sábado, 11 de abril de 2009

Mentiras




Quem disse que eu não viria hoje… mentiu! Cheguei tarde, mas cá estou! Quarta-feira é um dia ocupado, começa cedo e termina tarde, mas é um dia feliz, que acaba em (aula de) dança. E não é mentira!
Um novo mês começa e, curiosamente, homenageando a mentira, que detesto. Prefiro uma verdade que doa a uma mentira que me iluda, e não importa o tamanho dela. Para mim, meia verdade é uma mentira inteira e ponto final.
Mas reconheço que há mentiras necessárias, piedosas, aquelas que a gente diz por compaixão. As vinculadas a sexo, por exemplo, estão nessa vala. Ora, ora, como dizer “na lata” que o sujeito foi nada além de “meio mais ou menos”, que tem o pau pequeno demais, que a gente não sentiu nenhum prazer, que ele é um babaca, que o beijo dele não cola, que as preliminares são muito ruins, que o “finalmente” foi um tédio, que a gente ficou pensando nas contas a pagar enquanto rolava na cama com ele, que preferia não responder à pergunta “foi bom pra você?”, que ele é melhor como amigo do que como amante, que ele até é uma boa pessoa, mas é ruim de cama e que a broxada dele é algo insuportável quando a gente está ardendo de desejo? Nessas situações, não dá para encarar a verdade, porque no fundo, bem no fundo, a gente não quer magoar o outro. Então, respira e suspira, sorri com ternura, se veste e dá tchau com ares de quem vai voltar “um dia, quem sabe”. E tem aquele olhar inevitável de compadecida para fechar a cortina de um momento que a gente descartaria se antecipadamente pudesse saber como seria.
E as mentiras sussurradas ao ouvido e que a gente acredita, mesmo sabendo que passam longe da sinceridade? Ah, essas doem demais! No fundo, bem no fundo também, a gente sente que está entrando numa roubada, já detectou a falsidade, mas é confortável acreditar no que está ouvindo, e finge não perceber. Um dia, a verdade aparece. A gente se contorce de dor, vagueia entre as emoções e se magoa profundamente quando se confronta com aquilo que sabia, mas ignorou. Era tudo mentira, mas o esforço por acreditar no outro nublou o sexto sentido. No fundo, bem no fundo, a ilusão era uma intensa vontade de ser feliz, que não se realizou.
Escaldada de tantas mentiras, a gente entra numa concha e ali se protege de ilusões e mentiras. Busca se fortalecer e jura que nunca mais vai acreditar em ilusões. Fica de cara com a realidade e gargalha quando outra pessoa diz a mesma coisa que já ouviu e que era mentira. Então, não crê mais. E fica sozinha.

Vera Pinheiro

Um comentário:

Rubens Rodrigues disse...

Oi Bete!!!
Como faz tempo que não passo por aqui resolvi dar as caras e parece que tá bem melhor, né?

Curti o novo template do blog, tá bem mais "Quem lê, viaja" mesmo.

Por enquanto é só isso.
Abraço e até logo.