quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Português: domine já as novas regras

FOLHA DE PERNAMBUCO, 25/1/2009


O ano começou com um decreto em vigor: o do acordo ortográfico. Até 2012, haverá o convívio com a dupla ortografia. Mas a professora de Português do Núcleo de Concursos Especial (Nuce), Fabiana Ferreira, aconselha: estude as novas regras desde já. Confira a entrevista concedida pela especialista à Folha dos Concursos e se prepare para as provas que estão por vir.
PRISCILA DOS SANTOS

Qual o objetivo do acordo ortográfico?
Ele veio para suprir os interesses políticos das nações, com o intuito de aproximar as línguas. O pensamento é que, assim, haja a perpetuação do português por mais tempo. Até parece que língua é escrita. Até parece que gramática é língua. Gramática não é língua, é um aspecto dela. Ninguém vai unificá-la porque ela perpassa a linguagem também. Isso tem que ser analisado e não foi.
Na sua opinião, quais os lados positivos e negativos dessa reforma?
Se pensarmos na maneira de escrever e de falar, houve mais vantagens do que desvantagens. A eliminação de acentos supérfluos foi interessante, pois assim as pessoas vão escrever mais de acordo com a norma culta. Cito a retirada dos acentos diferenciais em para (preposição) e para (verbo), de pelo (verbo) e pelo (substantivo). O uso do circunflexo na terceira pessoa do plural nos verbos crer, dar, ler e ver não tinha justificativa gramatical, eram exceções que agora se adequaram à regra. Agora, o que eu acho terrível, e não vou me cansar de falar sobre isso, é a extinção do trema e do agudo no “qu” e “gu”. Por quê? Partindo do pressuposto que um mesmo encontro entre uma consoante e uma vogal - que é o “qu” e o “gu” diante das letras “e” e “i” -, forma três sons completamente diferentes, eu preciso ter um acento diferencial para distinguir os timbres entre esses elementos. É um problema gravíssimo, principalmente para as gerações futuras, para os estrangeiros que vêm ao Brasil e para as pessoas que precisam ler em público e fazem isso sem ensaiar.
É possível as provas de concursos abordarem a reforma ortográfica como assunto?
Possível é. Já ficou avisado que, depois do dia 1° de janeiro deste ano, iria haver a concomitância das duas normas. Então, depende do edital. O conteúdo programático do concurso para gestor público do Estado saiu no ano passado e trazia consigo um elemento-chave para a nossa compreensão sobre o acordo ortográfico. Ele disse que qualquer que seja o assunto a ser modificado em data posterior à publicação do edital não faria parte do corpo da prova. Ele já amarrou ali e teve que fazer isso porque a prova vai ser agora em fevereiro. A rigor, se o edital não traz isso, não há a garantia das regras novas não caírem. O concurso deve trazer isso de maneira explícita.
Qual a recomendação para os concurseiros?
É preciso estudar as duas regras durante esse período de transição, no qual é possível a coabitação delas no mesmo espaço gramatical. Pode ser que o edital opte pela regra antiga, pode ser que opte pela nova. Então, temos que estar preparados para as duas situações. Logicamente, os editais sempre são claros, mas eu não vou adivinhar o que no futuro ele vai querer de mim.
Como agir na prova discursiva?
Eu percebo que muitas pessoas começam a escrever de acordo com a regra nova, depois dão uma relaxada e voltam à regra antiga. Isso não pode acontecer. Se existe hoje a vigência da duas, você tem que fazer a opção. Não necessita ser explícita porque o revisor da sua prova tem que estar preparado para se deparar com as duas formas. O que ele não vai admitir é a mistura. Imagine se no início do seu texto, você escreve “vôo”, com acento. Então, esse revisor de prova discursiva vai entender, a partir da primeira palavra que você escreveu, sua opção pela regra antiga. Daqui a pouco, por um costume que você já tinha, escreve “frequencia”, sem trema. O corretor vai cortar as duas palavras porque você misturou. O meu conselho é: “começou com a regra nova, findou com a regra nova. Começou com a regra velha, findou com a regra velha”.

2 comentários:

_-CinestudiO-_ disse...

só pra complicar!!!!!
não podia deixar tudo como estava?!
não se irrite professora! mas que língua pra dar trabalho!!
hehe
bj

Bete Meira disse...

Kkkkkkkkkkkkkkkk,claro que não me irrito. Sou apaixonada pela Língua portuguesa,mas concordo que a reforma veio pra complicar mais.Creio que o interesse financeiro está por trás de tudo!