comunicação, da mídia. É o papel de facilitar mudanças sociais que compõe a ideia da Comunicação Social, é esta a ferramenta. O problema não está no Jô Soares, no diretor de filme americano ou nos garotos do Pânico, e sim na forma como nós vemos uns aos outros e lidamos com as diferenças. Na minha opinião (que talvez expresse a opinião do blog) são os profissionais da educação e da comunicação de hoje que poderão colaborar para com o fim do preconceito amanhã.

Publicado no blog de Leandro Rodrigues em 29/11/2007

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