segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ressurreição das torres gêmeas???????


Os edifícios interferem na antiga paisagem de casario dos séculos 18 e 19. População já está se acostumando com o novo cenário. Fotos: Alcione Ferreira/DP/D.A Press

Duas torres incorporadas à cidade
Elas podem ser vistas de vários pontos, inclusive de Olinda, e viraram mais um cartão-postal


Elas estão fincadas na beira do Rio Capibaribe, no Cais de Santa Rita, em meio a uma arquitetura tipicamente europeia dos séculos 18 e 19.
A construção das modernas torres gêmeas da Moura Dubeux, o Píer Duarte Coelho e o Píer Maurício de Nassau, na área histórica da cidade, provocou muita polêmica e foi parar na Justiça (ver quadro). Hoje, imperiosas com seus 41 andares e 134 metros de altura, podem ser vistas de diferentes pontos da cidade e até de Olinda. Assim como as antigas torres gêmeas do World Trade Center (541 metros de altura), em Nova Iorque, derrubadas por terroristas em setembro de 2001, e do Edifício Burj Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, hoje o mais alto do mundo (818 metros de altura), o empreendimento já se consolidou na paisagem recifense, passando a ser mais um cartão-postal. Nas ruas, a população se espanta, admira. Para os proprietários dos apartamentos, uma vista de fazer inveja. Um presente.

Da varanda da sua casa, em Brasília Teimosa, de frente para a bacia do Pina, o carpinteiro naval Josemir do Nascimento, 40 anos, costuma apreciar a paisagem que viu se modificar. "Eu gosto de observar as torres ao fundo. Não sei como vai ficar a paisagem se forem construídos muitos prédios assim. Daqui a gente ainda enxerga o porto", revelou. Do outro lado do rio, da sacada do seu apartamento no 25º andar, do Píer Duarte Coelho, o desembargador Aquino Farias também desfruta da sua bela e privilegiada vista panorâmica que se descortina no horizonte, seja para o mar, o rio ou o comércio do centro. "A visão deste empreendimento foi o que mais pesou na hora da escolha", disse Farias.

Projeto - As "torres gêmeas" locais também podem ser vistas do Alto da Sé, em Olinda. A altura dos prédios se destaca numa área que tradicionalmente tem gabarito baixo. "É uma visão maravilhosa de toda a área do Porto do Recife e no meio de tudo, as torres", afirmou a comerciante Ana Beatriz Silva, 45 anos. Para a pesquisadora do Departamento do Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Urbano da UFPE, Virgínia Pontual,houve, no entanto, uma quebra na unidade padrão de ocupação. "A configuração urbanista relativa aos séculos 18 e 19 está perdida. O dano é irreversível", afirmou.

As duas torres são apenas o início de uma transformação na área, em função do projeto do Complexo Turístico Cultural Recife/Olinda, que se estenderá do Cais José Estelita até a área dos Coqueirais, em Olinda. A mesma construtora adquiriu em leilão a faixa do Cais Estelita voltada para o rio. "As torres anteciparam o projeto, confirmando o desejo do recifense de habitar o Recife Antigo. O bairro de São José era uma fronteira natural de urbanização, tanto pela estrutura disponível quanto por sua história, e sua dinamização é um sonho antigo", afirmou Marcos Dubeux. (Tânia Passos)

O passo a passo na Justiça

- Março de 2005 - Antes da obra, o Ministério Público Federal (MPF) moveu ação pública contra a Construtora Moura Dubeux, a Prefeitura do Recife e o Iphan

- Dezembro de 2007 - A Justiça Federal determina a demolição das torres

- Agosto de 2008 - O Tribunal Regional Federal (TRF), na 2ª instância, entendeu que os prédios estão fora do perímetro de tombamento e manteve licença

- Outubro de 2008 - O MPF entrou com dois recursos: um especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e um extraordinário no Supremo Tribunal Federal (STF), por entender que a construção numa área histórica fere o artigo 216 da Constituição, sobre a preservação do patrimônio. Os recursos não foram julgados

DIÁRIO DE PERNAMBUCO,VIDA URBANA,29/3/2009

Um comentário:

ED CAVALCANTE disse...

No começo eu tinha uma repulsa muito grande contra essas duas torres. Achava que destoava da paisagem alí do cais. Agora já me acostumei com a idéia. Elas estão incorporadas à paisagem do Recife.