quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Entrevistas reveladoras para “O Pasquim” reunidas em livro



FOLHA DE PERNAMBUCO, 03/02/2009

Apenas três artistas não autorizaram a republicação
Caetano Veloso é um dos mais citados no livro


SÃO PAULO (AE) - Para Tom Jobim, pior do que ser concorrente de um festival era participar como jurado. Só por isso ele inscreveu a nada popular “Sabiá” (parceria com Chico Buarque) no 3° Festival Internacional da Canção (FIC), em 1968, do qual saiu campeão sob uma chuva de vaias. Chico, por sua vez, disse que a peça “Roda Viva”, como texto, “não era nada”, só ganhou força na encenação. Moreira da Silva admite que comprou seu maior sucesso, “Na Subida do Morro”, de Geraldo Pereira. Falastrões e machistas como Waldick Soriano e Agnaldo Timóteo desciam o malho nos expoentes da “elite” musical, especialmente Caetano Veloso. Este declarava-se um músico inferior. Lupicínio Rodrigues e Martinho da Vila nem encaravam a música como atividade profissional de futuro.


Numa roda de jornalistas bem-humorados e provocadores, com boas doses de uísque, chope ou caipirinha e em clima de absoluta descontração, uma infinidade de gente soltou a língua para o jornal “O Pasquim”, rendendo pérolas reveladoras como as citadas acima. Dez dessas entrevistas com personalidades da música foram reunidas no livro “O Som do Pasquim” (Editora Desiderata, 277 páginas, 39,90 reais), que foi editado pela primeira vez em 1976 e dedicado a Lupicínio.


O responsável pelas duas edições é o jornalista Tárik de Souza, ex-integrante da equipe do jornal que se distinguia pelo estilo polêmico e irreverente e vendia 250 mil exemplares por semana. O novo livro tem as mesmas fotos e ilustrações de Nássara, melhor revisão de textos, mas três entrevistas a menos: Roberto Carlos, Maria Bethânia e Ângela Maria, que não autorizaram a republicação. Além dos citados no início deste texto, permanecem nesta edição Luiz Gonzaga e Raul Seixas.


Pode ser que, como Timóteo, os ausentes tenham se arrependido de algo que disseram. Roberto confessou que chegou a traçar uma(s) fã(s) e revelou quanto pagou de Imposto de Renda (IR) em 1970. Imagine se isso seria possível hoje. No novo prefácio do livro, Tárik lembra que, nos anos 70, não havia “as implacáveis barreiras entre os artistas e jornalistas, erguidas por marqueteiros, assessores de imprensa e incontáveis aspones”. Daí que o contato era direto e todo mundo se abria para o “Pasquim”, ainda mais depois de uns tragos. “E também não havia o politicamente correto, as pessoas podiam dizer as maiores barbaridades”, observa Tárik.


Timóteo liberou sua a entrevista, mas pediu para ser publicado um adendo, em que se desculpa com Caetano e Maria Alcina e reconhece que a história de Chico Buarque, Milton Nascimento e Tom Jobim “está acima de uma análise ignorante e preconceituosa de décadas atrás”, observa o cantor e político.


É curioso reler entrevistas feitas há quase 40 anos para entender como eram certas coisas no meio musical naquele período “Tem coisas antecipadoras”, diz Tárik. “Moreira da Silva canta uma música em que sonha com a ressurreição da Lapa, que naquela época era ultradecadente. Ninguém imaginava que a Lapa fosse ressurgir.”
Caetano também fala da “‘assintonia’ que havia entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos em relação à cultura”. A imagem do Brasil lá fora era aquela coisa de “macumba pra turista”. “Eles só foram descobrir o tropicalismo 30 anos depois “
Aliás, para o bem e para o mal, um dos temas que mais rendem entre os entrevistados reunidos no livro “O Som do Pasquim”, do jornalista Tárik de Souza, é Caetano Veloso. Se Tom Jobim deu nota 10 para ele, Lupicínio Rodrigues elogiou-o (“é ótimo compositor”), bem como Chico Buarque, sobre sua memória musical, e Luiz Gonzaga o agradeceu em forma de música, sobraram alfinetadas de Waldick Soriano (“como gente é bacana demais, como artista não é”), Moreira da Silva (“é um chato”) e Agnaldo Timóteo (“não tem voz e não pode cantar”).


Quando li que três artistas não autorizaram a republicação das entrevistas feitas há tanto tempo,pensei com meus botões: quem foram esses imbecis??? Isso porque se o fato já era de domínio público,dito por eles mesmos,livremente,por que impedir a republicação?A ironia está no fato de um deles ser meu xodó desde criança,nada mais nada menos que o Rei Roberto,kkkkkkkk. Também gosto de Bethânia e de Ângela Maria. E agora?kkkkkkkkk. Bom,retiro "imbecis" mas continuo pensando igual,kkkkkk

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