segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Como sobreviver à perda de um amor

O medo de chegar em casa um dia e ver que você tinha ido embora se transformou na dor da realidade, o que eu faço, se isso acontecer? Eu me perguntava. E o que faço agora que aconteceu?
Melba Colgrove

Compreendendo a perda
Avaliando a perda numa perspectiva mais ampla observamos que na natureza, a perda é elemento essencial da criação: quando a rosa se abre, perde-se o botão; quando a planta germina perde-se a semente; quando o dia começa, perde-se à noite. Em tudo, a perda dá lugar a uma nova criação (ou, mais exatamente, a uma recriação). O mesmo ocorrer na vida humana. É difícil pensar em algum ganho na vida que não traga junto uma perda. Estando isso bem claro, podemos examinar um tipo de perdas na vida.

Perdas óbvias:

Morte de uma pessoa querida
Fim de um relacionamento afetivo
Separação
Divorcio
Perda do emprego
Perda financeira
Ser roubado

Cada uma dessas perdas – imediatas ou cumulativas, repentinas ou eventuais, óbvias ou não – cria uma ferida emocional, uma agressão ao organismo.

Como a dor é sentida

Além do óbvio sentimento de dor, depressão e tristeza, há outras reações à perda, como:
Sensação de desamparo, medo, vazio, desespero, pessimismo, irritação, raiva, culpa, impaciência.
Perda de concentração, esperança, motivação, energia.
Alterações no apetite, no sono ou no desejo sexual.
Tendência a sentir mais cansaço, a cometer mais erros e a falar ou mover-se mais devagar.

Qualquer uma ou todas essas reações são esperadas durante ou após uma perda fazem parte do processo natural do corpo para se curar. Aceite essas reações, não lute contra elas.
Se você não teve uma perda óbvia, mas sente grande parte dessas reações, examine seu passado recente para ver se sofreu uma perda não tão óbvia – ou varias. Às vezes uma pequena perda desperta a lembranças de uma perda maior que não foi conscientizada na época.

Estágios de recuperação
A recuperação de uma perda ocorre em três estágios distintos que às vezes se sobrepõem. São eles:
Choque / negação / atordoamento
Medo / raiva / depressão
Compreensão / aceitação / mudança


O primeiro estágio de recuperação é de choque, negação, atordoamento:
Não conseguimos acreditar ou aceitar que tal coisa tenha acontecido conosco.
Em geral, as primeiras palavras após tomar conhecimento de uma perda são: “O quê” ou “Ah, não”.
A tendência é esquecer que houve uma perda e ficar pasmo toda vez que lembramos. (ocorre com mais frequência ao despertar.) isso acontece porque a proteção do corpo contra a dor intensa – o choque e o atordoamento está ativada.


Manhã.
Acordamos e nos aconchegamos.
Tarde.
Você telefona, precisa sair da cidade.
Noite.
Aeroporto, um adeus brutal.
Madrugada.
Meu Deus, meu Deus, meu Deus.
Manhã de luto.
Melba Colgrove



A segunda fase da recuperação é de medo / raiva / depressão:
O medo, raiva e depressão são emoções comumente ligadas a perda.



Sei que tínhamos de nos separar, mas logo hoje?
Sabia que ia sofrer muito,
Mas nunca pensei que fosse tanto.
O que faço agora, depois que você foi?

Bom, quando nada mais acontece,
O que é muito comum,
Sento num canto e choro até me anestesiar de dor.
Meu ser paralisado, inerte por um tempo.
Depois, penso na falta que sinto de você.

Depois, sinto...
Medo
Dor
Raiva
Solidão
Desolação.

Depois eu choro até a dor me anestesiar.
Melba Colgrove



E finalmente, vem a fase de compreender / aceitar / mudar.
Sobrevivemos, nosso corpo está a caminho da cura.
Nossa mente vê que é possível viver sem aquilo que foi perdido. Passamos a um novo capitulo de nossa vida.



Preciso conquistar a minha solidão.
Preciso ficar feliz comigo ou não terei nada para oferecer.
Duas metades não têm outra escolha
Senão se juntar e assim formar um inteiro.
Mas quando dois inteiros escolhem se contemplar...
Isso é lindo.
Isso é o amor.

Melba Colgrove

Em toda e qualquer perda, passamos pelas três fases de recuperação, e que cada estagio é necessário, natural e faz parte do processo de cura.
Quando alguém ou alguma coisa que amamos é afastada de nós ou nos rejeita, não tem jeito – é uma perda, seja qual for a causa.
Quanto maior a perda mais intensa será o sentimento em cada fase de recuperação e maior a demora para ir de uma fase para a seguinte.
Em pequenas perdas, as três fases de recuperação podem ser percorridas em minutos. Em grandes perdas, podem levar anos.


Obs: é importante saber que o processo de cura tem avanços e recuos.
O processo de cura e crescimento não se dá em linha reta, como muita gente pensa.

O processo parece mais com a trajetória de um raio, cheia de altos e baixos, avanços e recuos, grandes saltos e quedas profundas.
Tomar consciência disso e saiba que, se estiver “melhor” ou “pior” do que ontem (ou do que há cinco minutos), o processo de cura está se realizando.

Para refletir
Crescendo

VOCE é uma pessoa melhor por ter amado, você é uma pessoa mais rica, mais profunda, mais sábia por ter investido num relacionamento – apesar de ele ter acabado.
Você cuidou.
Você se envolveu.
Você aprendeu a investir no outro.

Você fez crescer o carinho e o amor mútuos.

Você foi o melhor dos amores,
Você foi o pior dos amores...
E, sem querer, me deixou dádivas preciosas:
Graças a você, tomei consciência da minha necessidade (ou desejo?) de
Compartilhar a vida com alguém especial.
Você me levou a reavaliar (eu estava precisando, mas não sabia!)
Meus padrões de comportamento, minha forma de me relacionar e tantos outros aspectos meus.
Mudei de atitudes e cresci.
Hoje, estou mais atenta para os outros.
Estou mais ligada aos meus próprios sentimentos.Às coisas e às pessoas – à vida.
E, claro, graças a você tenho
Poemas dispersos (uns lindos, outros horríveis)
Que não
Existiriam sem a nossa separação.
Por tudo isso, quero agradecer.
No meio de tanta lágrimas, tantas tristeza e dor, vem um pensamento que me faz sorrir de novo: EU AMEI.

Melba Colgrove

OBERVAÇÕES IMPORTANTES:

Se acha que precisa de ajuda, não hesite procure ajuda logo de um profissional imediatamente.
Se não souber quem procurar, disque para o CVV (Centro de Valorização a Vida).

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